Análise multitemporal e mudanças no uso e cobertura do solo: um olhar para as terras indígenas no Mato Grosso
DOI :
https://doi.org/10.51359/2238-6211.2022.254551Mots-clés :
terras indígenas, uso do solo, sensoriamento remoto, desmatamentoRésumé
As terras indígenas no Mato Grosso configuram-se como redutos de vasta diversidade biológica. A conservação de sua biodiversidade resulta e incide na vivência dos indígenas com os elementos da natureza, pois trata-se de uma relação intrínseca, pautada no sentimento de pertença e no cuidado desses povos com a terra, a água, as espécies vegetais e animais. Entretanto, ao longo dos anos, os indígenas vêm enfrentando constantes ameaças a seus territórios, oriundas do avanço da ocupação da terra pelos não-indígenas. A situação se agrava principalmente nas Terras Indígenas com processo demarcatório não concluído ou cancelado administrativa ou judicialmente. Entre essas encontra-se a Reserva Indígena Tapayuna, a qual identificou-se mudanças nos usos do solo e cobertura vegetal, por meio de técnicas de sensoriamento remoto. Propôs-se a classificação pelo Random Forest na plataforma Google Earth Engine (GEE) e a utilização do módulo Land Change Modeler, do aplicativo TerrSet. Esses mapeamentos na área da terra indígena Tapayuna, dos anos de 2004 e 2021, permitiram analisar e monitorar as mudanças ocorridas e estimar as probabilidades de alteração do uso do solo e perda da cobertura florestal. Nesse período houve uma substituição da formação florestal (-13,68%) pela expansão da agropecuária (64,87%) distribuída em 729 imóveis rurais. Reconheceu, ainda, como variáveis que contribuem para essa suscetibilidade na mudança da formação florestal, as áreas cultivadas seguida das áreas de transição, a altimetria e por fim as estradas. Totalizando 79,88% da Terra Indígena Tapayuna como de alto risco de suscetibilidade de perda florestal, e, consequentemente, de território indígena.
Références
BECKER, W. R.; CARVALHO, L. E.; JOHANN, J. A.; SILVA, L. C. A.; PALUDO, A.; RICHETTI, J.; RAMBO, E. M. Google Earth Engine como instrumento de classificação uso e cobertura do solo no município de Cascavel, Paraná, Brasil. In: Anais do XIX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. INPE – Santos – SP – Brasil, 2019.
BRANDÃO, A. S. P.; REZENDE, G. C.; MARQUES, R. W. C. Crescimento agrícola no período 1999/2004: a explosão da soja e da pecuária bovina e seu impacto sobre o meio ambiente. Economia Aplicada. São Paulo. V. 10, N. 2, p. 249-266, 2006.
CRAMÉR, H. Mathematical Methods of Statistics. Princeton: University Press, 1946.
EASTMAN, J. R.; SOLARZANO, L.; FOSSEN, M. V. Transition Potential Modeling for Land-Cover Change. In: DAVID, J. MAGUIRE, M. B. GOODCHILD, M. F. In GIS, Analysis and Modeling: Redlands: ESRI Press, 2005.
DELGADO, Guilherme. Do Capital Financeiros na Agricultura à economia do agronegócio. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2012.
FERREIRA, L. V.; VENTICINQUE, E.; ALMEIDA, S. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas. Estudos Avançados. 2005.
INPE. Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. PRODES – Amazônia. Disponível em: www.obt.inpe.br/OBT/assuntos/programas/amazonia/prodes. Acesso em: 20 de novembro de 2021.
IPAM. Terras indígenas na Amazônia brasileira: reservas de carbono e barreiras ao desmatamento. Brasília – DF, Brasil, 2015.
INTERMAT. Bases Cartográficas do Estado de Mato Grosso nas escalas de 1:1.500.00, 1:250.000 e 1:100.000. Disponível em: www.intermat.mt.gov.br. Acesso em: 04 de novembro de 2021.
LIMA, D. B. A história do contato e o desterro Tapayuna: um massacre anunciado. Revista de Antropologia da UFSCar, 2019.
LOPES, C. A. V.; SOUZA, R. A. Análise da cobertura florestal da Terra Indígena Sete de Setembro, entre os anos 1997 a 2017. Revista Brasileira de Ciências da Amazônia, 2020.
MENDONÇA, M. L. R. F. Modo Capitalista de Produção e Agricultura: a construção do conceito Agronegócio. São Paulo: Universidade de São Paulo – Tese Doutorado. 2013.
NOVO, E. M. L. M.; PONZONI, F. J. Introdução ao sensoriamento remoto. São José dos Campos – SP, 2001.
OLIVEIRA, A. U. Modo de Produção Capitalista, Agricultura e Reforma Agrária. São Paulo: Labur Edições, 2007.
ROUSE, J. W.; HAAS, R. H.; SCHELL, J. A.; DEERING, D. W. Monitoring vegetation systems in the Great Plains with ERTS, Third ERTS Symposium, NASA SP-351 I, 309-317. 1973.
SANTOS, A. M. Análise dos usos e da cobertura do solo nas áreas das terras indígenas demarcadas no Estado de Goiás. Maringá. Revista Percurso – NEMO, 2018.
SOUZA, S. S. G.; VALE, R. B.; COSTA, M. S. S.; CHAGAS, B. R.; GONÇALVES. BOTELHO, M. G. L.; FURTADO, L. G.; CARNEIRO, C. R. O.; BATISTA, V. A.; MORALES, G. P. Análise da dinâmica do uso e cobertura da terra do Município de Moju – PA, utilizando Google Earth Engine. Revista Brasileira de Geografia Física v.13, n.05, 2020 p. 2332-2339.
TORRES, M; DOBLAS, J; ALARCON, D. F. Dono é quem desmata: conexões entre grilagem e desmatamento no sudoeste paraense. São Paulo: Urutu-branco; Altamira: Instituto Agronômico da Amazônia, 2017.
VALE, J. R. B. Análise da dinâmica do uso e cobertura da terra nas áreas desflorestadas do estado do Pará por meio da plataforma Google Earth Engine. Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2019.
ZALLES, V.; HANSEN, M. C.; POTAPOV, P. V.; STEHMAN, S. V.; TYUKAVINA, A.; SONG, X.; OKPA, C.; JOHN, N. Near doubling of Brazil’s intensive row crop area since 2000. PNAS, v 166, n2, 2019.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantêm os direitos autorais e concedem à REVISTA DE GEOGRAFIA da Universidade Federal de Pernambuco o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
d) Os conteúdos da REVISTA DE GEOGRAFIA estão licenciados com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
No caso de material com direitos autorais a ser reproduzido no manuscrito, a atribuição integral deve ser informada no texto; um documento comprobatório de autorização deve ser enviado para a Comissão Editorial como documento suplementar. É da responsabilidade dos autores, não da REVISTA DE GEOGRAFIA ou dos editores ou revisores, informar, no artigo, a autoria de textos, dados, figuras, imagens e/ou mapas publicados anteriormente em outro lugar.