Análise morfodinâmica e identificação de classes de terrenos tecnogênicos em trecho urbano no município de Goiana - PE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2238-6211.2024.261000

Palavras-chave:

antropogeomorfologia, riscos geomorfológicos, relevos tecnogênicos

Resumo

O crescimento econômico e populacional do município de Goiana-Pernambuco vem influenciando na crescente ocupação de novos espaços que são fragilizados por ações antrópicas. A dinâmica processual da paisagem, resultante de modificações induzidas, suscita o desencadeamento de riscos geomorfológicos e, conseguintes desastres. Diante deste contexto, o presente estudo objetiva estabelecer uma análise dos aspectos geomorfológicos e ocupacionais contemporâneos, assim como avaliar as repercussões das formas de usos sobre a dinâmica processual superficial a partir das interferências antropogênicas sobre a morfodinâmica. Para tal, adotou-se a seguinte metodologia: levantamento bibliográfico; geoprocessamento de dados; produção e análise de mapeamentos físicos do município; e identificação de classes de relevos tecnogênicos. Enquanto objeto de análise central tem-se o trecho do canal do rio Goiana no polígono urbano. Diante das análises preliminares a nível municipal, pôde-se constatar que Goiana apresenta aspectos físico-ambientais característicos da faixa oriental do nordeste brasileiro, cuja configuração urbana sobrepõe-se aos elementos naturais delineando cenários propensos a riscos naturais de diversas ordens. A exemplo disto, verificou-se uma predominância de ocupações urbanas em zonas cujo solo é naturalmente úmido e saturado, próximo a corpos hídricos, em terrenos planificados e impermeabilizados estando sobre áreas de terraços ou planícies fluviais. Ademais verificou-se terrenos tecnogênicos de agradação e degradação associados a diferentes tipos de uso do solo, bem como, depósitos tecnogênicos de segunda ordem originados a partir da remobilização de sedimentos tecnogênico-aluviais. De modo que, as contribuições resultantes do presente estudo poderão ser tomadas como subsídio para o planejamento e gestão ambiental junto aos gestores públicos.

Biografia do Autor

Maria Leticia Aragão , Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Mestranda em Geografia do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco

Osvaldo Girão, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Professor do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE

Referências

ARAUJO FILHO, J. C.; BURGOS, N.; LOPES, O. F. et al. Levantamento de reconhecimento de baixa e média intensidade dos solos do Estado de Pernambuco. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2000. 378 p. il. color. (Embrapa Solos. Boletim de pesquisa, 11).

BRASIL. Ministério das Cidades; Cities Alliance. Prevenção de Riscos de Deslizamentos em Encostas: guia para elaboração de políticas municipais. Celso Santos Carvalho e Thiago Galvão, (org.) – Brasília: Ministério das Cidades; Cities Alliance, 2006.

BRASIL. Manual de desastres – desastres naturais. Vol. I. Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional/Secretaria Nacional de Defesa Civil. 2003. Disponível em: http://www.campinas.sp.gov.br/governo/secretaria-de-governo/defesa-civil/desastres_naturais_vol1.pdf Acesso em: 8 de abr. 2021

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Publicações: COBRADE: codificação, classificação, definição e simbologia dos desastres, 2012. Disponível em: http://www.defesacivil.rj.gov.br/images/formularios/COBRADE.pdf. Acesso em: 1 de nov. de 2021.

CARDINALI, M., REICHENBACH, P., GUZZETTI, F., et al.: A geomorphological approach to the estimation of landslide hazards and risks in Umbria, Central Italy, Natural. Hazards Earth System Sciences, vol 2, p. 57–72, 2002. Disponível em: https://nhess.copernicus.org/articles/2/57/2002/. Acesso em: 20 de mar. 2022.

CONDEPE/FIDEM. Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco. Bacia hidrográfica do rio goiana e sexto grupo de bacias hidrográficas de pequenos rios litorâneos – GL-6. Recife: 2005. Série CDU 550.1 (8/3.4). (Série Bacias Hidrográficas de Pernambuco, 2).

CREPANI, E.; MEDEIROS, J. S.; FILHO, P. H. et al. Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento aplicados ao zoneamento ecologicoeconômico e ao Ordenamento Territorial. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 2001.

DEBORTOLI, N. S.; CAMARINHA, Pedro I. M. et al. Índice de vulnerabilidade aos desastres naturais no Brasil, no contexto de mudanças climáticas. Cap. 7. In: BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Modelagem climática e vulnerabilidades Setoriais à mudança do clima no Brasil. Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2016. Disponível em: http://educaclima.mma.gov.br/wp-content/uploads/2020/03/Modelagem-clim%C3%A1tica-e-vulnerabilidade-mudan%C3%A7a-do-clima-Brasil-2016.pdf. Acesso em: 30 de mar. 2021.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. – Rio de Janeiro: EMBRAPA-SPI, 2006.

GOUDIE, A. S. The human impact on the natural environment: past, present and future. 7th ed. Hoboken: John Wiley e Sons, 2013. 170-190p.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Manual Técnico de Geomorfologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Manuais Técnicos em Geociências, 2009.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Manual Técnico de Uso da Terra. 3 ed. Rio de Janeiro: Manuais Técnicos em Geociências, n.7, 2013.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Manual Técnico de Pedologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Manuais Técnicos em Geociências, n.4, 2007.

IPCC: Glossary of terms. In: FIELD, C.B.; BARROS, V.; STOCKER, T.F. et al (eds.). Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation. A Special Report of Working Groups I and II of the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Cambridge UK, and New York, USA: Cambridge University Press, 2012, 555-564 p.

LYRA, T. M.; BEZERRA, A. C. V.; ALBUQUERQUE, M. S. V. Os desafios dos Polos de Desenvolvimento na perspectiva dos atores sociais locais de Goiana, Pernambuco. PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva, v. 25, p. 1117-1139, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/QVXySnjmvbMkGDzC6jvsGtP/abstract/?lang=pt. Acesso em: 30 de mar. 2022.

LÓCZY, D. Anthropogenic Geomorphology in Environmental Management. In: SZABÓ, J.; DÁVID, L.; LÓCZY, D. (Eds.). Anthropogenic Geomorphology: A Guide to Man-Made Landforms. London; New York: Springer Science+Business Media B.V., Dordrecht-Heidelberg, 2010.

NOLASCO, M.C. Depósitos antrópicos/tecnogênicos: um conceito em discussão na geologia., 63p. Monografia de Qualificação, Pós-graduação em geociências, UFRGS. Porto Alegre, 1998.

MAPBIOMAS. Coleção 6.0 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso da Terra do Brasil. 2020 (Projeto). Disponível em: https://brasil.mapbiomas.org/downloads/. Acesso em: 20 jul. 2023.

OLIVEIRA, A.M.S. Depósitos tecnogênicos associados à erosão atual. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6, Salvador, ABGE, Atas... Salvador, v.1, p. 411-415. 1990.

PELOGGIA A.U.G. Sobre a classificação, enquadramento estratigráfico e cartografação dos solos e depósitos tecnogênicos. 1999. In: PELOGGIA A.U.G. Manual Geotécnico 3: Estudos de Geotécnica e Geologia Urbana. São Paulo, 1999.

PELOGGIA, A. U. G.; SILVA, E. C. N.; NUNES, J. O. R. Technogenic landforms: conceptual framework and application to geomorphologic mapping of artificial ground and landscapes as transformed by human geological action. Quaternary and Environmental Geosciences, vol. 5, n. 2, 2014. 67-81. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/abequa/article/view/34811. Acesso em: 10 de abr. 2022.

PELOGGIA, A U. G. O homem e o ambiente geológico. São Paulo: Xamã, 1998.

RÓZSA, P. Nature and Extent of Human Geomorphological Impact – A Review. In: SZABÓ, J.; DÁVID, L.; LÓCZY, D. (Eds.). Anthropogenic Geomorphology: A Guide to Man-Made Landforms. London; New York: Springer Science+Business Media B.V., Dordrecht-Heidelberg, 2010.

ROSS, J. L. S. Geomorfologia Ambiental. In: CUNHA, Sandra B.; GUERRA, Antonio J. T. (orgs.) Geomorfologia do Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

SILVA, C. S.; BISPO, C. O.; SANTANA, G. A. C.; GIRÃO, Osvaldo. Deslizamentos e enchentes na bacia do rio Tejipió: Percepção e resiliência frente a riscos geomorfológicos. Revista OKARA: Geografia em debate, vol. 11, n. 2, 2017. 316-337. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Carlos-Bispo-2/publication/324958739_DESLIZAMENTOS_E_ENCHENTES_NA_BACIA_DO_RIO_TEJIPIO_PERCEPCAO_E_RESILIENCIA_FRENTE_A_RISCOS_GEOMORFOLOGICOS/links/62c62c85420bd9147647fdbc/DESLIZAMENTOS-E-ENCHENTES-NA-BACIA-DO-RIO-TEJIPIO-PERCEPCAO-E-RESILIENCIA-FRENTE-A-RISCOS-GEOMORFOLOGICOS.pdf. Acesso em: 20 de mar. 2022.

SZABÓ, J. Anthropogenic geomorphology: subject and system. In: SZABÓ, J.; DÁVID, L.; LÓCZY, D. (Eds.). Anthropogenic Geomorphology: A Guide to Man-Made Landforms. London; New York: Springer Science+Business Media B.V., Dordrecht-Heidelberg, 2010.

TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977.

VALDÉS, H. M. et al. Como Construir Cidades Mais Resilientes: Um Guia para Gestores Públicos Locais. UNISDR. 2012.

VALERIANO, M. M.; ROSSETTI, D. F. TOPODATA: Brazilian full coverage refinement of SRTM data. Applied Geography (Sevenoaks), v. 32, p. 300-309, 2011. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/256972323_Topodata_Brazilian_Full_Coverage_Refinement_of_SRTM_Data Acesso em: 20 jul. 2023.

Downloads

Publicado

19.08.2024

Como Citar

Aragão , M. L., & Girão, O. (2024). Análise morfodinâmica e identificação de classes de terrenos tecnogênicos em trecho urbano no município de Goiana - PE. Revista De Geografia, 41(2), 117–142. https://doi.org/10.51359/2238-6211.2024.261000

Edição

Seção

Artigo Científico