As ferrovias no Nordeste: uma análise da rede urbana ferroviária formada pela The Great Western of Brazil Railway Company Limited (1881-1948)
DOI:
https://doi.org/10.51359/2238-6211.2023.259383Palavras-chave:
ferrovias, rede urbana, centralidade, Nordeste, Great westernResumo
As ferrovias deram início a muitas transformações no espaço intraurbano, uma vez que, além da linha férrea, outros equipamentos eram necessários para sua operação e logística. As mudanças também ocorreram no espaço interurbano, pois a ferrovia modificou a centralidade das, reestruturando a rede urbana-regional. Este artigo tem o objetivo de analisar a rede urbana ferroviária formada pela The Great western of Brazil Railway Company Limited, que administrou as ferrovias do Nordeste brasileiro na primeira metade do século XX. A análise se dá a partir das receitas das estações ferroviárias das estradas de ferro que compõe a referida rede, da condição de Ponta de Trilhos e entroncamentos de algumas cidades nas linhas férreas. A pesquisa possui abordagem na Geografia Histórica Urbana, conforme a demarcação temporal (1881-1948) e a condução da análise com ênfase nas seguintes fontes documentais: Anuário Estatístico do Brasil (1908-1912, v. I, Território e População), Coleção das leis do Império e da República dos Estados Unidos do Brasil (1902), Cartografia história (1904), Relatórios do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas (1902, 1907, 1910 e 1915), Relatórios do Ministério da Viação e Obras Públicas (1899, 1901, 1902, 1908, 1909 – v. II e III – e 1910), bem como as Sinopses dos recenseamentos dos anos de 1890 e 1900. Os resultados apontam, a partir da análise das receitas das estações ferroviárias, que a condição de Ponta de Trilhos e entroncamento ferroviário alterou a centralidade da maior parte das cidades que compuseram a rede ferroviária.
Referências
ABREU, M. A. Construindo uma geografia do passado: Rio de Janeiro, cidade portuária, século XVII. Revista GEOUSP, São Paulo, v. 7, p. 13-25, 2000.
ANDRADE, M. C. Transportes. In: ANDRADE, M. C. Geografia econômica do Nordeste: o espaço e a economia nordestina. 3. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 1977. p. 138-145.
BENÉVOLO, A. Introdução à história ferroviária do Brasil: Estudo social, político e histórico. Recife: Edições Folha da Manhã, 1953.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Sinopse do recenseamento de 1890. Rio de Janeiro: Officina da estatística, 1898. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html?id=225490&view=detalhes. Acesso em: 22 jun. 2023.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Sinopse do recenseamento de 1900. Rio de Janeiro: Typographia da estatística, 1905. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?id=225474&view=detalhes. Acesso em: 22 jun. 2023.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Relatório apresentado pelo Ministro de Estado dos Negócios da Industria, Viação e Obras Públicas Severino dos Santos Vieira no ano de 1899. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1899. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=873730&pagfis=5824. Acesso em: 25 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Relatório apresentado pelo Ministro de Estado dos Negócios da Industria, Viação e Obras Públicas Alfredo Eugenio de Almeida Maia no ano de 1901. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1901. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=873730&Pesq=afogados&pagfis=7336. Acesso em: 25 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Relatório apresentado pelo Ministro de Estado dos Negócios da Industria, Viação e Obras Públicas Antônio Augusto da Silva no ano de 1902. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1902. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=873730&Pesq=afogados&pagfis=7336. Acesso em: 25 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Relatório apresentado pelo Ministro de Estado dos negócios da Industria, Viação e Obras Públicas, Antônio Augusto da Silva, no ano de 1902. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1902. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/144?fulltext=Arrayal&item_id=2560#?h=Arrayal&c=4&m=9&s=0&cv=1&r=0&xywh=-912%2C-1%2C3247%2C2291. Acesso em: 06 dez. 2022.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Relatório apresentado pelo Ministro de Estado dos Negócios da Industria, Viação e Obras Públicas Miguel Calmon du Pin e Almeida no ano de 1907. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1907. v. I. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=873730&Pesq=%22ferro%20central%20de%20pernambuco%22&pagfis=11967. Acesso em: 25 set. 2022.
BRASIL. Ministério de Viação e Obras Públicas. Estatística das Estradas de Ferro da União e das fiscalizadas pela União relativa ao ano de 1908. Rio de Janeiro: Imprensa nacional, 1910. Disponível em: http://memoria.org.br/pub/meb000000376/estatisticaferro1908uniao/estatisticaferro1908uniao.pdf. Acesso em: 02 dez. 2022.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Relatório apresentado pelo Ministro de Estado da Industria, Viação e Obras Públicas, Miguel Calmon du Pin e Almeida, no ano de 1909. V. II. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1910. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/144?terms=Estrada%20ferro%20recife%20s%C3%A3o%20francisco&item_id=2568#?h=Estrada%20ferro%20recife%20s%C3%A3o%20francisco&c=4&m=17&s=0&cv=119&r=0&xywh=-82%2C-32%2C1892%2C1335. Acesso em: 22 nov. 2022.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Relatório apresentado pelo Ministro de Estado da Industria, Viação e Obras Públicas, Miguel Calmon du Pin e Almeida, no ano de 1909. V. III. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1910. Disponível em: http://ddsnext.crl.edu/titles/144?fulltext&item_id=2569#?c=4&m=18&s=0&cv=1&r=0&xywh=-924%2C0%2C3271%2C2308. Acesso em: 22 nov. 2022.
BRASIL. Ministério da Industria, Viação e Obras Públicas. Relatório apresentado pelo Ministro de Estado da Viação e Obras Públicas, Francisco Sá no ano de 1910. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1910. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/459194/2. Acesso em: 22 nov. 2022.
BRASIL. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Relatório da Inspetoria Federal das Estradas apresentado pelo Ministro de Viação e Obras Públicas José Barbosa Gonçalves no ano de 1913. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1915. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/459194/5298. Acesso em: 25 nov. 2022.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Diretoria Geral de Estatística. Anuário Estatístico do Brasil. 1º ano (1908-1912), v. I, Território e População. Rio de Janeiro: Typograpia da Estatística, 1916. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/20/aeb_1908_1912_v2.pdf. Acesso em: 25 nov. 2022.
BIBLIOTECA NACIONAL. The Great Western of Brazil Railway Company Ltd [Cartográfico]: Sketch map showing proposed alterations & extensions to the system of The Great Western of Brazil Railway Company Ltd. London [Londres, Inglaterra]: Waterlow & Sons, 1904. 1 mapa: col; 42,8 x 34 cm dobrado em 15,2 x 9,5 cm. Disponível em: http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart1434402/cart1434402.jpg. Acesso em: 01 jun. 2023.
COLEÇÃO DAS LEIS DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 1901. Decreto nº 4.111 de 31 de julho de 1901. v.1. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1902, p. 1053. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/republica/colecao2.html. Acesso em: 11 nov. 2022.
COELHO, M. S. A. O sistema urbano nordestino: estrutura através do tempo. Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro, ano 54, n.1, p. 75-93, jan./mar., 1992.
CORRÊA, R. L. A vida urbana em alagoas: a importância dos meios de transporte na sua evolução. Terra Livre - AGB. Geografia, Espaço & Memória. São Paulo, p.93-116, n. 10, janeiro-julho 1992.
CORRÊA, R. L. Posição geográfica das cidades. Revista Cidades, Presidente Prudente, v. 1, n. 2, p. 317-323, 2004.
CORRÊA, R. L. Trajetórias geográficas. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
DEFFONTAINES, P. Como se constituiu no Brasil a rede de cidades. Boletim Geográfico, São Paulo, v. 14, p. 141-148, 1944.
FREIRE, M. E. L. Patrimônio ferroviário: a preservação para além das estações. 2017. Orientadora: Norma Lacerda. 281f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Urbano) – Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2017.
GEIGER, P. P. Evolução da rede urbana brasileira. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, 1963. (Coleção O Brasil Urbano. Série VI – Sociedade e Educação).
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. v. iv. Rio de Janeiro, 1958.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018.
MAIA, D. S.; SILVA, W. R.; WHITACKER, A. M. Apresentação – Centro e centralidade nas cidades médias: os caminhos de uma pesquisa. In: MAIA, D. S.; SILVA, W. R.; WHITACKER, A. M. (Org.). Centro e centralidade em cidades médias. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2017, p. 9-23.
MENEZES, M. L. Cartografia histórica: um instrumento de análise geográfica. In: BICALHO, A. S. M.; GOMES, P. C. C. (Org.). Questões metodológicas e novas temáticas na pesquisa geográfica. Rio de Janeiro: Publit, 2009.
MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT. Glossário de termos ferroviários.
MONBEIG, P. O estudo geográfico das cidades. Revista Cidades, Presidente Prudente, n. 1, v.2, 2004, p. 277-314.
OLIVEIRA, E. J. Ferrovias, rede urbana e centralidade urbano-regional: Campina Grande e Mossoró (1907-1929). 2019. 392f. Tese (Doutorado em Geografia) - Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2019.
ORELLA UNZUÉ, J. L. Geohistoria, Revista Lurralde, San Sebastián, n.18, 1995, p. 7-20.
PINTO, E. História de uma estrada de ferro do Nordeste. Rio de janeiro: José Olympio Editora, 1949. (Coleção documentos brasileiros).
SANTOS, M. Manual da Geografia Urbana. Tradução: Antônia Dea Erdens 3. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. (Coleção Milton Santos, 9 v).
SIQUEIRA, T. V. As primeiras ferrovias do Nordeste brasileiro: processo de implantação e o caso da Great Western Railway. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 9, n.17, p. 169-220, 2002.
VASCONCELOS NETO, A. M. A política ferroviária brasileira (1835-1945): 110 anos de acertos e desacertos na construção da malha ferroviária nacional. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2018a. 1 v. (Edições do Senado Federal, v. 245-A).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Elizangela Justino de Oliveira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantêm os direitos autorais e concedem à REVISTA DE GEOGRAFIA da Universidade Federal de Pernambuco o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
d) Os conteúdos da REVISTA DE GEOGRAFIA estão licenciados com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
No caso de material com direitos autorais a ser reproduzido no manuscrito, a atribuição integral deve ser informada no texto; um documento comprobatório de autorização deve ser enviado para a Comissão Editorial como documento suplementar. É da responsabilidade dos autores, não da REVISTA DE GEOGRAFIA ou dos editores ou revisores, informar, no artigo, a autoria de textos, dados, figuras, imagens e/ou mapas publicados anteriormente em outro lugar.