Dois movimentos do piorar: in-estética e contra-estética
DOI:
https://doi.org/10.51359/2357-9986.2017.230363Palavras-chave:
movimento, Badiou, Agamben, arte, políticaResumo
Quando pensamos nas muitas proposições feitas sobre a arte contemporânea, a maioria gira (ou desorienta-se) sobre sua compreensão, isto é, sobre qualquer tipo de vínculo que a obra de arte tenha com o entendimento, no sentido kantiano de seu termo. Alia-se a isso a postura de que a obra de arte coloca-se diante de alguém com qualquer proposição a ser decodificada, cabendo ao “homem de gosto” decifrá-la ou ser devorado por ela. O que se tem aí não é uma possibilidade de emancipação pela arte, tão almejada, quando ela “se encontra” com a política. Tem-se um aprisionamento da arte nas redes do entendimento do espectador-especialista. Há uma série de pressuposições aí: (1) a de que a arte dá-se integralmente (e transparentemente) ao espectador, o qual quando muito precisa agir pacientemente para alcançá-la; (2) a de que pré-existe uma rede, pela qual a obra passa para ser compreendida e, portanto, aprisionada na sua cognoscibilidade revelada, e, por fim; (3) a de que o espectador é um sujeito passivo na relação, estando diante da obra, seja para capturar o “sentido” da obra, ou pior, do autor. Toda essa relação está sustentada por outra relação, sub-reptícia: a de que há um grupo que domina, seja a confecção das obras, seja a distribuição de seu(s) sentido(s). Partindo de Alain Badiou e Giorgio Agamben, numa proposta do “piorar” do primeiro, tentarei apresentar dois movimentos, duas variações de exercício que escapam a essa rede, e abrem à obra de arte uma política, senão mais autêntica, pelo menos mais inventiva, que poderia ir de encontro, ou criar um local de encontro para outras relações entre a arte e a política.Referências
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