Cestos e cestarias

As fibras de Cipó na comunidade Lagoa de Fora, São Raimundo Nonato, Piauí

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.51359/2526-3781.2024.264498

Mots-clés :

comunidade Lagoa de Fora, artesanato, cestaria, fibras vegetais, manifestação cultural

Résumé

Localizada no semiárido piauiense, a comunidade Lagoa de Fora (Ribeiro, 2023; Paes, 2022; Negreiros, 2024; Leal, et, al, 2023; Linke et al, 2024), pertencente ao município de São Raimundo Nonato, no Piauí, é constituída de inúmeras maneiras de lidar com a terra e os recursos que a mesma produz, exemplo disso é o uso das fibras vegetais do cipó, planta presente no bioma caatinga e em outras regiões do brasil. As fibras, desde tempos históricos, são utilizadas na comunidade para confecção de cestos e diversos outros utensílios, esses possuindo as mais variadas formas, tamanhos e empregabilidade, dependendo da necessidade. Os aiós, são produtos fabricados a partir das fibras do cipó, que são cestos maiores, cujo emprego é a facilitação e transportes das raízes de mandioca das roças para as casas de farinha, carregados em animais, como os jumentos, são um dos belos exemplos dessa fabricação cestual, que proporcionada por essa memória segue ainda presente na comunidade, mesmo que de forma não tão latente e assídua. Nesse sentido, as fibras são empregadas há dezenas de anos na produção artesanal comunitária em Lagoa de Fora. Com o passar dos anos, as novas gerações foram historicamente perdendo o contato com essa produção, tendo como motivos a escassez da fibra na região, devido a falta de recursos hídricos, e própria ausência da necessidade do uso e confecção desses utensílios na atualidade, que há muito tempo se configurou como imprescindível nas dinâmicas da comunidade, sobretudo quando se trata das casas de farinha, espaços esses que demandavam muitas articulações com utensílios de armazenamento de derivados da mandioca, como a farinha, a tapioca. Pensando nisso, a equipe organizadora do evento: I Feira de Cultura de Lagoa de Fora, promoveu, no dia 19 de fevereiro, uma oficina de produção e confecção de cestarias em diferentes formas e estilos. Na ocasião foram convidados dois artesãos da comunidade que desde jovens confeccionam essas materialidades, o senhor Luiz Gonzaga e o senhor Sidney de Negreiros, dessa forma o intuito e propósito da oficina foi a promoção dos conhecimentos e técnicas a respeito desse saber fazer. Dito, isso, o público pôde, durante o período da oficina, participar ativamente em um diálogo direto com os artesãos, sendo por eles orientados no que compete a distribuição e existências de técnicas, e assim, puderam confeccionar, de forma experimental os cestos e cestinhos de cipó, e manusear as fibras vegetais do cipó. Esse momento de partilha de conhecimento foi de primordial relevância para manutenção dos saberes locais, das memórias acerca desse saber fazer artesanal na comunidade.

Bibliographies de l'auteur-e

Vanessa Linke Salvio, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Doutora em Arqueologia e docente no colegiado de Arqueologia e Preservação Patrimonial (CARQUEOL) na Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf e no Programa de Pós-Graduação em Arqueologia (PPARQUE-UNIVASF).

Henrique Alcantara e Silva, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre em Antropologia com área de concentração em Arqueologia pelo Programa de Pós- Graduação em Antropologia (PPGAN) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Nailton Negreiros Ribeiro, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Mestrando em Arqueologia – Programa de Pós-Graduação em Arqueologia (PPARQUE) – Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Samara Sandra de Negreiros Paes , Universidade Federal do Vale do São Francisco

Arqueóloga e Preservadora Patrimonial - Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Tamires Alves de Negreiros, Pesquisadora comunitária

Pesquisadora comunitária

Waldimir Maia Leite Neto, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Docente no colegiado de Arqueologia e Preservação Patrimonial (Carqueol) na Universidade Federal do Vale do São Francisco - Univasf e no Programa de Pós-Graduação em Arqueologia (PPARQUE-UNIVASF)

Taís Ketlyn de Souza Santos, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Arqueóloga e Preservadora Patrimonial - Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).

Références

LINKE, Vanessa; MIRANDA, Alencar; LEITE NETO, Waldmir Maia; ALCANTARA, Henrique; RIBEIRO, Nailton; PAES, Samara; DE NEGREIROS, Tamires; DE NEGREIROS, Edna. Tecituras Colaborativas sobre seres, coisas e paisagem: uma abordagem da arqueologia do presente no povoado Lagoa de Fora . Relatório de Pesquisa (Arquivado no IPHAN). 2024

LEAL, Natacha Simei; NEGREIROS, Luiz Alex Guerra; MIRANDA, Raíssa Barberino; CAFÉ. Fernanda. Criação, água e Parentesco. Trajetórias e genealogias da família Negreiros no Povoado de Lagoa de Fora, São Raimundo Nonato- PI. Cadernos de Campo (São Paulo, online) Vol 32 n.2. USP. 2023: 1-16.

NEGREIROS, Luis Alex Guerra. 2014. O catolicismo popular na comunidade de Lagoa de Fora, Zona Rural de São Raimundo Nonato-PI (1968-2014). Monografia, História, UESPI, São Raimundo Nonato.

PAES, Samara de Negreiros. “Essa água não via pesinho”: Estruturas Materiais e Narrativas sobre coleta de água em Lagoa de Fora, São Raimundo Nonato, Piauí. Trabalho de conclusão do Curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial da Univasf. 2022.

RIBEIRO, Nailton Negreiros. As primeiras ocupações da Família Negreiros em Lagoa de Fora, Piauí: Mapeamento, Materialidades e Narrativas. Trabalho de conclusão do Curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial da Univasf. 2023.

Publié-e

2024-12-30