“Técnicas, objetos e saberes de famílias camponesas produtoras de doces de frutas de Pelotas (RS)”
Mots-clés :
Tradição, Cultura, Alimentação, Objetos.Résumé
Este ensaio fotográfico apresenta alguns dos resultados do projeto de pesquisa Saberes, Sabores e Imagens da Colônia, conduzido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Alimentação e Cultura (GEPAC - https://www.ufrgs.br/gepac/), em parceria com o Laboratório de Estudos Agrários e Ambientais (LEAA) e o Laboratório de Ensino, Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem e do Som (LEPPAIS), associados ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGAnt/UFPel), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). O trabalho é resultado de pesquisa etnográfica realizada entre janeiro e março de 2016 junto a famílias agricultoras produtoras de doces de frutas do município de Pelotas, localizado no extremo sul do Rio Grande do Sul. Tomando o estudo da alimentação como abordagem e entendendo os objetos materiais como parte integrante da vida social, procuramos identificar e registrar os utensílios e técnicas pertencentes ao universo da tradição doceira da zona rural de Pelotas. Esta tradição doceira está associada à produção de doces como passas, geleias, pastas, doces em calda e cristalizados, produzidos especialmente a partir de frutas como figo, pêssego, laranja, uva, banana, goiaba, entre outras.
A produção artesanal de doces de frutas é uma tradição mantida por famílias rurais de distintas origens étnicas, especialmente pelos descendentes de imigrantes alemães, franceses, italianos, poloneses e pomeranos, que se instalaram nessa região em meados do século XIX. A produção de doces de fruta é uma atividade que compõe o modo de vida de cerca de cinco mil famílias rurais da região, sendo realizada em grande medida a partir de cozinhas domésticas ou em pequenas fábricas de doce.
Contudo, apesar de toda importância histórica, econômica e cultural, a continuidade da produção artesanal de doces de frutas encontra-se em risco, dado que as famílias produtoras vêm sendo pressionadas por órgãos de fiscalização sanitária para adequar a produção às normas previstas na legislação. Nesse contexto, os modos de fazer artesanal e utensílios domésticos tradicionais usados na elaboração dos doces como, por exemplo, tachos de cobre, formas de madeira, pás e colheres de madeira, são proibidos pela legislação sanitária por não se enquadrarem em uma suposta lógica da industrialização, passando, por isso, a ser classificados como inadequados, associados a processos de produção considerados atrasados. As imagens evidenciam a presença de uma tradição doceira permeada por técnicas e formas de saber tanto artesanais como industriais. No contexto observado, muitos agricultores seguem desafiando o Estado, resistindo às formas industriais de produção e reproduzindo um saber-fazer secular na produção artesanal de doces de frutas.
Ficha técnica:
Autores: Evander Eloi Krone (PPGA/UFPE) & Renata Menasche (PPGAnt/UFPel)
Fotografias:Evander Eloi Krone
Direção, Edição de Imagem e Texto: Evander Eloi Krone & Renata Menasche

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