Negatividade e concretude: questões de antipoesia em Régis Bonvicino
Palabras clave:
Régis Bonvicino, Poesia Contemporânea Brasileira, Negatividade, Concretude da Linguagem, AntipoesiaResumen
Este artigo pretende discutir a negatividade da poesia de Régis Bonvicino como desdobramento da negatividade de certa poesia da tradição de vanguarda brasileira – tanto presente na escrita de poetas modernistas e modernos, como é o caso de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto, quanto na dos poetas concretos, em especial, na de Augusto de Campos –, e não apenas como expressão da agonia de um poeta que se vê no beco sem saída de um tempo no qual tudo parece ter sido dito. A partir disso, este trabalho busca verificar de que modo essa negatividade está associada a elementos que conferem uma dicção antipoética na escrita do autor paulistano, como a busca pela concretude da linguagem parece confirmar. Da perspectiva deste artigo, colocar-se em constante diálogo com a mencionada tradição demonstra não os anseios de se escrever depois dela, mas os (des)caminhos de se escrever sobretudo por causa dela.
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