Foe, de J.M. Coetzee: a voz feminina e a releitura pós-colonial na desconstrução da farsa do colonialismo
Palavras-chave:
Pós-colonialismo, Metaficção, Foe, Coetzee, Robinson Crusoé, Daniel DefoeResumo
Este trabalho apresenta uma análise das funções narrativas que assumem os personagens principais no romance pós-colonial Foe, de J.M. Coetzee, em comparação com as funções desempenhadas pelos mesmos personagens em seu predecessor colonial, o romance Robinson Crusoé, de Daniel Defoe. Tal comparação, centrada na personagem Susan Barton, exclusiva do romance de Coetzee, mostra a capacidade de seu deslocamento narrativo pelo diálogo com os demais personagens, promovendo a desconstrução do mito do herói colonizador. Foe consegue esse feito pela priorização da voz feminina de Barton, que assume as funções de autoria e narração, falando, portanto, externa e internamente à história, através do fenômeno da metaficção.
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