Tambor na Guma é festa na Mina

Autor/innen

  • Alessandro Ricardo Campos UFPE

Schlagworte:

Tambor de Mina Paraense, Comunidade de terreiro, Casa de Mina dois Irmãos, Festa afro-religiosa, Música sacra afro-religiosa.

Abstract

“Sem som, sem tambor, meu filho... não existe cerimônia, não existe festa. É preciso que o toque esteja certinho... bonito para que os Voduns se cheguem e fiquem felizes”, me diz calmamente a sábia Mãe Lulu, chefia atual da Casa de Mina Dois Irmãos, a mais antiga casa de Tambor de Mina de Belém, fundada em 1890, em uma das tardes agradáveis que estive com ela. As festas são pontos centrais e muito importantes para a integração, íntima, entre filhos e filhas, mães e pais-de-santo, divindades e a própria comunidade que existe em torno do terreiro. Nelas, laços são refeitos, fortalecidos e questões resolvidas. São situações únicas, marcadas pela alegria e respeito. A música tem um papel central nisso tudo. É ela que anima, dá o ritmo, chama os Voduns, Guias, Encantados e Caboclos para bailar na guma e é ela, ainda, quem os manda de volta quando chega a hora. É ao som do toque dos tambores e dos cantos que os adeptos entram em transe. Sua função é executar a música sacra que irá transformar a rotina de uma comunidade-terreiro em um mundo extraordinário habitado por deuses e ancestrais (PESSOA DE BARROS, 2005).

Quem cadencia e rege a “Orquestra Ritual” são os tambores. Tratados como entidades, que os são realmente: comem, bebem e são reverenciados com muito respeito, são cercados de tradições e tabus, desde a sua fabricação, até sua consagração e utilização. Suas cores e ornamentos vão depender da divindade ao qual foi consagrado e a qual festa/ritual está ocorrendo. Possuem tal importância que em algumas situações o próprio termo “Tambor” designa a própria religião. Quando se diz “vai ter tambor”, “ser do tambor” ou “bater tambor” significa que vai ter ritual, festa e pertencer a uma religião afro-brasileira.

As orquestras rituais Mina-Nagô, como é conhecida a Mina Paraense, são comandadas pelos Abatazeiros, Tamboreiros ou Alagbês. A eles cabem a manutenção, afinação e conservação dos instrumentos, bem como a iniciação dos mais jovens nessa arte, além de providenciar as cerimônias de consagração de um Tambor. Este ensaio fotográfico é composto por fotografias que foram capturadas no percurso da pesquisa antropológica desenvolvida na Casa de Mina Dois Irmãos.

 

Ficha técnica:

Autor: Alessandro Ricardo Campos

Fotografias: Alessandro Ricardo Campos

Curadoria: Alessandro Ricardo Campos

 

Tambor na Guma é festa na Mina

Veröffentlicht

2024-02-08

Ausgabe

Rubrik

Ensaios Fotográfico