População Penitenciária: necropolítica e a pandemia do novo coronavírus (Covid-19)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2179-7501.2020.247873

Palavras-chave:

prisões, necropolítica, coronavírus, solidariedade

Resumo

O presente ensaio propõe reflexões sobre os impactos e consequências do coronavírus no sistema penitenciário brasileiro, analisando à luz do conceito de necropolítica as medidas adotadas nos níveis federal e estadual para lidar com o cenário pandêmico, desvelando a construção de uma narrativa que sustenta a não solidariedade a determinados grupos sociais. Ao tomarmos a necropolítica enquanto um operador analítico dos efeitos mortais materializados pelas atuais políticas de segurança pública no país, endereçadas especialmente a pessoas negras e pobres, apostamos na ideia de que o total descaso do Estado brasileiro na implementação de medidas efetivas de saúde para com a sua população prisional compõe um fio poderoso de eliminação desses corpos matáveis. Em contrapartida, para a superação desse modelo, sugere-se a construção de políticas de proteção à vida, realocando esses indivíduos na hierarquia de humanidade, entendendo que o crime é apenas uma parte da história de pessoas.

Biografia do Autor

Elias Fernandes Mascarenhas Pereira, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco. Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias, Petrolina -PE. eliasmasc12@gmail.com 

Laerte de Paula Borges Santos, Universidade Federal de Pernambuco

Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco. Pesquisador vinculado ao Laboratório de Estudos da Sexualidade Humana (LABESHU/UFPE),  Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias, Petrolina -PE. laertedepaula13@gmail.com

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Publicado

06-01-2021