ESTAR LÁ: NOTAS ETNOGRÁFICAS E APONTAMENTOS SOBRE RELAÇÕES RACIAIS NO CAMPO DE ENSINO DAS CIÊNCIAS MÉDICAS NO SERTÃO PERNAMBUCANO
Palavras-chave:
Medicina, Negro, Campo, Ensino, CurrículoResumo
O presente artigo relata as experiências de trabalho de campo a partir da pesquisa Enegrecendo Currículos, desenvolvida no Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco, que investiga como as relações raciais vêm sendo abordadas nos cursos de medicina. Assim, o percurso do trabalho apresentado destaca em notas etnográficas o campo de ensino das ciências médicas como um espaço marcado pelo racismo, os processos de vivência em que estudantes negros estão inseridos numa universidade do interior de Pernambuco e a inserção num campo que perpetua desigualdades raciais e de gênero. O trabalho analisa ainda o contexto elitista e excludente desse campo aprofundando-se nas narrativas dos estudantes que pontuaram os principais desafios de acesso e permanência num espaço acadêmico onde a diversidade étnica é inexistente. Nesse cenário, as reflexões levantadas e os apontamentos feitos indicam para a necessidade de repensar o currículo a partir da inclusão de conteúdos que viabilize uma formação médica antirracista.
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