Reconhecimento ideológico e intimidades políticas

Autores

  • Barbara Buril Universidade Federal de Pernambuco

Palavras-chave:

reconhecimento ideológico, Axel Honneth, teoria do reconhecimento, poder, ideologia

Resumo

Este artigo busca apresentar e problematizar as fragilidades das reflexões sobre reconhecimento ideológico empreendidas pelo filósofo Axel Honneth, sendo a principal delas a negação da esfera privada como um espaço permeado por relações de poder. Inicialmente, será retomado o percurso teórico desenvolvido por Honneth para conceber a ideia de reconhecimento ideológico. Em seguida, serão apresentadas críticas específicas direcionadas a essas reflexões. A meu ver, a crítica mais pertinente e contundente é aquela que aponta a despolitização do privado tanto em Luta por reconhecimento como em Reconhecimento como ideologia. De fato, ao negar que a esfera privada também é permeada por relações de poder, Honneth torna invisíveis experiências de reconhecimento constituídas no âmbito privado capazes de provocar sujeição, dominação, coação e submissão, por exemplo. Abordar a esfera privada em sua complexidade política seria, portanto, o caminho a ser percorrido por uma teoria crítica cujo objetivo é o de iluminar os mais variados matizes das experiências sociais de sofrimento. 

Biografia do Autor

Barbara Buril, Universidade Federal de Pernambuco

Mestre em filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco

Referências

ALLEN, Amy. The end of progress: decolonizing the normative foundations of critical theory. New York: Columbia University Press, 2016.

ALLEN, Amy. Recognizing domination: recognition and power in Honneth’s critical theory. Journal of Power, v. 3, n. 1, p; 21-23, 2010.

BUTLER, Judith. The psychic life of power: theories in subjection. Stanford: Stanford University Press, 1997.

CELIKATES, Robin. O não reconhecimento sistemático e a prática da crítica: Bourdieu, Boltanski e o papel da teoria crítica. Novos Estudos, n. 93, jul. 2012.

CONNOLLY, Julie. Love in the private: Axel Honneth, feminism and the politics of recognition. Contemporary political theory, v. 9, n. 4, p. 414-433, 2010.

FERRARESE, Estelle. “Gabba-Gabba, we accept you, one of us”: vulnerability and power in the relationship of recognition. Constellations, v. 16, n. 4, p. 604-614, 2009.

HONNETH, Axel. Reconhecimento como ideologia: sobre a correlação entre moral e poder. Revista Fevereiro, n. 7, 2014.

HONNETH, Axel; BUTLER, Judith; GEUSS, Raymond; LEAR, Jonathan. Reification: A New Look At An Old Idea. New York: Oxford University Press, 2008.

HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2003.

HONNETH, Axel. Organized self-realization: some paradoxes of individualization. European Journal of Social Theory, v. 7, n. 4, p. 463-478, 2004.

JAEGGI, Rahel. Repensando a ideologia. Civitas, v. 8, n. 1, p. 137-165, 2008.

MUSSNICH, Luiza. Quer trabalhar na Vogue? Então vem ver essas dicas aqui! Vogue Brasil, 21 de outubro de 2016. Disponível em: < http://vogue.globo.com/lifestyle/noticia/2016/10/quer-trabalhar-na-vogue-entao-vem-ver-essas-dicas-aqui.html>. Acesso em: 02 de novembro de 2016.

PETHERBRIDGE, Danielle. The critical theory of Axel Honneth. Plymouth: Lexington Books, 2013.

REPA, Luiz Sérgio. Reconstrução e crítica imanente: Rahel Jaeggi e a recusa do método reconstrutivo na Teoria Crítica. Cadernos de Filosofia Alemã, v. 21, n. 1, p. 13-27, 2016.

SCHAUB, Jörg. Misdevelopments, pathologies and normative revolutions: normative reconstruction as method of critical theory. Critical Horizons, v. 16, n. 2, p. 107-130, 2015.

Downloads

Publicado

2016-12-18

Edição

Seção

Eixo Temático