Por um pluralismo de estratégias nas ciências cognitivas
DOI:
https://doi.org/10.51359/2357-9986.2019.248073Palavras-chave:
Cognição corporificada, Cognitivismo, enativismo, Hugh Lacey, William RamseyResumo
Como área interdisciplinar, as Ciências Cognitivas começam a se desenvolver em meados da década de 1950 a partir de uma concepção compartilhada sobre a mente, hoje chamada de cognitivista. Esses pesquisadores concebiam a mente com uma natureza representacional que opera por meio de computações simbólicas. Atualmente, há uma multiplicidade de abordagens e teorias sobre a mente. Nesse espectro de posições, há desde abordagens tradicionais, que concebem a mente como representacional, até abordagens bastante radicais, que negam qualquer natureza representacional para a mente. Após introduzir este tema, apresentamos as críticas de William Ramsey à representação enquanto definidora das Ciências Cognitivas ou, em outros termos, à representação enquanto critério de demarcação do cognitivo. Desenvolveremos uma hipótese interpretativa para a crítica de Ramsey mobilizando o conceito de estratégia de pesquisa, de Hugh Lacey. Apresentaremos a distinção de Lacey entre adoção de uma estratégia e aceitação de uma teoria, discutindo a suposta independência avaliativa entre estratégia e teoria. Finalizaremos com a defesa de um pluralismo de estratégias nas Ciências Cognitivas. Diferente de concepções que buscam reduzir prematuramente as Ciências Cognitivas a uma única estratégia, o pluralismo que defendemos equilibra a eficiência na resolução de problemas com outros valores considerados importantes, como a abrangência empírica e a neutralidade no sentido de inclusividade e equitatividade de valores. No atual momento das ciências cognitivas, o pluralismo de estratégias constitui o caminho mais promissorReferências
ALLEN, Colin. On (not) defining cognition. Synthese, v.194, n.11, p. 4233–4249, 2017.
CHEMERO, Anthony. Radical embodied cognitive science. Cambridge: MIT Press, 2009.
CLARK, Andy; CHALMERS, David J. The extended mind. Analysis, v.58, n.1, p. 7–19, 1998.
GIBSON, James J. The theory of affordances. In: R. E. Shaw; J. D. Bransford (eds.) Perceiving, acting, and knowing. Mahwah: Lawrence Erlbaum Associates, 1977.
GIBSON, James J. The ecological approach to visual perception. Classical Edition. New York: Psychology Press, 2015.
HUTTO, Daniel D.; MYIN, Erik. Radicalizing enactivism: basic minds without content. Cambridge: MIT Press, 2013.
HUTTO, Daniel D.; MYIN, Erik . Evolving enactivism: basic minds meet content. Cambridge: MIT Press, 2017.
KUHN, Thomas. The structure of scientific revolutions. 2. ed. Chicago: University of Chicago Press, 1970.
LACEY, Hugh. Is science value free? Values and scientific understanding. London: Routledge, 1999.
LACEY, Hugh. Psicologia experimental e natureza humana: ensaios de filosofia da psicologia. Florianópolis: Núcleo de Epistemologia e Lógica da Universidade Federal de Santa Catarina, 2001.
LACEY, Hugh. Tecnociência comercialmente orientada ou investigação multiestratégica? Scientiae Studia, v.12, n.4, p. 669–695, 2014.
LACEY, Hugh; MARICONDA, Pablo. O modelo das interações entre os valores e as atividades científicas. Scientiae Studia, v.12, n.4, p. 643–668, 2014.
LAUDAN, Larry. Progress and its problems. Berkeley: University of California Press, 1977.
MATURANA, Humberto. R.; VARELA Francisco J. Autopoiesis and cognition: the realization of the living. Dordrecht: D. Reidel, 1980.
MATURANA, Humberto. R.; VARELA Francisco J. The tree of knowledge: the biological roots of human understanding. Boston: Shambala Books/New Science Library, 1987.
MILKOWSKI, Marcin. Fallible heuristics and evaluation of research traditions: the case of embodied cognition. Ruch Filozoficzny, v.75, n.2, p. 221–236, 2019.
NEWEN, Albert; DE BRUIN, Leon; GALLAGHER, Shaun (eds). The Oxford Handbook of 4E Cognition. Oxford: Oxford University Press, 2018.
NÖE, Alva. Action in perception. Cambridge: The MIT Press, 2004.
NÖE, Alva. Varieties of presence. Cambridge: Harvard University Press, 2012.
NÖE, Alva. Sensations and situations: A sensorimotor integrationist approach.
Journal of Consciousness Studies, v.23, n.5, p. 66–79, 2016.
O’REGAN, J. Kevin; NOË, Alva. A sensorimotor account of vision and visual consciousness. Behavioral and Brain Sciences, v.24, n.5, p. 939–973, 2001.
RAMSEY, William. Must cognition be representational? Synthese, v.194, n.11, p. 4197–4214, 2017.
REIS, Claudio R. M. Ciência e valores: em defesa de um pluralismo sensível ao contexto. Tese (Doutorado em Filosofia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2019.
ROLLA, Giovanni; CARVALHO, Eros M. O desafio da integração explanatória para o enativismo: escalonamento ascendente ou descendente. Prometeus, v.11, n.33, p. 161–181, 2020.
THAGARD, PAUL. Mind: Introduction to cognitive science. 2. ed. Cambridge: MIT Press, 2005.
THAGARD, PAUL. Cognitive Science. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2019. Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/spr2019/entries/cognitive-science/>. Acesso em: 20/06/2020.
VARELA, Francisco. Principles of biological autonomy. New York: North Holland, 1979.
WILSON, Robert A.; FOGLIA, Lucia. Embodied Cognition. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2017. Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/spr2017/entries/embodied-cognition/>. Acesso em: 20/06/2020.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
A Revista Perspectiva Filosófica orienta seus procedimentos de gestão de artigos conforme as diretrizes básicas formuladas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). http://www.cnpq.br/web/guest/diretrizesAutores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista, com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista (Consultar http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html).

Esta revista está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.