UM CINEMA À MARGEM
Abstract
Este estudo discute o modo como cineastas dão orientação estética e politica a seus filmes e teorias estéticas, que fundam suas praticas. Procuro evidenciar como filmes, roteiros ou manifestos compõem um universo artístico-cultural e politico intricado, nao se podendo considera-los em separado, sobretudo, na experiência de um cinema a margem tal como em certas manifestações cinematográficas no Brasil e na América Latina dos anos 1960. Os modelos escolhidos apontam, de um lado, para um realismo radical, que assume uma ideia de estrutura fílmica documental que seja reveladora da estrutura social tal qual supostamente ela e. E o que se poderia chamar de cinema direto: espécie de cinema sociológico, tal como realizado por Fernando Solanas, em La hora de los hornos. De outro lado, a opção se da por mediações alegóricas, que identificam procedimentos específicos da narração fílmica, suas ambivalências, sua natureza distinta do expressivamente politico. Neste caso, a ênfase recai sobre a analise dos procedimentos específicos a fatura fílmica (Glauber Rocha). Os sentidos atribuídos aos posicionamentos quanto a construção de identidade relativamente a ação politica da arte são, respectivamente, como se seguem: para os que tomam para si o primado da identidade, o conteúdo diz a forma; para quem reivindica um sentido de atualização/modernização, a forma diz o conteúdo. Reflexões recentes sobre as repercussões subsequentes dessas ideias, sob o influxo da globalização e do debate do pós-colonial, têm levantado questões a proposito das possibilidades de mobilização de recursos e trajetórias diversas como meio alternativo a persistência de nossa condição de marginalização e submissão ao modelo dos países hegemônicos. Nesse sentido, o cinema produzido nessas regiões periféricas se apresenta como expressão privilegiada, também, para se pensar a tensão atual entre o lugar e o não-lugar global. Esse ponto, alias, indica uma questão bastante recorrente a proposito dos problemas e desafios quanto a autonomia das produções cinematográficas nos países periféricos, sobretudo, com respeito ao circuito global das atuais coproduções, bem como, ao financiamento estatal. Esse quadro, com as devidas distinções, expressa o desenho da maioria da produção cinematográfica em contextos periféricos. Para o nosso caso, importa ver como se da o debate sobre a questão da autonomia e da identidade nos cinemas brasileiro, latino-americano e dos países africanos de língua portuguesa.
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