As mães de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, em Sergipe, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.51359/2525-5223.2022.243134Palavras-chave:
Zika Vírus, saúde, mulheres, políticas públicasResumo
O texto traz à pauta aspectos sociais que marcam a geração de famílias atingidas pela Síndrome Congênita do Zika Vírus, no Estado de Sergipe, considerando o surto que ocorreu no Nordeste brasileiro a partir de 2015, quando foi identificado aumento dos casos de crianças nascidas com microcefalia. O artigo objetiva interpretar a percepção de mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV), atendidas em dois centros de reabilitação de Sergipe. Usamos como metodologia, entrevistas realizadas através de grupos focais com as mães. As interlocutoras responderam questões sobre a saúde funcional das crianças, políticas de assistência existentes, direitos sociais, papeis de gênero e famílias. As mães relataram dificuldades para acessar às políticas públicas, especialmente, às de reabilitação e de assistência social voltadas tanto às crianças, como aos cuidadores/as. Os cuidados referentes às crianças ficaram sob a responsabilidade das mulheres, sendo estas muitas vezes rejeitadas ou abandonadas por seus companheiros.
Referências
AGAMBEN, G. & MELVILLE, H. 2008.Bartleby escrita da potência: Bartleby, ou da contingência seguido de Bartleby, o escrivão de Herman Melville. Lisboa: Assírio & Alvim.
ALVES, P. & MINAYO, M. C.1994. Saúde e doença: um olhar antropológico. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
ALVES, R. & FLEISCHER, S. 2018. “‘O que adianta conhecer muita gente e no fim das contas estar sempre só?’ Desafios da maternidade em tempos de Sín-drome Congênita do Zika Vírus”. Revista Anthropológicas 29(2):6-27.
ALVES, Raquel Lustosa da Costa. 2018. “A day with Josi: a photoetnography of care and fatigue”. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, 22(66):975-980.
BADINTER, E. 1985. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
BRASIL, Patrícia et al. 2016. “Zika virus infection in pregnant women in Rio de Janeiro”. New England Journal of Medicine, 375(24):2321-2334.
BRASIL. 1990. “Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990”. Dispõe sobre as con-dições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial União Seção 1:18055.
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. 2017. “Vírus Zika no Brasil: a resposta do SUS”.
BRASIL. Ministério da Saúde. 2015. “Portaria GM nº 1.813, de 11 de novembro de 2015”. Declara Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN) por alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil. Diário Oficial União. Edição 191. Seção 1: 55
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 2016a. “A estimu-lação precoce na Atenção Básica: guia para abordagem do desenvolvimento neuropsicomotor pelas equipes de Atenção Básica, Saúde da Família e Nú-cleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), no contexto da síndrome congênita por zika.”
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 2016b. “Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvi-mento neuropsicomotor decorrente de microcefalia”.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 2016c. “Protocolo de atenção à saúde e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à in-fecção pelo vírus zika.”
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 2019a. “Bole-tim Epidemiológico 08 - Ministério da Saúde. Monitoramento integrado de alterações no crescimento e desenvolvimento relacionados à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas, até a Semana Epidemiológica 52 de 2018”. Volume 50, Mar. (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/marco/22/2019-001.pdf; acesso em 10/05/19).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 2019b. “Boletim Epidemiológico 13 - Ministério da Saúde. Monitoramento dos casos de arbovi-roses urbanas transmitidas pelo Aedes (dengue, chikungunya e Zika) até a Se-mana Epidemiológica 12 de 2019 e Levantamento Rápido de de Índices para Aedes aegypti (LIRAa)”. Volume 50, Abr. (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/abril/30/2019-013-Monitoramento-dos-casos-de-arbovi-roses-urbanas-transmitidas-pelo-Aedes-publicacao.pdf; acesso em 10/05/19).
CARNEIRO, R. & FLEISCHER, S. 2018. “‘Eu não esperava por isso. Foi um sus-to’: conceber, gestar e parir em tempos de Zika à luz das mulheres de Recife, PE, Brasil”. Interface, 22(66):709-719.
CARVALHO, Layla. 2017. “Vírus Zika e direitos reprodutivos: entre as políticas transnacionais, as nacionais e as ações locais”. Cadernos de Gênero e Diversida-de, 3(2):134-157.
CAVALCANTE, Adeilson. 2017. “Apresentação”. In Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vírus Zika no Brasil: a resposta do SUS [recurso eletrônico]. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde.
CUGOLA, Fernanda et al. 2016. “The Brazilian Zika virus strain causes birth de-fects in experimental models.” Nature. 534(7606):267-271.
DINIZ, Débora. 2016a. “Zika virus and women”.Cadernos de saúde pública,32(5) e00046316.(https://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00046316; acesso em: 08/05/19).
DINIZ, Débora. 2016b. Zika: Do sertão nordestino à ameaça global. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira.
DINIZ, D. & BRITO, L. 2016. “Epidemia provocada pelo vírus Zika: informação e conhecimento.” RECIIS – Rev Eletron Comun Inf Inov Saúde, 10(2):1-5.
ESTRELLA, E. 1985. “A contribuição da antropologia à pesquisa em saúde”. In DIAS, E. & GARCIA, J. C. (eds): As ciências sociais em saúde na América Latina, pp. 159-173. Washington: OPAS.
FLEISCHER, Soraya. 2017. “Segurar, caminhar e falar: notas etnográficas sobre a experiência de uma ‘mãe de micro’ no Recife/PE”.Cadernos de Gênero e Diver-sidade, 3(2):93-112.
GATTI, Bernardete. 2005. Grupo focal na pesquisa em ciências sociais e humanas. Gru-po focal na pesquisa em ciências sociais e humanas. Brasília: Líber Livro Editora.
HARRIS, Susan R. 2013. “Congenital idiopathic microcephaly in an infant: con-gruence of head size with developmental motor delay.” Developmental neuro-rehabilitation, 16(2):129-132.
LI, Cui et al. 2016. “Zika virus disrupts neural progenitor development and leads to microcephaly in mice.” Cell stem cell, 19(1):120-126.
LIMA, Bruno. 2015. “Governo vai oferecer reabilitação para crianças com micro-cefalia até os 3 anos de idade”. R7, Brasília, 14/12/2015. (https://noticias.r7.com/saude/governo-vai-oferecer-reabilitacao-para-criancas-com-microce-falia-ate-os-3-anos-de-idade-14122015; acesso em 26/05/19).
LUM, Fok-Moon et al. 2017. “Zika virus infects human fetal brain microglia and induces inflammation.” Clinical Infectious Diseases, 64(7):914-920.
MAUSS, Marcel. 2003. “As técnicas do corpo”. In MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia, pp. 399-442. São Paulo: Cosac Naify.
MINAYO, Maria Cecília. 1998. “Construção da identidade da antropolo-gia na área de saúde: o caso brasileiro”. In ALVES, P. & RABELO, M. (ed.):Antropologia da saúde: traçando identidade e explorando fronteiras, pp. 29-46. Rio de Janeiro: Relume Dumará.
MINAYO, Maria Cecília. 2006. “Contribuições da antropologia para pensar e fazer saúde”. In CAMPOS, G. et al. (eds.): Tratado de saúde coletiva, pp. 201-230. São Paulo: Hucitec.
MINER, Jonathan et al. 2016. “Zika virus infection during pregnancy in mice cau-ses placental damage and fetal demise.” Cell, 165(5):1081-1091.
PEREIRA, Pedro. 2015. “Antropologia da Saúde: um lugar para as abordagens antropológicas à doença e à saúde”.Revista de Antropología Experimental, 15:23-46
PINHEIRO, D. & LONGHI, M. 2017. “Maternidade como missão! A trajetória militante de uma mãe de bebê com microcefalia em PE”.Cadernos de Gênero e Diversidade, 3(2):113-132.
PORTO, R. & COSTA, P. 2017a. “O corpo marcado: a construção do discurso midiático sobre Zika vírus e microcefalia”.Cadernos de Gênero e Diversidade, 3(2):158-191.
PORTO, R. & COSTA, P. 2017b. “Zika Vírus e Síndromes Neurológicas Congê-nitas: Contribuições do/para o Campo de Estudos de Gênero”.Cadernos de Gênero e Diversidade, 3(2):70-72.
SANTOS, S., COSTA, P. & SOLIVA, T. 2022. “Maternidades ameaçadas: um es-tudo com mulheres diagnosticadas por Zika vírus, no semiárido sergipano”. In OLIVEIRA, E. (ed.): Diálogos contemporâneos sobre corpo(s), sujeito(s) e saúde: perspectivas cruzadas, pp.: Salvador: Segundo Selo.
SILVA, A. C., MATOS, S. & QUADROS, M. 2017. “Economia política do Zika: realçando relações entre Estado e cidadão”. Revista Anthropológicas, 28(1):223-246.
SCOTT, Russell Parry et al. 2017. “A epidemia de Zika e as articulações das mães num campo tensionado entre feminismo, deficiência e cuidados”.Cadernos de Gênero e Diversidade, 3(2):73-92.
SCOTT, Russell Parry et al. 2018. “Itinerários terapêuticos, cuidados e atendi-mento na construção de ideias sobre maternidade e infância no contexto da Zika”. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, 22: 673-684.
SCOTT, R. & LIRA, L. 2020. “A gestão de tempo no tempo de emergência: o co-tidiano de mães e crianças afetados pelo Síndrome Congênita do Zika”. Ayé: Revista de Antropologia, 2:14-29.
SERGIPE. Secretaria de Estado da Saúde. 2018. “MNSL é porta aberta por 24h para vítimas de violência sexual”. (https://www.saude.se.gov.br/?p=24180; acesso em 12/05/19).
TANG, Hengli et al. 2016. “Zika virus infects human cortical neural progenitors and attenuates their growth.” Cell stem cell, 18(5):587-590
WORLD HEALTH ORGANIZATION.2001. “International Classification of Functioning, Disability and Health: ICF”. World Health Organization.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais para textos publicados na Revista ANTHROPOLÓGICAS são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista.
Authors retain the copyright and full publishing rights without restrictions.