O Rio de Janeiro na CPI do Narcotráfico de 1999/2000

Autores

  • Antônio Luz Costa Departamento de Filosofia e Ciências Humanas, (UESC)

Palavras-chave:

mercados ilegais, CPI do Narcotráfico, redes sociais

Resumo

O objetivo do presente estudo é identificar a) conexões resultantes da rede de mercado ilegal de drogas no Rio de Janeiro e b) relações dessa rede com o comprometimento político-democrático. Para a identificação das conexões foram analisados todos os depoimentos da seção Rio de Janeiro da “CPI do Narcotráfico”, cujo relatório final foi publicado em novembro de 2000. Como resultado geral, observa-se que as redes consistem principalmente de trocas entre traficantes, políticos, polícia, agentes do sistema jurídico e comerciantes em geral (aí incluídos fazendeiros). O ponto identificável talvez mais importante, com o qual se pode refletir sobre algumas características peculiares do tráfico, é que esse domínio depende dos outros (político, jurídico, comercial, policial, etc.) para existir. De modo que ele não é uma rede com autonomia própria e/ou com capacidade de se reproduzir somente com alguns elementos recolhidos da falta de estrutura urbana, das precárias condições sociais de educação e moradia, por exemplo. Ele se reproduz com auxílio de uma rede que envolve trocas consideradas moral e politicamente válidas, lícitas.

Biografia do Autor

Antônio Luz Costa, Departamento de Filosofia e Ciências Humanas, (UESC)

Professor Adjunto do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Santa Cruz. Concluiu os cursos de Mestrado e Doutorado em Sociologia na Universität Hamburg (Alemanha). É pesquisador associado do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atua na área de sociologia, com interesse nos seguintes temas: teoria dos sistemas sociais, segurança pública, sociologia do desvio e sociologia jurídica.

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