O desafio da política darwinista: Algumas considerações sobre uma tendência da política hodierna
Palavras-chave:
chauvinismo de bem-estar, política darwinista, recusa do reconhecimento, democraciaResumo
A partir da consideração do conceito habermasiano de chauvinismo de bem-estar, caracterizado como processo de consolidação de uma mentalidade darwinista, protetora do status quo, no seio das sociedades democráticas ocidentais, em que as camadas médias aferram-se em uma postura sociopolítica conservadora contra grupos marginalizados marcados pelo subemprego ou pelo desemprego estrutural, consolidados enquanto subclasse, construo o conceito de política darwinista enquanto recusa do reconhecimento, readequando o conceito honnethiano de reificação como esquecimento do reconhecimento para, com ele, analisar fenômenos sociopolíticos contemporâneos ao nível da sociabilidade e da organização da esfera política, nos quais grupos específicos da sociedade e forças políticas conservadoras assumem claramente o darwinismo social enquanto o mote a partir do qual as questões de justiça social, de inclusão cultural e de equalização econômica são avaliadas (e deslegitimadas). Defenderei, por conseguinte, que a política darwinista, caracterizada como recusa do reconhecimento, deve ser levada a sério como potencial adversário de processos democráticos emancipatórios e cada vez mais inclusivos que põem em xeque situações gritantes de injustiça sociopolítica e cultural.
Referências
ARRIGHI, Giovanni. A ilusão do desenvolvimento. Trad. de Sandra Vasconcelos. Petrópolis: Vozes, 1998.
BELLAMY FOSTER, John; MAGDOFF, Fred. The great financial crisis: causes and Consequences. New York: Monthly Review Press, 2009.
BOBBIO, Norberto. As ideologias e o poder em crise. Trad. de João Ferreira. Brasília: Editora da Uni-versidade de Brasília, 1999.
BOLTANSKI, Luc ;CHIAPELLO, Ève. O novo espírito do capitalismo. Trad. de Ivone Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
CAVENAGHI, Suzana; ALVES, José Eustáquio Diniz. Desigualdades de gênero na política na América Latina e as eleições presidenciais do Brasil em 2010. Pensamento Plural, Pelotas, v. 11, p. 45-81, jul./dez. de 2012.
CHAUÍ, Marilena. Cultura política e política cultural. Estudos Avançados (USP), v. 9, n. 23, 1992, p. 71-84.
DANNER, Leno Francisco. Habermas e a ideia de continuidade reflexiva do projeto de estado social: da reformulação do déficitdemocrático da social-democracia à contraposição ao neoliberalismo. Tesede Doutorado. Porto Alegre: PUC-RS, 2011a.
DANNER, Leno Francisco. Princípios de economia política em Rawls: uma crítica ao neoliberalismo. Princípios,Natal, v. 18, n. 29, jan./jun. de 2011b, p. 117-147.
DANNER, Leno Francisco. Habermas e a retomada da social-democracia. Veritas,Porto Alegre, v. 57, nº. 1, jan./abr. 2012, p. 71-91.
DANNER, Leno Francisco. A economia e o social: da tensão à reforma política das sociedades contemporâneas. Revis-ta Opinião Filosófica, Porto Alegre, v. 04, n. 01, 2013, p. 173-207.
DUBIEL, Helmut. Qué es el neoconservadurismo?Introd. y trad. de Agapio Maestre. Barcelona: Edi-torial Anthropos, 1993.
GORZ, André. Adeus ao proletariado: para além do socialismo. Trad. de Angela Ramalho Vianna e de Sérgio Góes de Paula. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
HABERMAS, Jürgen. La necesidad de revisión de la izquierda. Trad. de Manuel Jiménez Redondo. Madrid: Editorial Tecnos, 1991.
HABERMAS, Jürgen. Ensayos políticos. Trad. de Ramón Garcia Cotarelo. Barcelona: Ediciones Península, 1997.
HABERMAS, Jürgen. A inclusão do outro: estudos de teoria política. Trad. de George Sperber e de Paulo Astor Soethe. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
HABERMAS, Jürgen. Diagnósticos do tempo: seis ensaios. Organização e Tradução de Flávio Beno Siebeneich-ler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2005.
HAYEK, Friedrich August von. Direito, legislação e liberdade: uma nova formulação dos princípios liberais de justiça e de economia política(vol. II): a miragem da justiça social. Trad. de Henry Maksoud. São Paulo: Visão, 1985.
HAYEK, Friedrich August von. Arrogância fatal: oserros do socialismo. Trad. de Ana Maria Capovilla e de Candido Men-des Prunes. Porto Alegre: Editora Ortiz, 1995.
HERRNESTEIN, Richard J.; MURRAY, Charles. The bell curve: intelligence and class structure in american life. New York: Simon & Schuster, 1994.
HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). 2. ed. Trad. de Marcos Santarri-ta. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
HONNETH, Axel. Reificación:un estudio en la teoría del reconhecimento. Trad. de Graciela Calderón. Buenos Aires: Katz, 2007.
HONNETH, Axel. Crítica del agravio moral: patologías de la sociedad contemporánea. Trad. de Peter Storandt Miller. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2009.
KATZ, Michael B. The undeserving poor: from the war on poverty to the war on welfare. New York: Pantheon Books, 1989.
KRUGMAN, Paul. O regresso da economia da depressão e a crise atual. Trad. de Alice Rocha. Lis-boa: Editorial Presença, 2009.
LAFFER, Arthur et al. The end of prosperity. New York: Threshold Editions, 2008.
MELO, Rurion Soares. Reificação e reconhecimento: um estudo a partir da teoria crítica da sociedade de Axel Honneth. Ethic@ -Florianópolis, v. 9, nº. 2, p. 231-245, 2010.
O’CONNOR, James. USA:a crise do estado capitalista. Trad. de João Maia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
OFFE, Claus. Problemas estruturais do estado capitalista. Trad. de Bárbara Freitag. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
PINZANI, Alessandro. De objetos da política a sujeitos da política: dar voz aos pobres. Ethic@,Floria-nópolis, v. 10, n. 03, p. 83-101, dez. 2011.
VAN DER WEE, Herman. Prosperity and upheaval:the world wconomy 1945-1980. Translated by Robin Hogg and Max R. Hall. New York: Penguin Books, 1987.
WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
A Revista Perspectiva Filosófica orienta seus procedimentos de gestão de artigos conforme as diretrizes básicas formuladas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). http://www.cnpq.br/web/guest/diretrizesAutores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista (Consultar http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html).

Esta revista está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.