Aptidão climática do Estado do Piauí ao cultivo de mandioca
DOI:
https://doi.org/10.29150/2237-2202.2021.252179Keywords:
Manihot esculenta, balanço hídrico, índice de umidade.Abstract
O cultivo da mandioca é de grande importância socioeconômica para o Estado do Piauí, sendo considerada como a principal fonte de carboidratos para as camadas mais necessitadas da população e fonte de renda para a agricultura de subsistência do Estado. O Estado do Piauí, está localizado numa área de transição entre as regiões da Pré-Amazônia Úmida e o Nordeste Semiárido, é dividido em quatro mesorregiões, onde está cultura possui grande importância, sendo cultivada em quase todo o Estado. Diante disso, objetivou-se com o presente trabalho identificar as áreas de aptidão climática para a cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz) no Estado do Piauí, em dois períodos distintos: o primeiro de 1980 a2002 e o segundo de 2003a 2018, além de verificar se ocorreu alguma modificação na distribuição espacial de regiões aptas ao cultivo desta cultura nas mesorregiões do Estado. Foram utilizados os dados da National Aeronautics and Space Administration (NASA/POWER). Foi realizado o cálculo da evapotranspiração e do Balanço Hídrico Climatológico, com os quais obteve-se o índice efetivo de umidade (Im), que foi interpolado utilizando o método IDW (inverso da potência da distância) pelo software QGIS 3.6.2. O Im foi utilizado como critério para a definição de zonas aptas climaticamente ao cultivo da cultura, pois sintetiza as exigências da cultura quanto à disponibilidade hídrica da região. Os resultados apontam que ocorreu redução nos índices de umidade no segundo período analisado e, com isso, houve mudança entre as áreas de aptidão, ocorrendo redução no Estado. Portanto, observou-se que o Estado possui aptidão para a cultura da mandioca apresentando, entretanto, um aumento na extensão das zonas de aptidão moderada por déficit hídrico, em decorrência da redução no índice de umidade.
References
Abreu, M.L.; Bicudo, S.J.; Brachtvogel, E.L.; Curcelli, F.; Aguiar, E.B. 2008. Interação genótipo ambiente na cultura da mandioca. Revista Raízes e Amidos Tropicais, v. 4, p. 43-53.
Andrade Júnior, A.S.; Bastos, E.A.; Barros, A.H.C.; Silva, C.O.; Gomes, A.A.N. 2005. Classificação climática e regionalização do semiárido do Estado do Piauí sob cenários pluviométricos distintos. Revista Ciência Agronômica, v. 36, n. 2, p. 143-151.
Andrade Júnior, A.S.; Bastos, E.A.; Silva, C.O 2009. Zoneamento de Aptidão Climática para a Videira Europeia no Estado do Piauí. Teresina: Embrapa Meio-norte, 29p.
Angelotti, F.; Fernandes Júnior, P.I.; Sá, I.B. 2011. Mudanças Climáticas no Semiárido Brasileiro: Medidas de Mitigação e Adaptação. Revista Brasileira de Geografia Física, v.4, n.6, p. 1097-1111.
Assad, E.D.; Pinto, H.S. 2008. Aquecimento Global e a nova Geografia da Produção agrícola no Brasil. São Paulo: Embrapa Agropecuária – CEPAGRI/UNICAMP. 84p.
Assad, M.L.L.; Sans, L.M.A.; Assad, E.D.; Zullo JR., J. 2001. Relação entre água retida e conteúdo de areia total em solos brasileiros. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v.9, n.3, p.588-596.
Cerada, M.P. Cultivo de mandioca. Viçosa-MG, CPT, 2008. 206p.
Dantas, A.A.A.; Carvalho, L.G.; Ferreira, E. 2007. Classificação e tendências climáticas em Lavras, MG. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 31, n. 6, p. 1862-1866.
EMBRAPA. 2019. Cultivo da Mandioca para o Estado do Pará. Disponível em: https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mandioca/mandioca_para/importancia.htm. Acesso em: 25 de junho de 2019.
FAOSTAT - Food and Agriculture Organization of the United Nations. 2016. Disponível em: http://faostat.fao.org/site/339/ default.aspx. 25 Jan. 2019.
Ferreira, A.G.; Mello, N.G.S. 2005. Principais sistemas atmosféricos atuantes sobre a região nordeste do brasil e a influência dos oceanos pacífico e atlântico no clima da região. Revista Brasileira de Climatologia, v. 1, n.1, 2005.
Francisco, P.R.M.; Pereira, F.C.; Brandão, Z.N.; Zonta, J.H.; Santos, D.; Silva, J.V.N. 2015. Mapeamento da aptidão edáfica para fruticultura segundo o zoneamento agropecuário do Estado da Paraíba. Revista Brasileira de Geografia Física, vol.08, n.02, p. 377-390.
Gabriel, L. F.; Streck, N. A.; Uhlmann, L. O.; Silva, M. R.; Silva, S. D. 2014. Mudança climática e seus efeitos na cultura da mandioca. Revista Brasileira de Engenharia Agricola e Ambiental-Agriambi, v. 18, n. 1.
Gabriel, L.F.; Streck, N.A.; Uhlmann, L.O.; Silva, M.R.; Silva, S.D. 2014. Mudança climática e seus efeitos na cultura da mandioca. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 18, n.1, p.90-98.
Governo do Estado do Piauí. Lei Complementar nº 87, de 22 de agosto de 2007. Estabelece o Planejamento Participativo Territorial para o Desenvolvimento Sustentável do Estado do Piauí e dá outras providências.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 2011. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE.
Jarvis, A.; Ramirez-Villegas, J.; Campo, B.V.H.; Navarro-Racines, C. 2012. Is cassava the answer to African climate change adaptation?. Tropical Plant Biology, v. 5, n. 1, p. 9-29.
Lucena, L.R.R.; Stosic, T. 2013. Temperatura do nordeste brasileiro via análise de lacunaridade. Sigmae, v.2, n.3, p. 76-80.
Marengo, J.A. Água e mudanças climáticas. Estudos avançados, v. 22, n. 63, p.83-96, 2008.
Marengo, J.A.; Valverde, M.C. 2007. Caracterização do clima no Século XX e Cenário de Mudanças de clima para o Brasil no Século XXI usando os modelos do IPCC-AR4. Multiciência, n. 8, p. 5-28.
Marin, F.; Nassif, D.S.P. 2013. Mudanças climáticas e a cana-de-açúcar no Brasil: Fisiologia, conjuntura e cenário futuro. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 17, n. 2, p.232–239.
Martins, E.S.P.R.; Vasconcelos Júnior, F.C. 2017. O clima da Região Nordeste entre 2009 e 2017: monitoramento e previsão. Parcerias Estratégicas, Brasília-DF, v. 22, n. 44, p. 63-80.
Medeiros, R.M. 1996. Isoietas médias mensais e anuais do Estado do Piauí. Teresina: Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Irrigação - Departamento de Hidrometeorologia, 24p.
Moeletsi, M. E.; Walker, S. 2012. Evaluation of NASA satellite and modelled temperature data for simulating maize water requirement satisfaction index in the Free State Province of South Africa. Physics and Chemistry of the Earth, Parts A/B/C, v. 50, p. 157-164.
Monteiro, L. A., Sentelhas, P. C.; Pedra, G. U. 2018. Assessment of NASA/POWER satellite‐based weather system for Brazilian conditions and its impact on sugarcane yield simulation. International Journal of Climatology, v. 38, n. 3, p. 1571-1581.
Nhassico, D.; Muquingue, H.; Cliff, J.; Cumbana, A.; Bradbury, J. H. 2008. Rising African cassava production, diseases due to high cyanide intake and control measures. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.88, p.2043-2049.
Nóbrega, R.S.; Santiago, G.A.C.F. 2016. Tendências do controle climático oceânico sob a variabilidade temporal da precipitação no Nordeste do Brasil. Revista de Geografía Norte Grande, 63, p. 9-26.
Nys, E.; Engle, N.L.; Magalhães, A.L. 2016. Secas no Brasil: política e gestão proativas. Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos- CGEE; Banco Mundial. 292 p.
Pinker, R.; T. I. Laszlo. 1992. Modeling surface solar irradiance for satellite applications on a global escale. Journal of Applied Meteorology. v. 31, p. 194-201.
Possas, J.M.C.; Correa, M.M.; Moura, G.B.A.; Lopes, P.M.O.; Caldas, A.M.; Fontes Júnior, R.V.P. 2012. Zoneamento agroclimático para a cultura do pinhão-manso no Estado de Pernambuco. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 16, n.9, p. 993-998.
QGIS Development Team. Quantum GIS Software, Version 2.8.3. 2015. Disponível em: <https://qgis.osgeo.org>.
Ramalho, M.F.J.L. 2013. A fragilidade ambiental do Nordeste brasileiro: o clima semiárido e as imprevisões das grandes estiagens. Sociedade e Território, Natal, v. 25, nº 2, Edição especial, p. 104-115.
Rosenthal, D. M.; Ort, D. R. 2012. Examining cassava’s potential to enhance food security under climate change. Tropical Plant Biology, v. 5, n. 1, p. 30-38.
Rufino, I.A.A.; Silva, S.T. 2017. Análise das relações entre dinâmica populacional, clima e vetores de mudança no semiárido brasileiro: uma abordagem metodológica. Boletim de Ciências Geodésicas, v.23, n. 1, p. 166-181.
Sentelhas, P. C.; Santos, D. L.; Machado, R. E. 2008. Water deficit and water surplus maps for Brazil, based on FAO Penman-Monteith potential evapotranspiration. Ambiente & Água, v.3, p.29-42.
Silva Filho, L.A. Piauí: uma política de desenvolvimento. Recife: Comunigraf Editora, 2010.
Silva, S.C.; Assad, E.D.; Lobato, E.J.V.; Sano, E.E.; Steinmetz, S. Bezerra, H.S.; Cunha, M.A.C.; Silva, F.A.M. 1995. Zoneamento agroclimático para o arroz de sequeiro no Estado de Goiás. Brasília: EMBRAPA/CNPAF/CPAC, 80p.
Stackhouse, P. W., JR. 2010. Prediction of worldwide energy resources. Available at http://power.larc.nasa.gov/ (verified 25 May 2011). NASA, Washington, DC
Thornthwaite, C. W. 1948. An approach toward a rational classification of climate. Geographical Review, v.38, p.55-94.
Thornthwaite, C. W.; Mather, J. R. 1955. The water balance. Centerton: Drexel Institute of Technology - Laboratory of Climatology. 104p. Publications in Climatology, v.8, n.1.
White, J. W.; Hoogenboom, G.; Wilkens, P. W.; Stackhouse, P. W.; Hoel, J. M. 2011. Evaluation of satellite-based, modeled-derived daily solar radiation data for the continental United States. Agronomy journal, v. 103, n. 4, p. 1242-1251.