Editorial

Auteurs

  • Anderson Camargo Rodrigues Brito Universidade Federal de Pernambuco
  • Claudio Ubiratan Gonçalves Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
  • Izabela Gomes da Silva Universidade Federal de Pernambuco

Mots-clés :

SINGA, Agrária, Geografia

Résumé

A Revista de Geografia do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco tem a satisfação de fazer parte do conjunto de periódicos que repercute a produção intelectual apresentada e discutida no âmbito da realização do IX Simpósio Internacional de Geografia Agrária que aconteceu nessa Universidade entre os dias 11 e 15 de novembro de 2019. O SINGA, como é conhecido o evento, congregou em quase duas décadas de atividades acadêmicas e políticas interpretações sobre a dinâmica do desenvolvimento do capitalismo e os processos de resistências no campo no Brasil realizadas no calor do momento. Acompanhou de perto as instalações e crises das políticas neoliberais no começo do século XXI e todo o conjunto de expectativas, frustrações, conquistas e aceleração da exploração capitalista no campo que agudizou os conflitos territoriais no contexto dos governos progressistas no Brasil e na América Latina. O SINGA se constitui como um espaço público de afirmação da teoria como um modo sagaz de intervenção política. Afirmou em seus espaços a atualidade da questão agrária como elemento constituinte da dinâmica do desenvolvimento do capitalismo no Brasil e ampliou seus olhares a partir da incorporação de outras vozes que trouxeram para o evento tanto uma miríade de sujeitos sociais em luta, como um caráter escalar mais abrangente conseguindo ressoar e fazer parte de redes de resistências epistêmicas, políticas e territoriais latino-americanas. Foi com esse ânimo que o evento leu e interviu no conjunto das intensas transformações políticas que antecederam e sucederam o golpe de 2016, tais como o crime ambiental de Mariana em Minas Gerais e o conjunto de lutas em defesa dos rios que formam o São Francisco no Oeste Baiano. O IX SINGA aconteceu em Recife na antevéspera da pandemia do COVID 19, podemos dizer que ele fez parte do calendário acadêmico e político da geografia brasileira que marca o “fim do mundo” como conhecíamos. Trouxe consigo, na dinâmica da programação, o conjunto de tragédias anunciadas que vivenciam os povos do campo que comunicam em suas práticas e saberes que o capitalismo é uma experiência de terricídio, conseguindo fazer ecoar tanto a destruição vivenciada pelos Munduruku no contexto da construção da Barragem de Belo Monte, ou da mineração ilegal que afeta os Ka’apor, como a dinâmica territorial de r-existência dos Mapuches.

Publiée

2021-11-24

Comment citer

Brito, A. C. R., Gonçalves, C. U., & da Silva, I. G. (2021). Editorial. Revista De Geografia, 38(4), i-iii. Consulté à l’adresse https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/view/252501