Duplos Funerais: quando a morte encontra o morto em contextos transnacionais
DOI:
https://doi.org/10.51359/2525-5223.2020.246234Palavras-chave:
Duplos funerais, Comparação, Morte, Transnacionalismo, MigraçãoResumo
Na literatura antropológica são poucas as análises etnográficas sobre o fenômeno da morte em contextos transnacionais, apesar da antropologia ser uma das ciências sociais que mais tem refletido sobre a morte. Buscando diminuir esta lacuna, apresentamos aqui uma reflexão comparativa entre três diferentes situações de rituais de morte ocorridos em contextos transnacionais. A primeira situação acontece na Inglaterra entre imigrantes bengaleses, descrita pela antropóloga britânica Katy Gardner; a segunda ocorre no Suriname, sendo analisada por Ivon van der Pijl, antropóloga holandesa; a terceira, ocorrendo na Holanda, entre imigrantes brasileiros, tratando-se dos nossos dados de pesquisa. Com isso, procuramos identificar as distinções e aproximações entre os três diferentes casos, argumentando que, em determinados contextos transnacionais, no advento da morte de um migrante, através da performance de parte de familiares e/ou comunidades, instaura-se o que aqui problematizamos e categorizamos como o ritual de ‘duplo funeral’.
Referências
BAAR, Mirjam de (2010). “‘Wat maakt youw uitvaart uniek?’ Over kerkelijke en vrije afscheidsrituelen rond dood en begraven”. In KROESEN, J., KUIPER, Y. & NANNINGA, P. (eds.): Religie en cultuur in hedendaags Nederland: observaties en interpretaties, pp. 35-43. Assen: Van Gorcum.
BLOK, L. et al. 2018. Dood op maat Over rituelen en herdenkingen rondom overlijden. Relatório de Pesquisa. Nijmegen: Radboud Universiteit.
BLOCH, M. & PARRY, J. 1982. Death and Regeneration of Life. Cambridge/London/New York: Cambridge University Press.
BRAVO, Vanessa. 2017. “Coping with dying and deaths at home: how undocumented migrants in the United States experience the process of transnational grieving”. Mortality, 22(1):33-44.
CAPPERS, Wim. 2014. “Aan deze zijde van de dood. Funeraire componenten van seculariserende cultuurlandschappen in Nederland 1576-2010”. Jaarboek voor liturgieonderzoek, 30:263-276.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. 1978. Os Mortos e os Outros: uma análise do sistema funérario e da noção de pessoa entre os índios Krahó. São Paulo: Hucitec.
CHAUMEIL, Jean-Pierre. 1997. “Les Os, les Flûtes et les Morts: mémoire et traitement funéraire en Amazonie”. Journal de la Société des Américanistes, 83:83-110.
DANFORTH, Loring M. 1982. The Death Ritual of Rural Greece. Princeton: Princeton University Press.
FABIAN, Johannes. 1972. “How Others Die - Reflections on the Anthropology of Death”. Social Research, 39(3):543-567.
GARDNER, Katy. 20020 “Death of a migrant: transnational death rituals and gender among Britsh Sylhetis”. Global Networks, 2(3):191-204.
HEESSELS, Meike. 2012. “Het thuisbrengen van de doden in Nederland”. Jaarboek voor liturgieonderzoek, 28:267-275.
HERTZ, Robert. 1907[1905-1906]. “Contribution à une Étude sur la Représentation Collective de la Mort”. L’Année Sociologique, 10:48-137.
MARTINS, Andrea D. 2012. “Relocalização da Religião em Contexto Transnational: o caso da igreja católica de língua portuguesa em Haia, Holanda”. In ORO, A., STEIL, C. & RICKLI, J. (eds.): Transnationalização religiosa: fluxos e redes, pp. 145-156. São Paulo: Editora Terceiro Nome.
MATHIJSSEN, B. & VENHORST, C. 2019. Funerary Practices in The Netherlands. Groningen/ Bingley: University of Groningen/ Emerald Publishing Limited.
MATHIJSSEN, Brenda. 2017. “Zin- en Vormgeven aan de Dood Rituele Praktijken en Situationele Geloofsvoorstellingen van Nabestaanden in Nederland”. Yearbook for Ritual and Liturgical Studies, 33:92-104.
METCALF, P. & HUNTINGTON, R. 1992. Celebrations of Death: the anthropology of mortuary ritual. Cambridge: Cambridge University Press.
MOORSELAAR, Thijs van. 2019. De Nederlandse Uitvaartcultuur: Een antropologische kijk op de betekenis van crematie-as en de relatie tussen de levenden en de doden. Dissertação de Mestrado. Leiden: Leiden Universiteit.
OLWIG, Karen. 2009. “A Proper Funeral: contextualizing community among Caribbean migrants”. Journal of the Royal Anthropological Institute, 15(NS):520-537.
PIJL, Ivon van der. 2016. “Death in the family revisited: ritual expression and controversy in a Creole transnational mortuary people”. Ethnography, 17(2):147-167.
REESINK, Mísia Lins. 2003. Les Passages Obligatoires: cosmologie catholique et mort dans le quartier de Casa Amarela, à Recife (Pernambuco - Brésil). Tese de Doutorado. Paris: École des Hautes Études em Sciences Sociales.
REESINK, Mísia Lins. 2015. “Minha Língua, Minha Fé, Minha Igreja: ser católico estrangeiro de língua portuguesa na Holanda”. In RODRIGUES, D. & ORO, A. (eds.): Transnacionalização religiosa: religiões em movimento, pp. 197-224. Porto Alegre: Cirkula.
REESINK, Mísia Lins. 2016. Morte, Católicos, Imaginário: rituais e representações de morte em Casa Amarela (Recife). Recife: EdUFPE.
REESINK, Mísia Lins. 2018. “Imigrantes Oriundos dos PALOP e Comunidades Católicas de Língua Portuguesa na Holanda”. In MOTTA, A., LOBO, A. & TRAJANO FILHO, W. (eds.): África Fora de Casa, pp. 1-30. Brasília/Recife: ABA Publicações/ EDUFPE.
REESINK, Mísia Lins. 2020. Primeiras reflexões sobre rituais fúnebres a partir dos Países Baixos. Conexões com o Brasil em tempos de Covid-19. Trabalho apresentado na “Live da Revista M”, junho.
RODRIGUES, José Carlos. 1983. Tabu da Morte. Rio de Janeiro: Achiamé.
THOMAS, Louis-Vincent. 1975. Anthropologie de la Mort. Paris: Payot.
TURNER, Terence. 1991. “‘We Are Parrots’, ‘Twins Are Birds’: Play of Tropes as Operational Structure”. In FERNANDEZ, J. (ed.):Beyond Metaphor: The Theory of Tropes in Anthropology, pp. 121-158. Stanford: University of Stanford Press.
TURNER, Victor. 1980. “Social Dramas and Stories about Them”. Critical Inquiry, 7(1):141-168
VAN GENNEP, Arnold. 1969[1909]. Les Rites de Passage: études systématiques des rites... . Paris: Mouton & Co/ Maison des Sciences de l’Hommes.
WILS, Jean-Pierre. 2009. “Rituelen van de dood - Een verkenning”. Tijdschrift voor Theologie, 49(3):225-236.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais para textos publicados na Revista ANTHROPOLÓGICAS são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista.
Authors retain the copyright and full publishing rights without restrictions.