O segredo de Kelsen: resenha de um livro imaginário sobre o fim do neoconstitucionalismo no direito brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.51359/2448-2307.2018.230674Resumo
Esta pesquisa objetiva problematizar o fim do neoconstitucionalismo no Brasil e a instalação de um novo paradigma, qual seja, o paradigma da différence, que no direito aparece sob o nome de pluralismo jurídico. Através da relação entre os pensamentos de Hans Kelsen e Kurt Gödel a respeito da incompletude de um sistema simbólico de referência, pretende-se descrever a estrutura lógica do processo de estratificação dos referentes simbólicos do direito no Brasil. A questão central está em observar que, por trás dos discursos neoconstitucionalistas, outro regime de verdade se insinua sobre os espaços de produção de sentido do direito. Para serem alcançados esses resultados, esta pesquisa utiliza, como metodologia, os aportes analíticos da segunda fase do neopositivsmo lógico, especialmente a análise da relação entre o teorema da incompletude de Kurt Gödel e o problema da indeterminação da linguagem jurídica em Hans Kelsen, de modo a inscrever no tempo a estrutura correlacionista dos diversos referentes simbólicos do discurso jurídico brasileiro deste início de século. Como resultado, a pesquisa sinaliza o esgotamento do neoconstitucionalismo e o triunfo do pluralismo jurídico, que nada mais é do que a versão jurídica do paradigma da différence e seu regime de verdade.Referências
AGAMBEN, Giorgio. Nudez. Tradução de Davi Pessoa Carneiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Trad. Ernesto Garzón Valdés. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 2002.
BARONE, Francesco. Il neopositivismo logico. Roma: Laterza, 1986.
CARNAP, Rudolf. Introduction to symbolic logic and its applications. Tradução de William H. Meyer e John Wilkinson. New York: Dover Publications, 1958.
CEVOLO, Vicente Augusto Gabriel Leite. Do corpo subculturado ao sujeito de cultura. In: SILVA, José Vitor da; BRAGA, Cristiane Giffoni. Cuidados Paliativos na Perspectiva Contemporânea. Curitiba: Prismas, 2016.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O anti-Édipo: capitalismo e esquisofrenia 1. Tradução de Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: Editora 34, 2010.
DWORKIN, Ronald. Justice for hedgehogs. Cambridge; London: Harvard University Press, 2011.
FOERSTER, Heinz Von. Observing systems: selected papers of Heinz von Forester. Seaside/CA: Intersystems Publications, 1981.
GÖDEL, Kurt. On formally undecidable propositions of Principia Mathematica and related systems. Tradução de B. Meltzer. New York: Dover Publications Inc., 1992.
GROSSI, Paolo. Mitología jurídica de la modernidad. Tradução de Manuel Martínez Neira. Madrid: Trotta, 2003.
HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre faticidade e validade. 2. ed. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. v. I.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução de João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
KUHN, Thomas. The sctructure of scientific revolutions. 3ª ed. Chicago: The University of Chicago Press, 1996.
LUHMANN, Niklas. A restituição do décimo segundo camelo: do sentido de uma análise sociológica do direito. In: ARNAUD, André-Jean; LOPES JR, Dalmir (Orgs.). Niklas Luhmann: do sistema social à sociologia jurídica. Tradução de Dalmir Lopes Jr., Daniele Andréa da Silva Manão e Flávio Elias Riche. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2004. p. 33-107.
NAGEL, Ernest; NEWMAN, James. R. A prova de Gödel. Trad. Gita K. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2003.
ROCHA, Leonel Severo. Comentários sobre a Teoria Pura do Direito. In: Epistemologia jurídica e democracia. São Leopoldo: Unisinos, 2001. p. 63-77.
RUSSELL, Bertrand; WHITEHEAD, Alfred North. Principia mathematica. Cambridge: Cambridge University Press; London: Fetter Lane, 1910, Vol. 1.
SIMIONI, Rafael Lazzarotto. A teoria pura do direito de Kelsen e a sintaxe linguística do neopositivsmo lógico do Círculo de Viena. Novos Direitos, v. 2, n. 2, p. 121-146, 2011.
WARAT, Luis Alberto. A pureza do poder: uma análise crítica da teoria jurídica. Florianópolis: Ufsc, 1983.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores que publicam na Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife (doravante "RevAcadFDR") concordam com os seguintes termos de licenciamento:
(1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à RevAcadFDR o direito da primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
(2) Autores têm autorização para assumir publicações adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial na RevAcadFDR.
(3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) depois do artigo ser publicado na RevAcadFDR, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Informações adicionais:
Os artigos publicados na Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife estão sujeitos a licença CC-BY qual, em resumo:
Permite a cópia e Redistribuição em qualquer formato, desde que atribuída sua autoria e publicação inicial na RevAcadFDR.
Adotamos esse tipo de licenciamento pois é finalidade maior da Revista Academica da Faculdade de Direito a difusão de conhecimento e não sua monopolização.