O ESVERDEAMENTO DOS TEXTOS CONSTITUCIONAIS BRASILEIRO E URUGUAIO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS FOCOS DA TUTELA CONSTITUCIONAL AMBIENTAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2448-2307.2021.249855

Palavras-chave:

Água, Anteprojeto, Assembleia Nacional Constituinte, Meio ambiente, Partidos políticos

Resumo

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, doravante chamada apenas de CF/88, é o primeiro texto constitucional brasileiro esverdeado, ao prever um capítulo próprio sobre meio ambiente. Essa inovação permite discussões sobre como foi a atuação do poder constituinte originário, os principais partidos atuantes e temas discutidos. Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo analisar o Anteprojeto da Subcomissão de Saúde, Seguridade e Meio Ambiente formulada por Deputados Constituintes e suas emendas, com fulcro em verificar a atuação partidária e os temas ambientais mais debatidos no contexto de gênese da CF/88. Ademais, busca-se comparar os focos da tutela ambiental nos textos constitucionais brasileiro e uruguaio. Tem-se por objeto de pesquisa o Anteprojeto, suas emendas e as cartas constitucionais do Brasil e Uruguai. A metodologia é de natureza qualiquantitativa, o método de abordagem é dedutivo e de procedimento histórico-comparativo, cujas técnicas são bibliográfica, documental e exploratória. Verificou-se que um dos assuntos mais abordados na elaboração do Anteprojeto pelos constituintes refere-se às atividades nucleares (14,5%) e proteção ambiental e da saúde (11,59%). Da comparação dos textos constitucionais brasileiro e uruguaio, percebe-se que, diferentemente do Brasil, o legislador constituinte uruguaio atribuiu, ao acesso à água, natureza de direito humano fundamental.

Biografia do Autor

Luiz Guilherme Carvalho, Universidade Federal de Mato Grosso, Câmpus Universitário do Araguaia (UFMT/CUA). Membro do Grupo de Pesquisa em Direitos Fundamentais na Fronteira (GPDIFF).

Acadêmico de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia (UFMT/CUA). Membro do Grupo de Pesquisa em Direitos Fundamentais na Fronteira, da Universidade Federal do Pampa (GPDIFF/UNIPAMPA).

João Paulo Rocha de Miranda

Professor Adjunto da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Doutor em Direitos Humanos. Mestre em Direito Agroambiental. Líder do Grupo de Pesquisa em Direitos Fundamentais na Fronteira, da Universidade Federal do Pampa (GPDIFF/UNIPAMPA).

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Publicado

2021-10-13