Modernização Militar Brasileira em Perspectiva Político-histórica: Condicionantes e Desenvolvimento Tecnológico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/1808-8708.2020.248526

Palavras-chave:

Modernização Militar, Forças Armadas, Política de Defesa, Tecnologia militar. História militar.

Resumo

O artigo aborda a história política recente da modernização das Forças Armadas brasileiras, do Barão do Rio Branco até a instauração dos Projetos Estratégicos de Defesa, em 2012. Apresenta-se os fatores conjunturais, regionais e domésticos que favorecem associações diferentes de incentivos ao aparelhamento militar. Em uma perspectiva metodológica, o encadeamento de fatos constrói a trajetória que aqui se exibe. Efetivamente, só a partir do desenvolvimentismo, no final dos anos de 1950, que se conseguiu deslanchar iniciativas e políticas voltadas para a estruturação de uma indústria de defesa no Brasil. Verificou-se que após mais de três décadas sem significativos incentivos institucionais ao setor e de ausência  de investimentos no poder militar, o resgate de empreendimentos autonomistas começou a se desenhar em 2005, com a publicação da Política de Defesa Nacional e em 2008, com a Estratégia Nacional de Defesa. Embora ainda estejam em execução e não tenham completado seus ciclos produtivos para serem avaliados, já é possível enxergar ganhos no que se refere a própria lógica de produção e compra de produtos inseridos nos Projetos Estratégicos de Defesa, especialmente quanto aos incentivos para a inserção de empresas brasileiras na cadeia produtiva e para a pesquisa e desenvolvimento de tecnologia sob autonomia nacional.  

 

Biografia do Autor

Deywisson Ronaldo Oliveira de Souza, Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco

Doutor e pós-doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Marcos Aurélio Guedes de Oliveira, Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco

Professor Titular de Ciência Política da UFPE, possui título de PhD em Government (Ciencia Politica) pela University of Essex (1992) e fez posdoutoramento em Relacoes Internacionais no Institut des Hautes Études de lAmerique Latine, Sorbonne, Paris III onde recebeu a Chair Simon Bolivar 2000. Foi ainda Diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Middlesex University (2000-2003). Atualmente é pesquisador do CNPq e CAPES e Coordena o grupo de pesquisa O Brasil e as Américas do CNPq e o Núcleo de Estudos Americano da UFPE. Possui Mestrado em Sociologia (1985) e bacharelado em Ciências Sociais (1981) pela UFPE. É membro da International Studies Association, da International Political Science Association, da Associação Brasileira de Ciência Política, da Associacao Brasileira de Estudos de Defesa e da Associação Brasileira de Relações Internacionais. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Relações Internacionais, Bilaterais e Multilaterais, atuando principalmente nos seguintes temas: Segurança Internacional, Política Externa do Brasil, Teorias de Integração, Mercosul, Política Externa dos EUA e temas corelatos de Segurança e Política Internacional.

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Publicado

2021-07-14

Edição

Seção

Dossiês