As tensões eurocêntricas no pensamento de Mariátegui e os dilemas da constituição do marxismo na América Latina
DOI:
https://doi.org/10.51359/2179-7501.2017.15220Resumo
Este artigo apresenta as tensões eurocêntricas da interpretação marxista de Mariátegui acerca da formação da sociedade peruana. Por tensões eurocêntricas entende-se o processo de simultânea crítica e reiteração do paradigma eurocêntrico. Por um lado, Mariátegui contribuiria para a crítica ao eurocentrismo a partir de duas vias. Ao apontar como a relação entre capitalismo e colonialismo suscitou a articulação entre diferentes formas de propriedade privada e organização do trabalho em fundação da acumulação capitalista, recusando uma pretensa validade universal das etapas de desenvolvimento histórico europeu para compreensão da realidade latino-americana. Também contribuiu a partir da proposição da centralidade do papel das populações indígenas no processo de construção de um socialismo indo-americano. Por outro lado, a reiteração do eurocentrismo esteve relacionada com a hierarquia cultural estabelecida entre europeus e não europeus em sua compreensão das relações raciais na América Latina, destacadamente no que concerne das pessoas de origem africana e asiática.
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