Espaços e corporalidades queer em duas obras de literatura ficcional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/1982-6850.2024.264862

Palavras-chave:

Queertopia, Corporalidades dissidentes, Literatura fantástica

Resumo

Diante da práxis discriminatória contra a existência de corpos femininos e LGBTQIAP+, problematiza-se neste artigo a condição de urbanidades historicamente conduzidas por biopolíticas heterocispatriarcais e pela reprodução do binarismo de gênero. Tal condição reflete tendências para a padronização dos modos de vida e, por consequência, limita modos diversos de representar a sociedade e seus espaços de interação. A partir desse contraponto, o objetivo é analisar diferentes criações espaciais e corporalidades criativas a partir de duas obras brasileiras de literatura ficcional contemporâneas: [1] a série de contos do livro Entre Nós, com uma seleção histórica de escritores/as brasileiros/as tratando sobre homossexualidades, assim como [2] os contos fantásticos do livro Violetas, Unicórnios & Rinocerontes, com suas narrativas queertópicas. Utiliza-se a análise de discurso para contextualizar as narrativas dos contos com o enquadramento histórico-cultural, relacionado a criações de possíveis lugares ficcionais e queertópicos. Com essas análises discursivas espera-se contribuir para o campo da imaginação utópica de corpos e cidades efetivamente mais democráticos e criativos.

Biografia do Autor

Marcos Sardá-Vieira, Universidade Federal da Fronteira Sul

Doutor e mestre em Ciências Humanas; professor adjunto e pesquisador na Graduação em Arquitetura e Urbanismo e na Pós-Graduação Lato Sensu em Processos e Produtos Criativos e suas Interfaces.

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Publicado

2025-02-26