Dimensões da pesca na comunidade quilombola de Mangueiras (Ilha do Marajó, Pará): características, conhecimentos tradicionais e cosmologias
DOI:
https://doi.org/10.51359/2525-5223.2021.246856Schlagworte:
Sociobiodiversidade, Pesca artesanal, Povos tradicionais, Cultura, AmazôniaAbstract
Este trabalho foi desenvolvido na comunidade quilombola de Mangueiras, localizada no município de Salvaterra, na Ilha do Marajó, estado do Pará, com o objetivo de caracterizar os recursos pesqueiros de importância alimentar e as práticas utilizadas na pesca artesanal, bem como as sociabilidades que envolvem essa atividade e ainda evidenciar o domínio cultural da comunidade sobre a pesca. Foram entrevistadas/os 21 pescadoras e pescadores para a elaboração da lista livre dos peixes. Os principais instrumentos da metodologia empregada foram entrevistas abertas, entrevistas semiestruturadas, observação participante, turnês guiadas por pescadores locais e a técnica da listagem livre. Para análise da lista livre foi utilizado o índice de saliência de Smith. O programa ANTHROPAC 4.8 foi utilizado para o tratamento estatístico dos dados. Os resultados obtidos evidenciaram que os pescadores e pescadoras mantêm uma constante transmissão de conhecimentos, propiciada através do contato cotidiano com os peixes e com o rio desde a infância. O conhecimento tradicional faz parte da identidade e cultura do quilombo, território dominado por atores sociais conhecedores contumazes das espécies de peixes, distinguindo-os por seu habitat, preferências alimentares e comportamentos.
Literaturhinweise
ALBUQUERQUE, U., LUCENA, R. & CUNHA, L. 2010. “Métodos e técnicas de coleta de dados etnobiológicos”. In ALBUQUERQUE, U. & LUCENA, R. (eds.): Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica, pp. 41-64. Recife: Ed. NUPPEA.
ALENCAR, Edna. 2014. “Questões de Gênero em Projetos de Manejode Recursos Pesqueiros na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá”. In LEITÃO, M. (ed.): Pesca, turismo e meio ambiente, pp. 123-143. Recife: EDUFRPE.
ALENCAR, E. & SOUSA, I. 2017. “Aspectos Socioambientais da Pesca Manejada de Pirarucus (Arapaima gigas) no Sistema de Lagos Jutaí-Cleto”, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, AM”.Amazônica: Revista de Antropologia, 9(1):36-71.
ALONSO-POBLACIÓN, E. 2014. O mar é femia.Riesgo y trabajo entre los pescadores de una villa costera gallega. Madrid: Ministerio de Educación, Cultura y Deporte.
ARRUDA, J. et al. 2018. “Conhecimento ecológico tradicional da ictiofauna pelos quilombolas no Alto Guaporé, Mato Grosso, Amazônia meridional, Brasil”.Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 13(2):315-329.
BARBOZA, R. & PEZZUTI, J. 2011. “Etnoictiologia dos pescadores artesanais da Resex Marinha Caeté-Taperaçu, Pará: aspectos relacionados com etologia, usos de hábitat e migração de peixes da família Sciaenidae”.Sitientibussérie Ciências Biológicas, 11(2):133-141.
BARROS, Flávio. 2012. “Etnoecologia da pesca na Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio-Terra do Meio, Amazônia, Brasil”. Amazônica: Revista de Antropologia, 4(2):286-312.
BEGOSSI, Alpina. 1992. “Food taboos at Buzios Island (Brazil): their significance and Telanon to folk medicine”. Journal of Ethnobiology, 12(1):117-139.
BEGOSSI, A. & FIGUEIREDO, J. L. 1995. “Ethnoichthyology of southern coastal fishermen: cases from Búzios Island and Sepetiba Bay (Brazil)”.Bulletin of Marine Science, 56(2):710-717.
BELTRÃO, H. & SOARES, M. G. 2018. “Variação temporal na composição da ictiofauna do lago e igarapés da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Tupé na Amazônia Central”. Biota Amazônia (Biote Amazonie, Biota Amazonia, Amazonian Biota), 8(1):34-42.
BERNARD, Harvey. 1988. Research methods in cultural anthropology.Newbury Park: Sage.
BRASIL. 2007. Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), Decreto Presidencial Nº 6.040-2007 de 07 de fevereiro de 2007.
BRUMER, A. et al. 2008. “A elaboração de projeto de pesquisa em ciências sociais”. In GUAZZELLI, C. & PINTO, C. (eds.). Ciências humanas: pesquisa e método, pp. 125-147. Porto Alegre: UFRGS.
CLAUZET, M., RAMIRES, M. & BARRELLA, W. 2005. «Pesca artesanal e conhecimento local de duas populações caiçaras (Enseada do Mar Virado e Barra do Una) no litoral de São Paulo, Brasil”. Multiciência, 4(1):1-22.
COSTA-NETO, Eraldo. 2000. “Restrições e preferências alimentares em comunidades de pescadores do município de Conde, Estado da Bahia, Brasil”.Revista de Nutrição, 13(2):117-126.
COSTA-NETO, E. & MARQUES, J. G. 2000. “Conhecimento ictiológico tradicional e a distribuição temporal e espacial de recursos pesqueiros pelos pescadores de Conde, Estado da Bahia, Brasil”.Etnoecológica, 4(6):56-68.
DIEGUES, Antonio. 2004. A pesca construindo sociedades. São Paulo: NUPAUB.
DIEGUES, Antonio. 1988. Pesca artesanal no litoral brasileiro: cenários e estratégias para a sua sobrevivência. São Paulo: Instituto Oceanográfico.
DIEGUES, Antonio. 1983. Pescadores, camponeses e trabalhadores do mar. São Paulo: Editora CEMAR-USP.FARIAS, Márcia. 2001. Pesca e sazonalidade no Camacho/SC: um estudo de modos de vida em deslocamento. Dissertação de Mestrado. Florianópolis: UFSC.
FURTADO, Lourdes G. 2006. “Origens pluriétnicas no cotidiano da pesca na Amazônia: contribuições para projeto de estudo pluridisciplinar”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 1(2):159-172.
GEERTZ, Clifford. 1989. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar.
GOULDING, Michael. 1980. The fishes and the forest: explorations in Amazonian natural history. Berkeley: University of California Press.
HAHN, N., ALMEIDA, V. & LUZ, K. 1997. “Alimentação e ciclo alimentar diário de Hoplosternum littorale (Hancock) (Siluriformes, Callichthyidae) nas lagoas Guaraná e Patos da Planície do Alto Paraná, Brasil”.Revista Brasileira de Zoologia,14(1):57-64.
JUNK, Wolfgang. 1983. “A ictiofauna da Região Amazônica”. In Salati, E. et al.(eds.): Amazônia: Desenvolvimento, Integração e Ecologia, pp. 45-100. Brasília: Editora Brasiliense.
LOWE-MCCONNELL, Rosemary. 1987. Ecological Studies in Tropical Fish Communities. Cambridge University Press.
MACHADO, Denise. 2007. “Catadoras de caranguejo e saberes tradicionais na conservação de manguezais da Amazônia brasileira”.Estudos Feministas, 15(2):485-490.
MARQUES, José Geraldo. 1991. Aspectos ecológicos na etnoictiologia dos pescadores do complexo estuarino-lagunar Mandau-Manguaba, Alagoas. Tese de Doutorado. Campinas: UNICAMP.
MARQUES, José Geraldo. 2001. Pescando pescadores: ciência e etnociência em uma perspectiva ecológica. São Paulo: NUPAUB/USP.
MIRANDA, W. & CRESCÊNCIO, R. 2008. Reprodução do tamoatá (Hoplosternum littorale) por manipulação ambiental. Trabalho apresentado na Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental, 3, Manaus-AM.
MURRIETA, Rui. 2001. “A mística do Pirarucu: pesca, ethos e paisagem em comunidades rurais do baixo Amazonas”.Horizontes Antropológicos, 7:16):113-130.
NAZAREA, Virginia. 1999. “Introduction. A view from a point: Ethnoecology as situated knowledge”. In NAZAREA, V. (ed.): Ethnoecology: situated knowledge/located lives. Editado por Virginia Nazarea, pp. 3-20. Arizona: The University of Arizona Press.
OLIVEIRA, J. & FREITAS, J. 1996. “Toxicidade de peixes tetraodontídeos (Osteichthyes, Teleostei): dados preliminares”. Trabalho apresentado no Simpósio de Biologia Marinha, São Sebastião-SP.
PAZ, V. & BEGOSSI, A. 1996. “Ethnoichthyology of Gaiviboa fishermen of Sepetiba bay, Brazil”.Journal of Ethnobiology, 16(2):157-168.
PRADO, D. et al. 2017. “Preferências, tabus alimentares e uso medicinal de peixes na reserva de desenvolvimento sustentável Barra do Una, São Paulo”.Ethnoscientia, 2(1):1-15.
RAMIRES, M., MOLINA, S. & HANAZAKI, N. 2007. “Etnoecologia Caiçara: o conhecimento dos pescadores artesanais sobre aspectos ecológicos da pesca”.Biotemas, 20(1):101-113.
ROMNEY, A. & WELLER, S. 1984. “Predicting informant accuracy from patterns of recall among individuals”.Social Networks, 6(1):59-77.
SÁ-OLIVEIRA, J. & CHELLAPPA, S. 2002. “Fecundidade e tipo de desova do tamuatá, Hoplosternum littorale Hancock (Osteichthyes, Siluriformes) no Rio Curiaú, Macapá, Amapá”. Revista Brasileira de Zoologia, 19(4):1053-1056.
SABOURIN, Eric. 2008. “Marcel Mauss: da dádiva à questão da reciprocidade”. Revista Brasileira de Ciências Sociai, 23(66):131-139.
SANTOS, L., GONZALEZ, A. & ARAÚJO, F. 2001. “Dieta do tucunaré-amarelo Cichla monoculus (Bloch & Schneider) (Osteichthyes, Cichlidae), no reservatório de Lajes, Rio de Janeiro, Brasil”.Revista Brasileira de Zoologia, 18(1):191-204.
SAUTCHUK, Carlos Emmanuel. 2007. O arpão e o anzol: Técnica e pessoa no estuário do Amazonas (Vila Sucuriju, Amapá).Tese de Doutorado. Brasília: UNB.
SILVA, Andréa. 2007. “Comida de gente: preferências e tabus alimentares entre os ribeirinhos do Médio Rio Negro (Amazonas, Brasil)”.Revista de Antropologia, 50(1):125-179.
SILVANO, Renato. 1997. Ecologia de três comunidades de pescadores do rio Piracicaba (SP). Dissertação de Mestrado. Campinas: UNICAMP.
TOLEDO, Victor. 1992. “What is ethnoecology? Origins, scope and implications of a rising discipline”.Etnoecológica, 1(1):5-21.
TOLEDO, V. & BARRERA-BASSOLS, N. 2009. “A etnoecologia: uma ciência pós-normal que estuda as sabedorias tradicionais”. Desenvolvimento e Meio Ambiente, 2(20):31-45.
VAZZOLER, Anna. 1996. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: Teoria e prática.Maringá: EDUEM/ SBI.
Downloads
Veröffentlicht
Ausgabe
Rubrik
Lizenz
Direitos Autorais para textos publicados na Revista ANTHROPOLÓGICAS são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista.
Authors retain the copyright and full publishing rights without restrictions.
