Titulo:

Paisagem das Águas: Território Indígena Mendonça.

Titulo espanhol:

Paisajes Del Agua: Territorio Indígena De Mendonça.

Sinopse:

O ensaio apresenta a paisagem das águas do Território Mendonça, conformada por presenças e ausências de águas, que imprimem no ambiente texturas da sazonalidade do bioma Caatinga, lugar de habitação do povo indígena Mendonça Potiguara no semiárido do Estado do Rio Grande do Norte. A partir da perspectiva de Ingold sobre a paisagem (INGOLD, 1993; 2000; JANOWSKI & INGOLD, 2012; CARDOSO & MORDERCIN, 2012; CARDOSO BAILAO, 2016), as fotografias produzidas com a câmera do telefone celular resultam de caminhadas realizadas durante trabalho de campo de cunho etnográfico entre os meses de fevereiro e agosto do ano de 2021. Colocar-se em movimento ao longo de caminhos (INGOLD, 2015) que experienciaram o acesso à água nas seis comunidades que formam o povo Mendonça, foi o recurso metodológico privilegiado para realização da pesquisa, considerando à adoção de medidas de segurança durante a pandemia do Covid-19.

O Território Mendonça, localiza-se na zona rural dos municípios de João Câmara e Jardim de Angicos no Agreste Potiguar, formado pelas comunidades de Amarelão, Assentamento Santa Terezinha, Assentamento Marajó, Açucena, Cachoeira e Serrote São Bento, totaliza cerca de 900 famílias que se autorreconhecem como Mendonça Potiguara. A falta de acesso à água é um problema histórico e emergente, acentuado pelo aceleramento das mudanças climáticas que impactam a periodicidade das chuvas, além da falta de políticas públicas efetivas de enfrentamento às secas prolongadas, abastecimento e distribuição de água potável.

Os Mendonça não dispõem de água encanada. O acesso à água para consumo humano é realizado de forma emergencial pela Operação Carro Pipa, operacionalizada pelo Exército Brasileiro, e de forma complementar articulado com as prefeituras locais. A compra de botijões e cargas de água não é acessível a todos devido ao alto custo. Os poucos poços artesianos em funcionamento, fornecem água salobra impactando o cultivo de alimentos e criação de animais. Apenas duas das seis comunidades detêm dessalinizadores para produção de água doce, restrita a 20 litros por pessoa/dia, quantidade insuficiente para atender as demandas cotidianas das famílias que tem como principal atividade socioeconômica o beneficiamento da castanha de caju.

Entre as estratégias locais, percebe-se o uso histórico das águas de açudes, barragens, cacimbas, lajes e tanques de pedra, por meio de conhecimentos territoriais e práticas de uso e gestão da água. Ao tempo que lideranças promovem ações coletivas para manutenção, construção e aquisição de tecnologias para coleta, armazenamento e dessalinização das águas de forma emergencial, ao passo que lutam por um sistema de abastecimento efetivo, com a finalidade de garantir ao povo Mendonça o direito à água para a manutenção da vida no território tradicionalmente ocupado.

Nesse sentido, o objetivo é reflexionar através da paisagem das águas os limites, desafios e potencialidades do modo de vida do povo Mendonça, em um contexto de convivência com o semiárido e violação dos direitos indígenas. Considerando que o Rio Grande do Norte é o único estado brasileiro que não detém terras indígenas homologadas, situação político-jurídica que aprofunda desigualdades sociais pela falta de efetivação de políticas públicas para manutenção e fortalecimento das formas de vida locais.

As dez fotografias são um caminho pelo Território Mendonça, que inicia na paisagem de ausências de águas, lugares alterados pela sazonalidade do inverno que corresponde ao período de chuvas e o verão caracterizado pela estiagem e secas prolongadas. No entanto, nos últimos anos com o aceleramento das mudanças climáticas, os Mendonça reclamam que as chuvas não tem sido suficientes para encher os reservatórios, prologando a ausência de vida ao redor de açudes e barragens que concentram além de água, diversidade de peixes, animais para caça e plantas.

Neste caminho, seguimos para os açudes que mantêm baixos níveis de água, mas ainda assim, são lugares de referência para criação de animais (gado, cabras e ovelhas), onde a água é retirada para saciar a sede de animais, regar plantas e para o uso doméstico. Por fim, as tecnologias sociais de armazenamento de água, representadas pelas cisternas domésticas construídas por diferentes etapas do Programa Um Milhão de Cisternas, poços artesianos perfurados por associações, projetos de reforma agrária e governos locais e o abastecimento emergencial pelo por carro-pipa.

Sinopsis:

El ensayo presenta el paisaje de las aguas del Territorio Mendonça, formado por presencias y ausencias de agua, que imprimen texturas en el ambiente de la estacionalidad del bioma Caatinga, lugar de habitación del pueblo indígena Mendonça Potiguara en la región semiárida del Estado de Rio Grande do Norte. Desde la perspectiva de Ingold sobre el paisaje (INGOLD, 1993; 2000; JANOWSKI & INGOLD, 2012; CARDOSO & MORDERCIN, 2012; CARDOSO BAILAO, 2016), las fotografías producidas con la cámara del celular resultan de paseos realizados durante trabajos de campo etnográfico entre los meses de febrero y agosto del año 2021. El transitar por senderos (INGOLD, 2015) que llevan el acceso al agua en las seis comunidades que conforman el pueblo Mendonça, fue el recurso metodológico privilegiado para la realización de la investigación, considerando la adopción de medidas de seguridad durante la pandemia del Covid-19.

El Territorio Mendonça está ubicado en el área rural de los municipios de João Câmara y Jardim de Angicos en Agreste Potiguar, formado por las comunidades de Amarelão, Asentamiento Santa Terezinha, Asentamiento Marajó, Açucena, Cachoeira y Serrote São Bento, totalizando cerca de 900 familias que se reconocen como Mendonça Potiguara. La falta de acceso al agua es un problema histórico y emergente, acentuado por la aceleración de los cambios climáticos que impactan en la periodicidad de las lluvias, además de la falta de políticas públicas efectivas para enfrentar sequías prolongadas, abastecimiento y distribución de agua potable.

Los Mendonças no tienen agua corriente. El acceso al agua para consumo humano es realizado en forma de emergencia por la Operación Carro Pipa, operada por el Ejército Brasileño, y de manera complementaria articulada con las alcaldías locales. La compra de cilindros y cargos de agua no es accesible para todos debido al alto costo. Los pocos pozos artesianos en funcionamiento proporcionan agua salobre, lo que afecta el cultivo de alimentos y el mantenimiento de los animales. Solo dos de las seis comunidades cuentan con plantas desalinizadoras para la producción de agua dulce, restringidas a 20 litros por persona/día, cantidad insuficiente para satisfacer las demandas diarias de familias cuya principal actividad socioeconómica es el procesamiento de la castaña de anacardo.

Entre las estrategias locales, se puede ver el uso histórico del agua de embalses, represas, pozos, losas y tanques de piedra, a través de saberes territoriales y prácticas de uso y manejo del agua. Al mismo tiempo, los líderes están impulsando acciones colectivas para el mantenimiento, construcción y adquisición de tecnologías para la captación, almacenamiento y desalinización de agua en casos de emergencia, mientras luchan por un sistema de abastecimiento eficaz, con el objetivo de garantizar a los Mendonça el derecho al agua para el mantenimiento de la vida en el territorio tradicionalmente ocupado.

En ese sentido, el objetivo es reflejar a través del paisaje de las aguas los límites, desafíos y potencialidades del modo de vida del pueblo Mendonça, en un contexto de convivencia con el semiárido y violación de los derechos indígenas. Considerando que Rio Grande do Norte es el único estado brasileño que no posee tierras indígenas homologadas, situación político-jurídica que profundiza las desigualdades sociales por la falta de implementación de políticas públicas para el fortalecimiento de los modos de vida locales.

Las diez fotografías son un recorrido por el Territorio de Mendonça, que se inicia en el paisaje de ausencia de agua, lugares alterados por la estacionalidad del invierno que corresponde a la época de lluvias y del verano caracterizado por sequías prolongadas. Sin embargo, en los últimos años con la aceleración del cambio climático, el pueblo indígena Mendonça se queja de que las lluvias no han sido suficientes para llenar los embalses, prolongando la ausencia de vida alrededor de lagunas y presas que concentran, además de agua, diversidad de peces, animales para la caza y plantas. En este camino nos dirigimos hacia las represas que mantienen bajos los niveles de agua, pero siguen siendo un referente para la crianza de animales (bovinos, caprinos y ovinos), de donde se extrae agua para saciar la sed de los animales, regar las plantas y para uso doméstico.

Finalmente, las tecnologías de almacenamiento social de agua, representadas por cisternas domésticas construidas por diferentes etapas del Programa Un Millón de Cisternas, pozos artesianos perforados por asociaciones, proyectos de reforma agraria y gobiernos locales, y suministro de emergencia por camión cisterna.

Palavras-chave:

Água, Mendonça Potiguara, Povos Indígenas do Nordeste, Semiárido.

Palabras clave:

Água, Mendonça Potiguara, Povos Indígenas do Nordeste, Semiárido.

Ficha técnica:

Autora: Taisa Lewitzki.

Direção, investigação e edição: Taisa Lewitzki.

Fotografia: Celular: A71 SAMSUNG.

Local e ano:Território Indígena Mendonça, municípios de João Câmara e Jardim de Angicos, Estado do Rio Grande do Norte - Brasil, 2021.

Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Ficha técnica:

Autora: Taisa Lewitzki.

dirección, investigación y edición: Taisa Lewitzki.

Fotografia: Celular: A71 SAMSUNG.

Local e ano:Território Indígena Mendonça, municípios de João Câmara e Jardim de Angicos, Estado do Rio Grande do Norte - Brasil, 2021.

Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.