Feiticeiros, ‘obras’ e bruxarias do desenvolvimento
licenciamento ambiental como ritual de iniciação e sacrifício
DOI:
https://doi.org/10.51359/2525-5223.2024.264631Palabras clave:
licenciamento ambiental, ritual, sacrifício, iniciação, desenvolvimentoResumen
O texto propõe pensar o chamado licenciamento ambiental como um ritual, evento que se destaca da rotina cotidiana e que passa a ser vivido como um drama social. Tendo um sentido esperado, embora não pré-definido, este constitui um modo de organização da sociedade que se realiza através do ordenamento de ações referidas a fins sociais específicos. Para tanto, ao menos dois ritos devem ser cumpridos: sacrifício e iniciação. O primeiro se efetiva após a consumação de uma complexa cadeia de eventos cujas cenas e papéis de seus protagonistas serão descritos ao longo do texto. Já no segundo, a passagem pelo licenciamento incute nos sacrificados uma condição de liminaridade entre um antes e depois do empreendimento, mas também entre a vida fora e dentro dele. Prisão perversa que faz com que, apesar das pessoas não desejarem ser ‘atingidas’ no sentido corporificado do termo, as leva a buscar ser assim reconhecidas juridicamente.
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