O Rio de Janeiro na CPI do Narcotráfico de 1999/2000
Palavras-chave:
mercados ilegais, CPI do Narcotráfico, redes sociaisResumo
O objetivo do presente estudo é identificar a) conexões resultantes da rede de mercado ilegal de drogas no Rio de Janeiro e b) relações dessa rede com o comprometimento político-democrático. Para a identificação das conexões foram analisados todos os depoimentos da seção Rio de Janeiro da “CPI do Narcotráfico”, cujo relatório final foi publicado em novembro de 2000. Como resultado geral, observa-se que as redes consistem principalmente de trocas entre traficantes, políticos, polícia, agentes do sistema jurídico e comerciantes em geral (aí incluídos fazendeiros). O ponto identificável talvez mais importante, com o qual se pode refletir sobre algumas características peculiares do tráfico, é que esse domínio depende dos outros (político, jurídico, comercial, policial, etc.) para existir. De modo que ele não é uma rede com autonomia própria e/ou com capacidade de se reproduzir somente com alguns elementos recolhidos da falta de estrutura urbana, das precárias condições sociais de educação e moradia, por exemplo. Ele se reproduz com auxílio de uma rede que envolve trocas consideradas moral e politicamente válidas, lícitas.
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