Da "Populaça Desenfreada" à Catimbolândia: controles do medo branco no Recife (1855-1937)

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DOI:

https://doi.org/10.51359/2238-6211.2024.260451

Schlagworte:

medo branco, "populaça desenfreada", Catimbolândia, Recife (1855-1937)

Abstract

O trabalho revisita o controle e a repressão do medo branco no Recife entre os séculos XIX e XX, desde a construção da Casa de Detenção, em 1855, até o período de atuação de médicos-psiquiatras do Hospital de Alienados da Tamarineira sobre os afro-religiosos da cidade, entre 1932 e 1937, seguido do advento do Estado Novo no Brasil e do recrudescimento da repressão policial contra os xangôs em Pernambuco. Portanto, resgata-se a transferência de um controle panóptico sobre escravizados, livres e libertos nos bairros centrais do Recife, e, assim, na chamada “Populaça Desenfreada” (zona de mocambos de São José), para um controle médico-psiquiátrico no território da “Catimbolândia”, já no contexto republicano e no âmbito do deslocamento dos terreiros do centro urbano para os arredores ao norte do Recife, durante a modernização e expansão da cidade no começo do século XX. Na contramão destes controles, rememora-se uma malha de táticas de resistência dos afro-religiosos, concebida como territorialidades contrárias às opressões do sistema escravagista e aos procedimentos científicos da modernidade. 

Autor/innen-Biografie

Bruno Maia Halley, Universidade Federal de Roraima

Docente efetivo da Licenciatura em Educação do Campo - LEDUCARR da Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Literaturhinweise

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VAI SER RESTRINGIDA A LICENÇA PARA OS TOQUES NOS XANGÔS – A POLÍCIA BAIXARÁ UMA PORTARIA A RESPEITO. Diário de Pernambuco. Recife, 23 de julho de 1935.

Veröffentlicht

2024-08-19

Zitationsvorschlag

Halley, B. M. (2024). Da "Populaça Desenfreada" à Catimbolândia: controles do medo branco no Recife (1855-1937). Revista De Geografia, 41(2), 322–339. https://doi.org/10.51359/2238-6211.2024.260451