Indígenas, terra e território em Alagoas: uma análise geográfica da atualidade da resistência
DOI :
https://doi.org/10.51359/2238-6211.2019.236631Mots-clés :
formação territorial; terra; território; capital.Résumé
A formação territorial brasileira e alagoana alicerçou-se na usurpação das terras indígenas para as relações
sociais de produção hegemônicas. Tal fato resultou na eliminação física de indígenas e
dispersão/desaparecimento de etnias. Entretanto, ao longo do século XX, em especial, após a ditadura civilmilitar,
diversos grupos indígenas assumiram, publicamente, sua condição étnica, passando a buscar a retomada
de suas terras para a construção do seu território. Na presente investigação, busca-se analisar a formação
territorial alagoana e seus desdobramentos para os povos nativos. É igualmente analisada a emergência de etnias
indígenas no estado de Alagoas e o processo desencadeado de lutas, como expressão viva das contradições
territoriais. Como suporte teórico à análise, é realizada uma discussão conceitual de terra e território, a partir de
autores da Geografia e de outros ramos das Ciências Humanas, buscando decodificar suas expressões
semânticas, no contexto da questão indígena. Por fim, são tecidas considerações sobre o quadro atual da luta por
terra e território indígenas, em Alagoas, observando dados e informações sobre regularização fundiária, violação
de terras, assassinatos e ameaças de morte. Trata-se de uma contribuição analítica de base teórico-empírica, que
visa fornecer elementos para o entendimento da situação contemporânea vivenciada pelas etnias indígenas em
Alagoas.
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