Trabalho e Gênero na economia de plataforma
uma revisão teórica
DOI:
https://doi.org/10.51359/2238-8052.2023.260029Palavras-chave:
gênero e trabalho, flexibilização, uberização, economia de plataforma, geografias feministasResumo
Este artigo apresenta uma revisão da literatura centrada nas relações de gênero na economia de plataforma com o intuito de compreender como as tecnologias digitais impactam as dinâmicas de gênero. Para isso, foi conduzido um levantamento bibliográfico que abrange os temas principais "economia de plataforma e gênero", "uberização e gênero" e "gig economy e gênero". Na contextualização foram incorporados estudos sobre flexibilização, inovações tecnológicas e as relações entre gênero, flexibilidade e divisão sexual do trabalho. A estrutura do trabalho envolve, inicialmente, a abordagem dos efeitos da flexibilização nas atividades laborais, com foco na mão-de-obra feminina; em seguida, a utilização de contribuições das Geografias Feministas para fortalecer as bases teórico-metodológicas nos estudos de gênero, trabalho e tecnologias digitais; e, por fim, discute-se a relação entre a economia de plataforma e as questões de gênero. Ao final da revisão, foi constatado que a literatura estrangeira incorpora a essa temática as perspectivas teóricas das Geografias Feministas e do Urbanismo de Plataforma, ao tempo que na literatura nacional há uma lacuna de produção geográfica sobre o tema e uma escassez de estudos empíricos robustos.
Referências
Abilio, L. C. (2017). Uberização do trabalho: A subsunção real da viração, Site Passapalavra/ Blog da Boitempo. Disponível em: https ://blogdaboitempo .com.br/2017/02/22 /uberizacao -do -trabalho -subsuncao-real-da-viracao/
Abilio, L. C. (2019). Uberização: Do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado. Psicoperspectivas, Valparaíso , 18 (3), p. 41-51, nov. http: //dx. doi.org/10. 5027/ psicoperspectivas -vol18-issue3-ful ltext-1674.
Abílio, L.C; Amorim, H.; Grohmann, R. (2021). Uberização e plataformização do trabalho no Brasil: Conceitos, processos e formas. Disponível em: https://www.scielo.br/j/soc/a/XDh9FZw9Bcy5GkYGzngPxwB/?format=pdf&lang=pt
Acselrad, H.; Coli, L. R. (2008). Disputas territoriais e disputas cartográficas. In. ACSELRAD, Henri (org.) Cartografias Sociais e Território. Rio de Janeiro IPPUR/UFRJ, 168.
Antunes, R. (2015). A sociedade da terceirização total. Revista da ABET, 14 (1), 6-15.
Antunes, R. (2018). O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. 1. ed.- São Paulo: Boitempo.
Antunes, R. (org.). (2020). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. 1. ed. São Paulo: Boitempo.
Ávila, M. B. (2011). As mulheres no mundo do trabalho e a relação corpo e sujeito. Cadernos de Crítica Feminista, n. 4, ano V, p. 48-71, dez. 2011.
Bauriedl, S.; Strüver, A. (2020). Platform Urbanism: technocapitalist production of private and public spaces. Urban Planning, vol. 5, nº 4, pp. 267-276.
Bezerra, I. D. S. C. (2021). Uberização do trabalho feminino: percurso histórico da violência de gênero no mundo do trabalho. (Dissertação de Mestrado). Disponível em: https://revistas.faculdadedamas .edu.br/index.php/academico/article/view/1744
Castells, M. (1999). A Sociedade em Rede: a era da informação. São Paulo: Paz & Terra.
Cheron, C.; Salvagni, J.; Colomby, R. K. (2022). "Homem só respeita homem": quando o machismo inviabiliza duplamente o trabalho das entregadoras por plataformas. XLVI Encontro da ANPAD. Disponível em: https://anpad.com.br/uploads/articles/120/approved/df308fd90635b28d82558cf580c73ed9.pdf
Colodetti, A. P. de O. A.; Melo, M. C. de O. L. (2021). As relações de gênero no contexto socioeconômico e cultural brasileiro: estudo com mulheres motoristas de aplicativos de mobilidade urbana. Cadernos EBAPE.BR, 19 (4), 872 – 886. https://doi.org/10.1590/1679-39512020141
Davis, A. (2016) Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo.
Davis, A. (2017). Mulheres, Cultura e Política. São Paulo: Boitempo.
Elwood, S.; Leszcynski, A. (2018). Feminist digital geographies. Gender, Place & Culture, 25 (5), 629-644.
Fraser, N. (2007). Mapeando a imaginação feminista: da redistribuição ao reconhecimento e à representação. Estudos Feministas, Florianópolis, 15 ( 2), maio-agosto, 291 – 308.
Fraser, N. (2011). Mercantilização, proteção social e emancipação: as ambivalências do feminismo na crise do capitalismo. Revista Direito GV, São Paulo, 7 (2), 617-634, jul-dez.
Gonza, E. L. J. (2019). Em relação à utilização das metodologias de pesquisa qualitativa na Geografia. RELACult, 5 (1), 1-14.
Goulart, A. M. M.; Melo, M. C. O. L.; Versiani, F. (2022). Relações de gênero e gueto profissional: estudo com mulheres motoristas de aplicativos de mobilidade urbana. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, 21 (1), 124-148.
Graham, M. (2020). Regulate, replicate, and resist - the conjunctural geographies of platform urbanism. Urban Geography, 41 (3), 453-457.
Grau-Sarabia, M.; Fuster-Morell, M. (2021). Gender approaches in the study of the digital economy: a systematic literature review. Humanities & Social Sciences Communications. 8 (201),1-10.
Guimarães, N. A. (2002). Os desafios da equidade: reestruturação e desigualdades de gênero e raça no Brasil. Cadernos Pagu, n. 17-18, 237-266.
Harvey, D. (1992). Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre a origem da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola.
Herbert, S. (2017). Digital development and the digital gender gap. K4D Helpdesk Report. Brighton, UK: Institute of Development Studies.
Hirata, H. (2010). Novas Configurações da Divisão Sexual do Trabalho: Revista Tecnologia e Sociedade, n.11, 2ª Ed. Disponível em: https ://periodicos .utfpr.edu.br/rts/article/view/2 557.
Hirata, H. (2018). Gênero, patriarcado, trabalho e classe. Trabalho Necessário, 16 (29), 14-27.
Hirata, H. e Kergoat, D. (2007). Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, 37(132), set./dez. p.600. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n132/a0537132.pdf
hooks, b. (2018). O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras; tradução Ana Luiza Libânio. – 1. ed. - Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos.
Kergoat, D. (2003). Divisão Sexual do Trabalho e Relações Sociais de Sexo. In: Trabalho e Cidadania Ativa para as Mulheres: desafios para as Políticas Públicas. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher.
Lan, D. (2009). Género y territorio: la violencia doméstica en espacios de vulnerabilidad y exclusión social: notas a partir de un caso en Argentina. . SILVA, J. M. (org.). Geografias subversivas: discursos sobre espaço, gênero e sexualidades. Ponta Grossa, PR : Todapalavra.
Lira, A. G. (2022). Trabalho de homem? Um olhar para o trabalho de um grupo de motoristas por aplicativo em Caruaru-PE. (Trabalho de Conclusão de Curso). Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/ handle/123456789/48047
Massey, D. (1994). Space, Place and Gender. Minneapolis, MN: Minnesota University Press.
Mata, C. C. I. do B. da, Araújo, M. M. de ., Melo, J. K. F. de ., Souza, L. A. A. de ., Silva, A. I. G. da ., Cruz, J. R. da ., Soares, L. R. ., Guimarães, N. S. ., Azevedo, V. da G. M. ., & Santos, L. J. dos . (2021). A mulher no mercado de trabalho uberizado em tempos de pandemia: breve análise sobre os caminhos da desigualdade de gênero laborativo no Brasil. Laborare, 4(7), 30–47. https://doi.org/10.33637/2595-847 x.2021-91
Mcdowell, L. (2000). Gênero, identidad y lugar: un estudio de las geografías feministas. Valencia: Cátedra.
Mello, M. da S. (2021). Descaminhos do trabalho sob a perspectiva da uberização: uma análise do trabalho feminino nos aplicativos de transporte no estado da Paraíba. (Dissertação de Mestrado). Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/22835?locale=pt_BR
Milkman, R., Elliott-Negri, L., Griesbach, K., & Reich, A. (2021). Gender, Class, and the Gig Economy: The Case of Platform-Based Food Delivery. Critical Sociology, 47(3), 357-372. https://doi.org/10.1177/0896920520949631
Montenegro, M. R. (2020).. Do capitalismo de plataforma à difusão dos aplicativos: apontamentos sobre novos nexos entre os circuitos da economia urbana em tempos de Covid-19. Espaço e Economia: Revista Brasileira de Geografia Econômica, n. 19, ano IX.
Nascimento, M. B. (2007). A Mulher Negra no Mercado de Trabalho. In: RATTS, Alex. Eu Sou Atlântica: Sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Instituto Kuanza; São Paulo: Imprensa Oficial. p. 102-106.
Okin, S. M. (2008). Gênero, o público e o privado. Revista Estudos Feministas, 16(2), Florianópolis, maio/ago. Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php?pid=S0104-026X2008000200002&script=sci_arttext..
Pereyra, F.; Micha, A.; Poggi, C. (2021). Desigualdades de género en la economía de plataformas. Los casos del trabajo de reparto y el transporte privado de pasajeros en el Área Metropolitana de Buenos Aires. Asociación Argentina de Economía Política: Working Papers 4491, Asociación Argentina de Economía Política. Disponível em: https://aaep.org .ar /works /works2021b/4491.pdf
Pochmann, M. (2016). Terceirização, competitividade e uberização do trabalho no Brasil. In: TEIXEIRA, M. O.; et. al.. (orgs.). Precarização e terceirização: faces da mesma realidade. São Paulo: Sindicato dos Químicos-SP.
Raffestin, C. (1993). Por uma Geografia do Poder. São Paulo: Ática.
Reis, B. F.; Graminho, V. M. C. (2020). Sem contrato e sem freios: os desafios enfrentados pelas mulheres na uberização do trabalho. In: Souza, I. F. Vieira, R. de S. (Org.). Estado, política e direito: políticas públicas, cidadania e direitos humanos, ( IX). Criciúma, SC: UNESC. 252-276.
Reis, M. L. (2015). Estudos de gênero na Geografia uma análise feminista da produção do espaço. In: Espaço e Cultura, UERJ, RJ, n. 38, 11-34, JUL./DEZ.
Salazar Daza, C. (2021).“Con Uber yo puedo sobrevivir, pero progresar no”: el trabajo en plataformas digitales de transporte en Quito (Ecuador) dentro de un mercado laboral pauperizado. Revista Latinoamericana de Antropología del Trabajo, 10 (5). Enero Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas. Argentina.
Salvagni, J. (2021) As mulheres nas plataformas digitais: a farsa do trabalho flexível. Disponível em: https://blogdaboitempo.com.br/2021/08/23/as-mulheres-nas-plataformas-digitais-a-farsa-do-trabalho-flexivel/
Santos, M. (1996). A Natureza do Espaço: técnica e tempo; razão e emoção. São Paulo: Hucitec.
Santos, M. (2008). O Espaço Dividido: Os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos. São Paulo: EDUSP.
Scott, J. (1991). Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Recife: SOS Corpo.
Silva, J. M. (2009). Geografias subversivas: discursos sobre espaço, gênero e sexualidades. Ponta Grossa: Todapalavra.
Silva, J. M. (2016). Contribuições das geografias feministas nas abordagens das relações entre espaços e diferenças. In: SPOSITO, E. S.; et. al.. (orgs.). A diversidade da geografia brasileira: escalas e dimensões da análise e da ação. Rio de Janeiro: Consequência Editora.
Silva, J. M.; Ornat, M. J. (2020). Geografias feministas na América Latina: desafios epistemológicos e a decolonialidade de saberes. Journal of Latin American Geography, 19 (1), 163-171.
Silva, S. M. V. (1998). Geografia e gênero/geografia feminista. O que é isto? Boletim Gaúcho de Geografia, v. 23, 1998, 105-110.
Soares, P. E. es; Araújo, A. C. M. de; Pereira, E. de F. da S. F. (2021). A invisibilidade das entregadoras de aplicativo: a uberização como elemento de precarização da divisão sexual do trabalho. Brazilian Journal of Development, [S. l.], 7(5), 51611–51641. Disponível em: https:// ojs.brazilianjournals.com.br/ ojs/index.php/BRJD/article/view/30272.
Souza-Lobo, E. (1991). A classe operária tem dois sexos: trabalho, dominação e resistência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.
Vallas, S.; Schor, J. B. (2020). What do platforms do? Understanding the Gig Economy. Annual Review of Sociology, 46 (1), 16.1-16.22.
Vastella, F. T. (2021). Um recorte de gênero no fenômeno da Uberização: uma análise sobre a jornada de trabalho da motorista mulher. (Trabalho de Conclusão de Curso). Disponível em: https://www.monografias.ufop.br/ andle/35400000/3163
Viana, G. T. (2022). Reflexões sobre a Uberização no trabalho feminino durante a pandemia de COVID-19 no Brasil. (Trabalho de Conclusão de Curso). Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/items/ 83b884a9-23e9-41c2-b8aa-70696ac507f4
Wajcman, J. (2010). “Feminist Theories of Technology.” Cambridge Journal of Economics, 34 (1), 143–52. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/24232027.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Doris Jamylla Siqueira Lopes Campos, Thiago Adriano Machado
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
