A (in)compatibilidade da exploração minerária nos territórios remanescentes de quilombo com a ordem legal vigente
DOI:
https://doi.org/10.51359/2238-6211.2024.257872Parole chiave:
Quilombo, povos tradicionais, identidade, território, ordenamento jurídicoAbstract
O presente trabalho tem como finalidade analisar a (in)compatibilidade da exploração minerária nos territórios quilombolas com o ordenamento jurídico vigente, a partir dos termos identidade e territorialidade, perspectiva conceitual destes povos, em termos acadêmicos, bem como analisa as legislações constitucional, infraconstitucional e tratados internacionais que o Brasil é signatário, que reconhecem os povos tradicionais e garantem proteção aos territórios quilombolas e ao meio ambiente. Ainda, aponta eventos que ocasionam desterritorialização provocado pelos meios de produção capitalista através dos empreendimentos minerários nestes territórios e a necessidade da realização de consulta prévia, livre e informada às comunidades quilombolas para a concessão do licenciamento ambiental para realização da atividade extrativista. O método desenvolvido em três etapas, através de pesquisa e revisão bibliográfica, em periódicos científicos, livros impressos e digitais e revistas especializadas, tende a apresentar a formação dos territórios quilombolas no país, a evolução legislativa e os conflitos territoriais que permeiam a discussão acerca da exploração de recursos minerais nessas regiões. Demonstra-se, ao final, que as comunidades remanescentes de quilombos estão sendo negligenciadas pelo poder público e que a exploração mineral, sem observância às normas legais, tem ampliado os conflitos territoriais nessas comunidades.
Riferimenti bibliografici
ACOSTA, Alberto. Extrativismo e neoextrativismo: duas faces da mesma maldição. DILGER, Gerhard; LANG, Miriam; PEREIRA FILHO, Jorge (Org.). In: Descolonizar o imaginário: debates sobre pós-extrativismo e alternativas ao desenvolvimento. São Paulo: Fundação Rosa Luxemburgo: Editora Elefante, 2016.
ANDRADE, Lúcia Mendonça Morato de (Org.). Terras Quilombolas em Oriximiná: pressões e ameaças. 1. ed. São Paulo: Comissão Pró-Índio de São Paulo, 2011. Disponível em: https://documentacao.socioambiental.org/noticias/anexo_noticia/21122_20111103_181536.pdf. Acesso em: 02 jan. 2023.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA (ABA). Parecer técnico Projeto de mineração no Serro - Minas Gerais. Brasília, 2021. Disponível em: http://www.abant.org.br/files/20210420_607ed57c90942.pdf. Acesso em 02 jan. 2023.
BARROS, Juliana Neves. Legislação ambiental aplicada à mineração. Cruz das Almas, BA: UFRB 2017.
BESER, Erika; CARVALHO, Luciana Gonçalves de. Mineração em territórios quilombolas: notas sobre uma consulta prévia em Trombetas, Oriximiná-PA. Novos Cadernos NAEA – Periódicos UFPA, v. 21, n. 3, p. 119-142, set-dez 2018, ISSN 1516-6481 / 2179-7536. Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/view/5306. Acesso em: 01 nov. 2021.
FIGUEIREDO, Wilmara Aparecida Silva (coord.). Estudo do componente quilombola das comunidades localizadas no entorno da Mineração Rio do Norte. Cumbuca Norte. Santarém, 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 01 nov. 2021.
BRASIL. Decreto Legislativo nº 143, de 20 de junho de 2002. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/2002/decretolegislativo-143-20-junho-2002-458771-convencao-1-pl.html. Acesso em 09 ago. 2022.
BRASIL. Lei n° 5.051, de 05 de abril de 2004. Promulga a Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 20 abr. 2004. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5051.htm. Acesso em: 10 ago. 2022.
CABRAL, Cleiton Lopes. Conflitos Territoriais nos quilombos da APA Arquipelágo do Marajó/PA. In: Tempo - Técnica - Território. v.8, n.1, p. 01-77, 2017. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/ciga/article/view/15389/13687. Acesso em: 09 jan. 2023.
COSTA, Ana Carolina Estrela da. Quilombo Amaros de Paracatu. In: Terras de quilombos. Belo Horizonte: FAFCH. p. 1-14, 2015. Disponível em: https://www.gov.br/incra/pt-br/assuntos/governanca-fundiaria/amaros.pdf. Acesso em: 03 jan. 2023.
EUGENIO, Benedito Gonçalves; LIMA, Karla Dias de. A Construção da Identidade na Comunidade Remanescente Quilombola do Tucum-BA. In: POIÉSIS – Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade do Sul de Santa Catarina. v.8, n.13, p. 203-222, 2014. Disponível em: https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/Poiesis/article/view/2256/1632. Acesso em: 09 jan. 2023.
GOUVEIA, Luan Ramos. História e dinâmica do modo de produção hegemônico do capital no território Kalunga e perspectivas de resistência. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. São Paulo, 2021. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/234929/gouveia_lr_me_ippri_int.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 04 jan. 2023.
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de direito constitucional. 2 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
FIRPO, Marcelo (Coord.). Mapa de Conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; FASE, 2014. Disponível em: http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/. Acesso em: 04 jan. de 2023
FRANCO, Rodolfo Nunes; TARREGA, Maria Cristina Vidotte Blanco. A mineração em território quilombola: reflexões a partir do caso do quilombo Kalunga. 2013? Disponível em: www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=2377f9eb902f3c58. Acesso em: 01 nov. 2021.
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Piauí é apontado como a nova fronteira da Mineração do país. 2012. Disponível em: https://ibram.org.br/noticia/piaui-e-apontado-como-a-nova-fronteira-da-mineracao-do-pais/#:~:text=Um%20dos%20pontos%20que%20chama,calc%C3%A1rio%2C%20argila%20opala%20e%20outros. Acesso em: 04 jan. 2023.
OLIVEIRA, Karla Silva; PINHO, Mateus Lima de; MIRANDA, Mariana Gomes de; LEITE, Matheus de Mendonça Gonçalves. A luta pela efetivação dos direitos étnicos e territoriais das comunidades quilombolas em conflitos socioambientais: reflexões críticas sobre a atuação extensionista na defesa dos direitos étnicos e territoriais da comunidade quilombola de queimadas. In: Conecte-se! Revista Interdisciplinar de Extensão. Belo Horizonte (MG). v. 1, nº 1. p.44-59, 2017. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/conecte-se/article/view/16161/12357. Acesso em: 04 nov. 2022.
LEITE, Matheus de Mendonça Gonçalves. Territórios quilombolas e mineração: reflexões críticas sobre o direito à consulta e ao consentimento prévio das comunidades quilombolas nos processos de licenciamento ambiental. In: Revista de Direito da Cidade. Rio de Janeiro (RJ). vol. 10. n. 4. p. 2106-2142, 2017. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rdc/article/view/30093. Acesso em: 01 nov. 2022.
LIMA, Paulo Cesar Vicente de (Resp.). Cartilha dos povos e das comunidades tradicionais. Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (CIMOS) (Org). Ministério Público de Minas Gerais, 2013. Disponível em: https://caa.org.br/media/publicacoes/PUBLICACAO_ESPECIAL_DIREITOS_DOS_POVOS_E_COMUNIDADES_TRADICIONAIS_oibAP6o.pdf Acesso em: 07 jul. 2022.
MARQUES, Amaro Sérgio; BERNARDES, Brenda Melo; BORSAGLI Alessandro. Comunidade Quilombola Bom Jardim da Prata em São Francisco/Minas Gerais e os conflitos socioambientais relacionados com o rio São Francisco e imediações. Imn: Revista Cerrados, [S. l.], v. 19, n. 02, p. 81–108, 2021. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/cerrados/article/view/3761. Acesso em: 9 fev. 2023.
MATOS, Lennon Oliveira. Os impactos da mineração nas comunidades do território quilombola Lagoas, no Piauí. Jornal da USP. São Paulo (SP), 28 out. 2021. Disponível em: https://jornal.usp.br/?p=467285. Acesso em: 01 nov. 2022.
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Recomendação 4/2013 (IC 1.23.002.000480/2012-81). Santarém-PA. 2013. Disponível em: https://apps.mpf.mp.br/aptusmpf/index2#/detalhe/410000000000049260910?modulo=0&sistema=portal. Acesso em: 03 jan. 2023.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MORAIS, Lídia Maria de Oliveira; NOGUEIRA, Mônica Celeida Rabelo. A mineração dos mundos: os Amaros e a luta pelo reconhecimento de seu território tradicional. Revista Insurgência, Brasília, ano 1, v.1, n.2, ISSN 2447-6684, 2015. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/insurgencia/article/view/18925. Acesso em: 01 nov.2021.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). Convenção n. 169. 1989. Disponível em: https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_236247/lang--pt/index.htm. Acesso em 09 ago. 2022.
SALOMÃO, Fausy Vieira; CASTRO, Cristina Veloso de. A Identidade Quilombola: Territorialidade Étnica e Proteção Jurídica. In: Cadernos Do Programa De Pós-Graduação Em Direito – PPGDir. UFRGS, 2018. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/ppgdir/article/view/73034/49967. Acesso em:07 jul. 2022.
SANTOS, Lilian Maria; PEREIRA, Anete Marília; PAULA, Andréa Maria Narciso Rocha de. Comunidades remanescentes de quilombos: reflexão sobre territorialidades. In: Revista Cerrados, v. 16, n. 01, p. 248–265, 2018. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/cerrados/article/view/1298. Acesso em: 9 fev. 2023.
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Livro digital.
SCHMITT, Alessandra. TURATTI, Maria Cecília Manzoli CARVALHO, Maria Celina Pereira de. A Atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. In: Ambiente & Sociedade. Ano V, n. 10, p. 1-6, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/asoc/n10/16889.pdf. Acesso em: 07 jul. 2022.
SILVA, David Junior de Souza; CHAVEIRO, Eguimar Felício. Um quilombo em movimento: territorialidade e atuação política da Comunidade do Rosa, Macapá (AP). In: Revista de Geografia. Programa de Pós-Graduação em Geografia UFPE. v. 35, n. 5, p.117-134, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/view/230845/30935. Acesso em: 20 jan. 2023.
SILVA, Judson Jorge da; GONÇALVES, Cláudio Ubiratan. Para além de partir ou permanecer: a migração quilombola em busca do trabalho acessório como estratégia de r-existência no território. In: Revista de Geografia. Programa de Pós-Graduação em Geografia UFPE. v. 37, n. 1, p. 132-151, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/article/view/244537/34710. Acesso em: 24 jan. 2023.
SOUZA, Marcela Fernanda da Paz de; SILVA, Wagner Luiz Alves da; COSTA, Luzimar Pereira da. Comunidade Remanescente de Quilombo, desigualdade e política pública: reflexões sobre um 'caso particular do possível' das mulheres quilombolas em uma comunidade na região norte-rio-grandense. In: Interações (Campo Grande). v. 20, n. 4, p. 1057-1071, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/inter/a/6YhN9k6p4skMFfJ38dDjf5b/?lang=pt#. Acesso em: 07 jul. 2022.
SUNDFELD, Carlos Ari (Org.). O direito à terra das comunidades quilombolas. São Paulo (SP), Sociedade Brasileira de Direito Público, 2002. Disponível em: https://sbdp.org.br/wp/wp-content/uploads/2018/01/01-comunidades_quilombolas_direito_a_terra.pdf. Acesso em: 03 jan. 2023.
TRECCANI, Girolamo Domenico. Terras de Quilombo: caminhos e entraves do processo de titulação. Belém: Secretaria Executiva de Justiça. Programa Raízes, 2006.
Downloads
Pubblicato
Come citare
Fascicolo
Sezione
Licenza
Copyright (c) 2024 Mizael Oliveira Lopes, Maísa Cantuária da Silva, Marivaldo Aparecido de Carvalho, Rosana Passos Cambraia, Bernat Vinolas Prat

TQuesto lavoro è fornito con la licenza Creative Commons Attribuzione 4.0 Internazionale.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantêm os direitos autorais e concedem à REVISTA DE GEOGRAFIA da Universidade Federal de Pernambuco o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
d) Os conteúdos da REVISTA DE GEOGRAFIA estão licenciados com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
No caso de material com direitos autorais a ser reproduzido no manuscrito, a atribuição integral deve ser informada no texto; um documento comprobatório de autorização deve ser enviado para a Comissão Editorial como documento suplementar. É da responsabilidade dos autores, não da REVISTA DE GEOGRAFIA ou dos editores ou revisores, informar, no artigo, a autoria de textos, dados, figuras, imagens e/ou mapas publicados anteriormente em outro lugar.