Notícias de jornal como procedimento metodológico para análise episódica (1985, 1995 e 2009) de enchentes do rio Poti em Teresina – Piauí
DOI:
https://doi.org/10.26848/rbgf.v14.2.p507-521Resumo
R E S U M O
O presente estudo tem como objetivo analisar, sob a utilização de notícias de jornal como procedimento metodológico, as enchentes do rio Poti na cidade de Teresina/Piauí, durante os episódios de 1985, 1995 e 2009. Metodologicamente, adotou-se: conhecimentos teóricos do Sistema Socioambiental Urbano; análise dos dados diários de chuva no período de 30 anos (1981 a 2010) manipulados pelo balanço hídrico climatológico; utilização de notícias de jornal (jornal O Dia e TV Cidade Verde); e, por fim, análise interpretativa. Dessa forma, em 1985 registrou-se o maior volume de precipitação naqueles últimos vinte anos, como expressa a capa do O Dia sobre a maior enchente dos últimos dez anos. No episódio de 1995, o Jornal O Dia destacou que após 20 dias consecutivos de chuvas o rio Poti ultrapassou em 6 metros a cota normal, em decorrência principalmente dos temporais à montante. Já no episódio de 2009, a imprensa local destacou que as chuvas são as maiores desde 2001 resultando no decreto de emergência na capital associado aos eventos pluviométricos intensos no período de janeiro a abril correspondendo a 87,7% do esperado para todo o ano. Destarte, o cruzamento de informações técnico-científicas e aquelas de notícias de jornal possibilitou compreender o processo de adensamento urbano, as dinâmicas das chuvas e como tal relação se comportou ao longo da faixa temporal, o que legitima uma série de construções e ressignificações da memória relacionando chuva, dinâmica do rio Poti e população ribeirinha.
Palavras-chave: Chuva, Rio, Jornal, Episódio, Desastre, Teresina.
Newspaper stories as a methodological procedure for episodic analysis (1985, 1995 and 2009) of the Poti river floods in Teresina – Piauí
A B S T R A C T
This study aims to analyze, in the use of newspaper reports as a methodological procedure, the flooding of the river Poti in the city of Teresina / Piauí, during episodes of 1985, 1995 and 2009. In terms of methodology was adopted: theoretical knowledge System Social-Environmental Urban; analysis of daily rainfall data in the 30-year period (1981-2010) handled by the climatic water balance; use of newspaper reports (newspaper O Dia and TV Cidade Verde); and finally, interpretative analysis. Thus, in 1985 it was the one that registered the highest volume of rainfall in those last twenty years, as expressed the cover of O Dia of the greatest flood of the past ten years. In episode 1995 Jornal O Dia pointed out that, after 20 consecutive days of rain the Poti river exceeded 6 meters in the normal quota, mainly due to the time upstream. Already in the episode, 2009 local media pointed out that rainfall is the highest since 2001 resulting in the emergency decree in the capital associated with intense rainfall events in the period from January to April corresponding to 87.7% of the expected full-year. Thus, the intersection of technical and scientific information and those of newspaper news possible to understand the urban densification process, the dynamics of rainfall and how this relationship behaved along the temporal range, which legitimizes a number of buildings and reinterpretation of memory relating rain, dynamics and Poti river local population.
Keywords: Rain, River, Newspaper, Episode, Disaster, Teresina.
Referências
Alexander, D., 2012. Models of Social Vulnerability to Disasters. RCCS Annual Review, 4, 22-40. DOI: https://doi.org/10.4000/rccsar.412
Almeida, A. C. L., 2014. Chuva, lamaçal e inundação no Rio de Janeiro do século XIX: entre a providência divina e o poder público. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. 8, 117-134.
Ameen, R. F. M.; Mourshed, M., 2017. Urban environmental challenges in developing countries—A stakeholder perspective. Habitat International, v. 64, 1-10. DOI: https://doi.org/10.1016/j.habitatint.2017.04.002
Andrade, C. S. P., 2016. Teresina e clima: indissociabilidades no estudo da cidade. Revista Equador, 5, 398-420.
Assunção, V. K., 2018. Memórias da enchente de 1974 e produção do espaço em Tubarão (SC). Mercator, 17, 1-16. DOI: https://doi.org/10.4215/rm2018.e17001
Avila, M. R. R.; Mattedi, M. A., 2017. Desastre e território: a produção da vulnerabilidade a desastres na cidade de Blumenau/SC. Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), 9, 187-202. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2175-3369.009.002.ao03
Bega, J. M. M.; Ribeiro, N. U. F.; Lima, C. G. R., 2019. Suscetibilidade a enchentes: estudo de caso na microbacia hidrográfica do Córrego da Onça em Três Lagoas – MS. Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 15, n. 3., 33-44. DOI: http://dx.doi.org/10.17271/1980082715320192189
Birkmann, J., 2013. Measuring vulnerability to natural hazards: Towards disaster resilient societies (second edition). United Nations University, Tokyo.
Chaves, S. V. V.; Andrade, C. S. P., 2017. A incidência dos desastres naturais em Teresina, Piauí e o perfil da população vulnerável às inundações. Caderno De Geografia (PUCMG. Impresso), 27, 159-188. DOI: https://doi.org/10.5752/p.2318-2962.2017v27nesp1p159
Chaves, S. V. V.; Tavares, A. C., 2015. As intensas precipitações em Teresina, Piauí e as inundações. Revista Equador, 4, 1.192-1.200.
Chaves, S. V. V.; Tavares, A. C.; Andrade, C. S. P., 2018. Vulnerabilidade às inundações em Teresina, Piauí e ações mitigadoras do poder público. Sociedade e Território, 29, 175-197. DOI: 10.21680/2177-8396.2017v29n2ID12533
Costa, A. J. S. T.; Conceição, R. S.; Amante, F. O., 2018. As enchentes urbanas e o crescimento da cidade do Rio de Janeiro: estudos em direção a uma cartografia das enchentes urbanas. Geo UERJ, 32, 1-25. DOI: https://doi.org/10.12957/geouerj.2018.25685
Dereczynski, C. P.; Calado, R. N.; Barros, A. B., 2017. Chuvas Extremas no Município do Rio de Janeiro: Histórico a partir do Século XIX. Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ, 40, 17-30. DOI: http://dx.doi.org/10.11137/2017_2_17_30
Feitosa, M. S. S.; Araujo, M. F. V., Moraes, B. C.; Carvalho, R. C. P. S., 2016. O método expedito como estratégia de avaliação qualitativa dos níveis de vulnerabilidade em ambientes da zona urbana de Teresina, Piauí. Revista Equador, 5, 500-517.
Feitosa, M. S. S.; Nóbrega, R. S., 2016. Vulnerabilidades socioambientais e risco de enchentes no rio Poti, Teresina, PI. Ariús: Revista de Ciências Humanas e Artes (UFCG), 22, 80-103.
Feitosa, M. S. S.; Nóbrega, R. S.; Coelho Júnior, J. M., 2016. Vulnerability environmental and flood risk in Rio Poti, Teresina, Brazil. Revista GEAMA, 5, 184-195.
Gonzalez, D.; Costa, A., 2016. Análise da percepção de risco e vulnerabilidade a partir dos alunos do ensino médio na vivência de Nova Friburgo RJ após desastre natural de 2011. Revista de Geografia e Ordenamento do Território, 9, 187-211. DOI: http://dx.doi.org/10.17127/got/2016.9.009
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE.
Jeong, S.; Yoon, D. K., 2018. Examining Vulnerability Factors to Natural Disasters with a Spatial Autoregressive Model: The Case of South Korea. Sustainability, 10, 1-13. DOI: 10.3390/su10051651
Lima, I. M. M. F., 2016. Teresina: o relevo, os rios e a cidade. Revista Equador, 5, 375-397.
Kuang, D.; Liao, K. H., 2020. Learning from Floods: Linking flood experience and flood resilience. Journal of Environmental Management, v. 271, 111. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2020.111025
Mendonça, F., 2004. Riscos, Vulnerabilidade e abordagem socioambiental urbana: uma reflexão a partir da RMC e de Curitiba. Desenvolvimento e Meio Ambiente, 10, p. 139-148.
Mendonça, F.; Danni-Oliveira, I. M., 2007. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos.
Monteiro, C. A. F., 1976. Teoria e clima urbano. São Paulo: USP.
Monteiro, C. A. F., 1987. Por um suporte teórico e prático para estimular estudos geográficos de clima urbano no Brasil. São Paulo: CETESB.
Monteiro, N. V. A.; Aguiar NETO, R. A.; Lima, J. W. S.; Paula, D. P., 2016. Identificação das áreas de risco a inundações e enchentes na cidade de Sobral-CE, Equador, 5, 1-21.
Nascimento, D. J. F.; Gomes, M. F. V. B., 2014. Desastres naturais veiculados pela mídia: análise de conteúdo das notícias do jornal diário de Guarapuava. R. Ra’e Ga, 32, 164-184. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v32i0.31436
Nunes, H. K. B.; Aquino, C. M. S., 2018a. A temática ambiental em áreas urbanas: o rio Poti como objeto de estudo em Teresina/Piauí. Geoambiente On-Line, 31, 38-59. DOI: https://doi.org/10.5216/revgeoamb.v0i31.47604
Nunes, H. K. B.; Aquino, C. M. S., 2018b. Vulnerabilidade ambiental dos setores censitários às margens do rio Poti no município de Teresina (Piauí). Revista Brasileira de Geografia Física, 11, 1941-1962. DOI: https://doi.org/10.26848/rbgf.v11.6.p1941-1962
Nunes, H. K. B.; Aquino, C. M. S., 2019. Vulnerabilidade social dos setores censitários às margens do rio Poti no município de Teresina/Piauí. Caminhos da Geografia (UFU. Online), 20, 326-341. DOI: https://doi.org/10.14393/RCG206941300
Nunes, H. K. B.; Silva, J. F. A.; Aquino, C. M. S., 2017. Aspectos geológicos e geomorfológicos da porção da Bacia Hidrográfica do Rio Poti em Teresina/Piauí: contribuições para o planejamento ambiental. Revista Equador, 6, 76-89.
Olímpio, J. L. S.; Zanella, M. E., 2017. Riscos naturais: conceitos, componentes e relações entre natureza e sociedade. R. Ra’e Ga, 40, 94-109. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/raega.v40i0.45870
Oliveira Filho, A. A.; Lima Neto, I. E., 2018. Modelagem da qualidade da água do rio Poti em Teresina (PI). Eng Sanit Ambient, 23, 3-14. DOI: 10.1590/S1413-41522017142354
PDDrU, 2012. Plano Diretor de Drenagem Urbana de Teresina. Semplan/Concremat: Teresina
Rocha, A. A., 2011. Sociedade & Natureza: a produção do espaço urbano em bacias hidrográficas. Vitória da Conquista: Edições UESB.
Santos, J. O.; Souza, M. J. N., 2014. Abordagem geoambiental aplicada à análise da vulnerabilidade e dos riscos em ambientes urbanos. Boletim Goiano de Geografia, 34, 215-232. DOI: https://doi.org/10.5216/bgg.v34i2.31730
Sena, J. P. O.; Lucena, D. B.; Moraes Neto, J. M., 2019. Eventos pluviais intensos e seus impactos em Campina Grande-PB. Revista de Geociências do Nordeste, 5, 69-77. DOI: https://doi.org/10.21680/2447-3359.2019v5n0ID17974
Sousa, M. S. S., 2014. Enchentes do rio Poti e vulnerabilidades socioambientais na cidade de Teresina-PI, 2014. 2017f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2014.
Souza, D. T.; Jacobi, P. R.; Wals, A. E. J., 2020. Overcoming socio-ecological vulnerability through community-based social learning: the case of Lomba do Pinheiro in Porto Alegre, Brazil. Local Environment, v. 25, 1-23. DOI: https://doi.org/10.1080/13549839.2020.1714569
Suertegaray, D. M. A., 2015. Geografia, Ambiente e Território. Revista da Casa da Geografia de Sobral (RCGS), 17, 128-144.
Tavares, J. P. N., 2014. Características da climatologia de Macapá-AP. Caminhos de Geografia, 15, 138-151.
TERESINA. Legislação urbana de Teresina. Lei N° 2.264, Lei N° 2.265, Lei N° 2.266, Diário Oficial do Município de Teresina, 1993.
Tominaga, L. K.; Santoro, J.; Amaral, R. (Orgs.), 2009. Desastres naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico.
Tucci, C. E. M., 2016. Regulamentação da drenagem urbana no Brasil. Revista de Gestão de Água da América Latina, v. 13, 29-42. DOI: 10.21168/rega.v13n1.p29-42
Wollmann, C. A., 2015. Revisão teórico-conceitual do estudo das enchentes nas linhas de pesquisa da geografia física. Revista Eletrônica Geoaraguaia, 5, 27-45.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Maria Suzete Sousa Feitosa, Jonas Alves da Silva Neto, Hikaro Kayo de Brito Nunes

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista Brasileira de Geografia Física concordam com os seguintes termos:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (exemplo: depositar em repositório institucional ou publicar como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão para disponibilizar seu trabalho online antes ou durante o processo editorial, em redes sociais acadêmicas, repositórios digitais ou servidores de preprints. Após a publicação na Revista Brasileira de Geografia Física, os autores se comprometem a atualizar as versões preprint ou pós-print do autor, nas plataformas onde foram originalmente disponibilizadas, informando o link para a versão final publicada e outras informações relevantes, com o reconhecimento da autoria e da publicação inicial nesta revista.
Qualquer usuário tem direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.