Emergência, Cuidado e Assistência à Saúde de Crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus: notas sobre os serviços de saúde e a atuação das mães em Pernambuco

Autores

  • Marion Teodósio de Quadros UFPE
  • Silvana Sobreira de Matos UFPE
  • Ana Cláudia Rodrigues da Silva UFPE

DOI:

https://doi.org/10.51359/2525-5223.2019.245245

Palavras-chave:

Zika vírus, saúde pública, cuidado, gênero, maternidade

Resumo

O nascimento de crianças com Síndrome Congênita do Zika vírus (SCZ), especialmente na região Nordeste, fez com que Pernambuco, o Brasil e a OMS decretassem emergência em saúde pública. Este artigo aborda sobre algumas das continuidades e descontinuidades percebidas em relação à assistência durante o estado de emergência em saúde pública e após a sua finalização, apreciando como a Secretaria Estadual de Saúde (SES) respondeu ao fim da epidemia e o peso social da doença para as mães, no processo de descoberta e tratamento da SCZ das crianças, comparando depoimentos e observações de profissionais e mães de crianças com SCZ, em Pernambuco, epicentro da epidemia. Integra a pesquisa antropológica ‘Etnografando cuidados’, iniciada em 2016. O primeiro e segundo itens refletem sobre as ações institucionais, principalmente da SES. O terceiro item enfatiza como as mães das crianças com SCZ percebem o que lhes chega pelos serviços públicos de assistência.

Biografia do Autor

Marion Teodósio de Quadros, UFPE

Professora Associada do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Departamento de Antropologia e Museologia (UFPE)

Silvana Sobreira de Matos, UFPE

Pesquisadora bolsista de Pós-Doutorado na Pós-Graduação em Antropologia, Departamento de Antropologia e Museologia (UFPE)

Ana Cláudia Rodrigues da Silva, UFPE

Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Departamento de Antropologia e Museologia (UFPE)

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Publicado

2020-04-28

Edição

Seção

Artigos