Expansão agrícola em fragmentos da mata atlântica do nordeste do Brasil e seus impactos sobre liquens

Abstract

A expansão agrícola e urbana vem comprimindo e erradicando áreas de florestas nativas, levando à perda da biodiversidade e extinção das espécies. Na mata Atlântica do Nordeste Brasileiro o cultivo da cana-de-açúcar domina a paisagem, onde ainda restam fragmentos do bioma. Apesar de muitos estudos com os organismos componentes da mata Atlântica e os efeitos da ação humana serem objeto de muitas pesquisas, pouco se conhece acerca dos efeitos de borda na ocorrência e preferência de habitats por liquens. Neste estudo objetivou-se correlacionar a preferência de liquens pela borda, centro ou ampla distribuição em três fragmentos florestais (São Braz, Café e Xangô) da reserva Biológica de Gurjaú, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco (Brasil). Liquens foram coletados e identificados por caracteres morfológicos e químicos. Espécimes foram georreferenciados e determinada sua preferência. Observou-se que a maioria das espécies e famílias tiveram preferência pela borda do fragmento, seguida pela ampla distribuição, o que se explica pela penetração da luz solar causada pelo desflorestamento. Por outro lado, foi possível determinar serem alguns fragmentos mais conservados do que outros. Dendrogramas de correlação entre as preferências de habitats demonstraram que os fragmentos têm poucas espécies em comum, no entanto ainda assim foi possível apontar a similaridade entre os centros, bem como entre bordas, de Xangô e São Braz, e a similaridade da diversidade liquênica com ampla distribuição dos três fragmentos. A diversidade liquênica dos fragmentos são mais distintas entre si, enquanto que a diversidade em cada setor desses fragmentos somados, são mais similares, evidenciando que média de riqueza liquênica é mais determinada pelo setor que pelo fragmento. Foi possível concluir que o levantamento da preferência de ocorrência dos liquens dentro dos fragmentos possibilitou constatar o estágio avançado de degradação da área. O aumento das áreas plantadas e desinformação da população local incrementam a degradação gerada, o que dificulta sobremaneira a reversão do quadro.