Reconfigurações do ambiente estratégico de defesa no século XXI: perspectiva analítica de triangulação por meio de análise de corpora, análise semântica lexical e análise crítica do discurso
DOI:
https://doi.org/10.51359/1808-8708.2020.248710Palavras-chave:
Multilateralismo, Defesa, Relações Internacionais, Análise Crítica do Discurso, Semântica Lexical.Resumo
Este trabalho tem como objetivo analisar como a perspectiva de ambiente estratégico de defesa no século XXI foi reconfigurada ao longo de atualizações do Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN), em relação ao cenário de possível cooperação com países da América do Sul. Para isso, foram discutidos o discurso contido em documentos de defesa nacional, e abordagens de projeção de poder e de dissuasão, e de cooperação na América do Sul. As análises empreendidas basearam-se em um escopo de perspectiva analítica de triangulação, consoante a tipologia VVA proposta por Malamatidou (2018), para analisar dois grupos de dados de documentos de defesa, segundo os aportes teórico-metodológicos de análise de corpora (Cf. TOGNINI-BONELLI, 2001; BERBER-SARDINHA, 2004), análise semântica lexical (L’HOMME, 2020; PEIXOTO; PIMENTEL, 2020) e análise crítica do discurso (FAIRCLOUGH, 2003; RESENDE; RAMALHO, 2016). Os grupos de dados consistem no capítulo “Ambiente Estratégico do Século XXI” da edições de 2012, 2016 e 2020 do Livro Branco de Defesa Nacional (textos diacrônicos); e em todos os documentos de defesa publicados em 2020, quais sejam a Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa Nacional (textos sincrônicos). Os textos sincrônicos e diacrônicos foram analisados e discutidos quanto à densidade temática e aos significados léxico-semânticos associados, quanto aos significados acionais e quanto às convergências discursivas dos métodos de análise utilizados para a pesquisa empreendida neste artigo. Os resultados apontam que houve modulação do discurso acerca do ambiente estratégico do século XXI, de forma que o multilateralismo centrado em cooperação com os países do entorno regional foi reconfigurado a fim de alinhar-se com atividades político-estratégicas associadas a potências tradicionais e potências emergentes. Espera-se que a discussão empreendida seja uma contribuição para vislumbrar caminhos interdisciplinares em relação a pesquisas no âmbito de estudos de defesa.
Referências
ALMEIDA, Carlos Wellington de. (2010), “Política de defesa no Brasil: considerações do ponto de vista das políticas públicas”, Opinião púbica, vol. 16, n. 1: 220-250, jun. 2010.
ANTHONY, Laurence. (2019), AntConc (Version 3.5.8) [programa de computador]. Tokyo, Waseda University. Disponível em: <https://www.laurenceanthony.net/software>. Acesso em: 27 set. 2020.
ANTHONY, Laurence. (2020), AntConc (Windows, Macintosh OS X, and Linux), Build 3.4.3. Disponível em: https://www.laurenceanthony.net/software/antconc/releases/AntConc343/help.pdf Acesso em: 27 set. 2020.
BAKER, Paul; McENERY, Tony. (2015), Corpora and Discourse Studies: integrating discourse and corpora. Hampshire, England: Palgrave.
BRASIL. (1996), Política de Defesa Nacional, Governo Fernando Henrique Cardoso, Coleção Documentos da Presidência da República. Brasília (DF), Presidência da República. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/publi_04/colecao/DEFES.htm>. Acesso em: 27 set. 2010.
BRASIL. (1998), Decreto nº. 2.864, de 7 de dezembro de 1998. Promulga o Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares, assinado em Londres, Moscou e Washington, em 1º de julho de 1968. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2864.htm#:~:text=Cada%20Estado%20nuclearmente%20armado%2C%20Parte,assistir%2C%20encorajar%20ou%20induzir%20qualquer>. Acesso em: 29 set. 2020.
BRASIL. (2005), Política de Defesa Nacional, Aprovada pelo Decreto 5484, de 30 de junho de 2005. Brasília (DF). Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/pdn/index.php?page=home>. Acesso em: 27 set. 2010.
BRASIL. (2008), Estratégia Nacional de Defesa. Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/eventos_temporarios/2009/estrategia/arquivos/estrategia_defesa_nacional_portugues.pdf> Acesso em: 27 set. 2010.
BRASIL. (2010), Lei Complementar nº. 136, de 25 de agosto de 2010. Altera a Lei Complementar nº. 97, de 9 de junho de 1999, que “dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas”, para criar o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e disciplinar as atribuições do Ministro de Estado da Defesa. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 ago. 2010. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp136.htm>. Acesso em: 27 set. 2020.
BRASIL. (2012), Livro Branco de Defesa Nacional. Brasília (DF), 276 p.
BRASIL. (2016), Livro Branco de Defesa Nacional. Versão sob apreciação do Congresso Nacional (Lei Complementar 97/1999, Art. 9º, § 3º). Brasília (DF), 186 p.
BRASIL. (2020a), Balança comercial: estatísticas de comércio exterior. Brasília, DF, 2020. Disponível em: < http://www.mdic.gov.br>. Acesso em: 19 jan. 2020.
BRASIL. (2020b), Livro Branco de Defesa Nacional. Brasília (DF), 195 p.
BRASIL. (2020c), “Estratégia Nacional de Defesa”, in Brasil, Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa, Brasília (DF), p. 28-74.
BRASIL. (2020d), “Glossário”, in Brasil, Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa, Brasília (DF), p. 75-79.
BRASIL. (2020e), “Política Nacional de Defesa”, in Brasil, Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa, Brasília (DF), p. 5-27.
CASTELLS, Manuel. (2018), O poder da identidade: a era da informação, vol. 2, Manuel Castells, tradução de Klauss Brandini Gerhardt, 9ª. Ed. revisada e ampliada. São Paulo/Rio de Janeiro, Paz e Terra.
DENZIN, Norman Kent. (1989), The Research Act: A Theoretical Introduction to Sociological Methods. 3ª. Ed. Englewood Cliffs, Prentice Hall.
FAIRCLOUGH, Norman. (2003), Analysing discourse: textual analysis for social research. Londres: Routledge.
FAIRCLOUGH, Norman. (2016), Discurso e mudança social, coord. trad. revisão e prefácio de Izabel Magalhães. Brasília, Editora Universidade de Brasília.
FLEMES, Daniel. (2010), “A visão brasileira da futura ordem global”, Contexto internacional, v. 32, n. 2, jul./dez., 2010.
FUCCILLE, Alexandre. (2014), “O Brasil e a América do Sul: (re)pensando a segurança e a defesa na região”, Revista Brasileira de Estudos de Defesa, vol. 1, n. 1: 112-146, jul./dez. 2014.
GEERAERTS, Dirk. (2016), “Lexicography and Theories of lexical semantics”, in P. Durkin (org.), The Oxford Handbook of Lexicography, Oxford, Oxford University Press, pp. 425-438.
GODDARD, Cliff C.; WIERZBICKA, Anna A. (2014), Words and Meanings: Lexical Semantics Across Domains, Languages, and Cultures. Oxford: Oxford University Press.
HALLIDAY, Michael Alexander Kirkwood. (1994), An introduction to functional grammar. 2ª. ed. Londres, Edward Arnold.
JÄGER, Margarete. (2017), “Quão crítica é a Análise de Discurso Crítica”, traduzido por Glauco Vaz Feijó, com revisão da tradução por Jacqueline Regis, in V. de M. Resende; J, F. da S. Regis (orgs.), Outras perspectivas em análise de discurso crítica, Campinas (SP), Pontes Editores.
L’HOMME, Marie-Claude. (2020), Lexical Semantics for Terminology: An introduction. Amsterdam / Philadelphia, John Benjamins Publishing Company.
MALAMATIDOU, Sofia. (2018), Corpus triangulation: combining data and methods in corpus-based translation studies. Londres; New York, Routledge; Taylor & Francis Group.
MEDEIROS, Klei P.; VILA BOAS, Vinícius H.; ANDRADE, Enrico M. (2020), “Tendências e desafios da Política Externa de Bolsonaro: resgate do choque das civilizações, declínio da ordem liberal e rupturas internas”, Conjuntura Internacional, vol. 17, n. 1: 10-18, mai. 2020.
PAIVA, Luiz Eduardo Rocha. (2017), “Análise da atualização da Política e da Estratégia Nacional de Defesa de 2016”, Artigos Estratégicos, vol. 2, n. 1, jan/jun, 2017.
PARTINGTON, Alan; MORLEY, John; HAARMAN, Louann (orgs). (2004), Corpora and Discourse. Bern: Peter Lang.
PEIXOTO, Rafaela Araújo Jordão Rigaud. (2019), Avaliação projetada no discurso de chineses e de brasileiros: simulacros culturais. 185 f. Tese (Doutorado em Letras / Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
PEIXOTO, Rafaela Araújo Jordão Rigaud. (2020), “Identity-Nationalism Continuum in the European Union: intercultural relations and geopolitical tensions as triggers for the reshaping of multilateral relations”, in P. W. Almeida (org.), Revista do Centro de Excelência Jean Monnet da FGV Direito Rio, EU-South American School on Global Governance, vol. 11, Rio de Janeiro, FGV, p.193-208.
PEIXOTO, Rafaela Araújo Jordão Rigaud; PIMENTEL, Janine Maria Mendonça. (2020), “Aeronautical Meteorology in Aeronautical Language and in Aviation Language: a hybrid field?”, The Especialist, vol. 42, n. 2: 1-24.
RESENDE, Viviane; RAMALHO, Viviane. (2016), Análise de Discurso crítica, 2ª. Ed, 2ª. Reimpressão. São Paulo: Contexto.
RICHARDSON, Laurel; ST. PIERRE, Elizabeth Adams. (2005), “Writing: A Method of Inquiry”, in N. K. Denzin; Y.S. Lincoln (orgs.), The SAGE Handbook of Qualitative Research, Thousand Oaks (CA), Sage Publications, pp. 959–978.
SAID, Edward W. (1990), Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo, Companhia das Letras.
SARDINHA, Tony Berber. (2004), Lingüística de Corpus. Barueri (SP), Manole.
TEIXEIRA JÚNIOR, Augusto W. M. (2020), “O Entorno Estratégico Brasileiro na Geopolítica das Grandes Potências: a Crise da Venezuela e seus Impactos para o Brasil”, Artigos Estratégicos, vol. 8, n. 1, jan/jun, 2020.
TOGNINI-BONELLI, Elena. (2001), Corpus Linguistics at Work. Amsterdam and Philadelphia, John Benjamins.
VAN DIJK, Teun. (2015), Discurso e poder, 2ª. Ed, 2ª. Reimpressão. São Paulo, Contexto.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Rafaela A J R Peixoto, Karina Coelho Pires

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm">Lei de Direito Autoral n. 9610/98, a Lei nº 5.805/72, bem como os Acordos e Tratados Internacionais de Direito Autoral em vigor no Brasil, quais sejam: Convenção de Berna para a Proteção de Obras Literárias e Artísticas (Decreto Nº 75.699, DE 6 DE MAIO DE 1975), Convenção Universal sobre o Direito de Autor (Decreto Nº 76.905, de 24 DE DEZEMBRO DE 1975), e a Convenção Interamericana sobre os Direitos de Autor em Obras Literárias, Científicas e Artísticas (Decreto Nº 26.675, DE 18 DE MAIO DE 1949).
(2) Os direitos sobre as publicações nesta revista eletrônica pertencem ao(s) autor(es), com direitos de primeira publicação cedidos à Revista Política Hoje. Em virtude do caráter eletrônico da revista, os artigos são de uso gratuito em aplicações educacionais, sem fins comerciais e disponibilizados na Internet no site da revista.