A ovelha não foge porque o lobo não é belo, mas porque é seu inimigo natural: os fracassos de Kant e as fronteiras entre o estético e o metafísico-religioso
DOI:
https://doi.org/10.51359/2357-9986.2017.230359Palavras-chave:
estética, metafísica, Kant, Tomás de Aquino, sensus communis.Resumo
Acreditamos que Kant se equivocou na dedução do princípio de universalidade do que é produzido no simples ajuizamento, cujo paradigma é o juízo de gosto puro, sobre o belo. Isto é, Kant não consegue provar, com um argumento transcendental, o direito de pressupor a priori um “sentido comum” (sensus communis), e com ele a possibilidade de uma validade universal intersubjetiva não-objetiva. Mas, parece, o fracasso de Kant é mais iluminador do que teria sido seu “sucesso”. O tipo de princípio que ele realmente procurava tem, na verdade, uma longa história. Encontramos indicações bastante instrutivas na psicologia do animal perfeito elaborada por São Tomás de Aquino (por exemplo, Suma Teológica I, q.78, a.4 e Questões Disputadas sobre a Alma, q. XIII), mas que merecem ajustes diante de sua vasta e complexa filosofia. Algumas características da abordagem tomista podem ajudar a entender porque o sensus communis não poderia ser deduzido por uma prova idealista, baseada na objetividade do conhecimento, mas somente numa “prova realista”, que parte da complexidade observada dos fenômenos naturais e psíquicos, no homem quanto em outros animais.
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