Para além de partir ou permanecer: a migração quilombola em busca do trabalho acessório como estratégia de r-existência no território
DOI:
https://doi.org/10.51359/2238-6211.2020.244537Palavras-chave:
migração. quilombola. semiárido. resistência. territórioResumo
Este trabalho analisa como as migrações sazonais de quilombolas da região do semiárido piauiense para o trabalho acessório têm sido utilizadas como estratégia de resistência para a permanência no território, a partir do exemplo dos moradores da comunidade Lagoa das Emas, pertencente ao território de quilombo Lagoas. Apresenta uma discussão a respeito da pluralidade de constituição dos territórios quilombolas, mostrando que não se trata de uma questão homogênea, tampouco linearmente ligada a redutos de escravos fugitivos no passado. Aponta que as migrações são resultado de um processo de desenvolvimento territorial desigual do trabalho, mas que, estrategicamente, são realizadas como forma de manutenção do grupo familiar no quilombo, configurando-se como uma espécie de resistência onde, dialeticamente, partir se configura como possibilidade de permanecer.
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