Deleuze e Kant: a experiência estética e a gênese do pensamento
DOI:
https://doi.org/10.51359/2357-9986.2017.230362Palavras-chave:
empirismo transcendental, experiência estética, sublime, pedagogia dos sentidosResumo
Para Gilles Deleuze, o pensamento é indissociável de uma experimentação ou experiência que o force a pensar; de um aprendizado através da constituição de problemas; e de um ato de criação que atualize as Ideias em obras de arte ou conceitos. A filosofia e a arte são disciplinas de pensamento distintas, mas que tem em comum a remissão a modos de sentir. Queremos problematizar neste artigo o quanto a sensibilidade, entendida no sentido de uma matriz do pensamento – tal como propõe Deleuze – remete a uma apropriação de certos aspectos da terceira Crítica de Immanuel Kant. Em primeiro, uma apropriação do conceito de sublime enquanto violência que força aos limites das faculdades; em segundo, uma crítica do senso comum e da concórdia das faculdades; em terceiro, o caráter estético das ideias, tal como aparece no momento do gênio kantiano, pensado por Deleuze como ato de criação. Sob esses três eixos, poderemos discutir a fecundidade de um intercâmbio entre filosofia e arte no que diz respeito a questões de estilo e método, ante os problemas vitais de nossa existência, problemas que ambas enfrentam. A estética, aparece-nos nesse sentido, à primeira vista como uma espécie de “organon”, ou instrumento do pensamento, mas, para além disso, a experiência estética (como instância da experiência comum entre a arte e a filosofia) seria considerada como heterogênese do pensamento, que já não diz respeito a uma “representação” (moral), mas a diferenças no sensível que escapam a fixação em percepções ordinárias.
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