Tempos no corpo: contribuições do método lefebvriano para a pesquisa urbana (latino-americana)
Palavras-chave:
método regressivo-progressivo (Henri Lefebvre), estudos urbanos (América Latina), espaços públicos (ruas e praças), regras de comportamento corporal (pedestres)Resumo
Quais as contribuições que, para a conceituação da diferença no mundo urbano atual, podem oferecer pesquisas sobre cidades latino-americanas orientadas pelo método regressivo-progressivo lefebvriano? Enfocar, sob tal prisma metodológico, em particular a historicidade das regras de comportamento corporal na Praça da Sé da São Paulo tal qual investigada documental e etnograficamente entre 1997 e 2012, traz para o primeiro plano analítico um espaço definido: o corpo de quem é pedestre naquele logradouro. Esse carrega indícios de quatro contribuições conceituais do método para a pesquisa urbana latino-americana e os estudos urbanos internacionais em geral, quando o assunto é diferença. O método incentiva à compreensão da complexa coexistência de tempos históricos nos corpos tanto dos seres humanos quanto das edificações e equipamentos urbanos; favorece o reconhecimento da dimensão histórica das contradições sociais implícitas no uso de ruas e praças públicas; evidencia diferenças históricas em/entre cidades que são apreensíveis no nível da prática espacial dos pedestres nos espaços públicos urbanos; ressalta a relevância conceitual crítica do tempo histórico na reflexão contemporânea sobre a produção do espaço urbano.
Referências
AZEVEDO, Militão Augusto de. 1887. Album Comparativo da Cidade de São Paulo 1862-1887. São Paulo: s. ed. [Acervo: Arquivo do Estado de São Paulo]
BERKING, Helmuth; LÖW, Martina (Orgs.). 2008. Die Eigenlogik der Städte. Frankfurt a. M./New York: Campus.
CAMPOS, Cândido M. 2002. Os rumos da cidade. São Paulo: Senac.
COMIN, Álvaro; SOMEKH, Nádia (Orgs.). 2004. Caminhos para o centro. São Paulo: PMSP/CEBRAP/CEM.
CORDEIRO, Helena K. 1980. Centro da metrópole paulistana: expansão recente. São Paulo: Instituto de Geografia da Universidade de São Paulo.
DEULCEUX, Sandrine; HESS, Rémi. 2009. Henri Lefebvre: vie, oeuvres, concepts. Paris: Ellipses.
D’OTAVIANO, Camila. 1994. A Cidade do pedestre. Trabalho de Conclusão de Curso. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
EMURB [Empresa Municipal de Urbanismo]. 2005. Praça da Sé – Requalificação da paisagem urbana. São Paulo: EMURB; mimeo.
FERNANDES, Florestan. 1959. Fundamentos empíricos da explicação sociológica. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
FREHSE, Fraya. 1997. Entre largo e praça, matriz e catedral: a Sé dos cartões postais paulistanos. Cadernos de Campo, São Paulo, v. 5, n. 5-6, p. 117-155.
FREHSE, Fraya. Potencialidades do método regressivo-progressivo: pensar a cidade, pensar a história. Tempo Social, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 169-184.
FREHSE, Fraya. 2005. O tempo das ruas na São Paulo de fins do Império. São Paulo: Edusp.
FREHSE, Fraya. 2008. Lefebvre’s Use of Space in the Public Places of Contemporary Downtown São Paulo. Comunicação na “Rethinking Theory, Space and Production: Henri Lefebvre Today” International Conference (Delft: TU Delft); mimeo.
FREHSE, Fraya. 2011a. Ô da rua! O transeunte e o advento da modernidade em São Paulo. São Paulo: Edusp.
FREHSE, Fraya. 2011b. A sociedade da rua em São Paulo: A cidade fora dos muros. Projeto de Pesquisa. São Paulo: Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo; mimeo.
FREHSE, Fraya. 2013a. Os tempos (diferentes) do uso das praças da Sé em Lisboa e em São Paulo. In: FORTUNA, Carlos; LEITE, Rogerio Proença (Orgs.). Diálogos urbanos. Coimbra: Almedina, p. 127-173.
FREHSE, Fraya (no prelo). In Search of Difference “In and Through” São Paulo: The Regressive-Progressive Method. In: MORAVÁNSKY, Akos; SCHMID, Christian; STANEK, Lukasz (Orgs.) Urban Revolution Now. London: Ashgate.
FRÚGOLI JR., Heitor. 1995. São Paulo: espaços públicos e interação social. São Paulo: Marco Zero.
FREHSE, Fraya. 1999. A questão dos camelôs no contexto da revitalização do centro da metrópole de São Paulo. In: Souza, Maria Adélia et alii (Org.). Metrópole e globalização. São Paulo: CEDESP, p. 151-65.
FREHSE, Fraya. 2000. Centralidade em São Paulo. São Paulo: Cortez/Edusp/Fapesp.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. 1998/1989. Culturas híbridas. Trad. Heloísa Pezza Cintrão/Ana Regina Lessa. São Paulo: Edusp.
GARCÍA CANCLINI, Néstor.. 2006/1995. Consumidores e cidadãos. Trad. Maurício Santana Dias. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. 2005/2004. Diferentes, desiguais e desconectados. Trad. Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
GARCÍA QUESADA, George I. 2001. Las sombras de la modernidad. San José (Cr): Editorial Arlequin.
GARCÍA QUESADA, George I. 2008. Una réplica a ‘La sociología crítica de Henri Lefebvre’, de Roy Alfaro Vargas. Revista de Ciencias Sociales, San José (Cr), v. 120, n. 2, p. 59-64.
GOONEWARDENA, Kanishka; KIPFER, Stefan; MILGRAM, Richard; SCHMID, Christian (Orgs.). 2008. Space, Difference, Everyday Life. New York/London: Routledge.
HESS, Rémi. 1988. Henri Lefebvre et l’aventure du siècle. Paris: A.M. Métailié.
HESS, Rémi. 2009. Henri Lefebvre et la pensée du possible. Paris: Anthropos.
HESS, Rémi; SAVOYE, Antoine. 1988. Perspectives de l’analyse institutionelle. Paris: Méridiens Klincksieck.
INSTITUTO Cultural Itaú. 1994/1993. Cadernos Cidade de São Paulo - A Praça da Sé. São Paulo: Instituto Cultural Itaú.
KARA JOSÉ, Beatriz. 2010. A popularização do centro de São Paulo: um estudo das transformações ocorridas nos últimos 20 anos. Tese de Doutorado. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
KOWARICK, Lúcio. 2009. Viver em risco. São Paulo: Editora 34.
LEFEBVRE, Henri. 1961. Critique de la vie quotidienne. v. 2. Paris: L’Arche Éditeur.
LEFEBVRE, Henri. 2001a/1949. Problèmes de sociologie rurale. In: LEFEBVRE, Henri. Du rural à l’urbain. Paris: Anthropos, p. 21-40.
LEFEBVRE, Henri. 2001b/1953. Perspectives de sociologie rurale. In: LEFEBVRE, Henri. Du rural à l’urbain. Paris: Anthropos, p. 63-78.
LEFEBVRE, Henri. 1971/1959. Qu’est-ce que le passé historique?. In: LEFEBVRE, Henri. Au-délà du structuralisme. Paris: Anthropos, p. 77-87.
LEFEBVRE, Henri. 1962. Introduction à la modernité. Paris: Les Éditions de Minuit.
LEFEBVRE, Henri. 1963. La Vallée de Campan. Paris: PUF.
LEFEBVRE, Henri. 2009/1968. Le droit à la ville. Paris: Economica/Anthropos.
LEFEBVRE, Henri. 1970b. La révolution urbaine. Paris: Gallimard.
LEFEBVRE, Henri. 2000/1974. La production de l’espace. Paris: Anthropos.
LEFEBVRE, Henri. 1992. Eléments de rythmanalyse. Paris: Syllepse.
LÉVI-STRAUSS, Claude. 1955. Tristes tropiques. Paris: Plon.
LÖW, Martina. 2009. Soziologie der Städte. Frankfurt a. M. : Suhrkamp.
MARTINS, José de S. 1996a. As temporalidades da história na dialética de Lefebvre. In: MARTINS, José de S. (Org.). Henri Lefebvre e o retorno à dialética. São Paulo: Hucitec, p. 13-23.
MARTINS, José de S. (Org.). 1996b. Henri Lefebvre e o retorno à dialética. São Paulo: Hucitec.
MARTINS, José de S. 2008a. A sociabilidade do homem simples. São Paulo: Contexto.
MAUSS, Marcel. 1997/1950. Sociologie et anthropologie. Paris: Quadrige/Puf.
MEYER, Regina P. 1999. A construção da metrópole e a erosão do seu centro. Revista URBS, São Paulo, v. 2, n. 14, p. 28-35.
MILANESI, Renata. 2002. Evolução urbana e espaço público. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
NAKANO, Kazuo; ROLNIK, Raquel; CAMPOS, Cândido M. 2004. Dinâmicas dos subespaços da área central de São Paulo. In: COMIN, Álvaro; SOMEKH, Nádia (Orgs.): Caminhos para o centro. São Paulo: PMSP/CEBRAP/CEM, p. 123-158.
PASTRO, Cláudio. 2010. A arte no Cristianismo. São Paulo: Paulus.
PEIXOTO, Paulo. 2009. Requalificação urbana. In: FORTUNA, Carlos/LEITE, Rogerio P. (Hg.): Plural de cidade. Coimbra: Almedina, p. 41-52.
PONZIO, Francisca. 2003. O arquiteto da Sé. In: URBS. http://www.vivaocentro.org.br/publicacoes/urbs/urbs31.htm. (Acessado em 26.04.2008).
PORTO, Antonio Rodrigues. 1996. História da cidade de São Paulo através de suas ruas. São Paulo: Carthago Editorial.
RONNEBERGER, Klaus. 2008. Henri Lefebvre and Urban Everyday Life: In Search of the Possible. In: GOONEWARDENA, Kanishka; KIPFER, Stefan; MILGRAM, Richard; SCHMID, Christian (Orgs.) 2008. Space, Difference, Everyday Life. New York/London: Routledge, p. 134-146.
SASSEN, Saskia. 1991. Global Cities. Thousand Oaks: Pine Forge Press.
SASSEN, Saskia. 2008. As diferentes especializações das cidades globais. In: Urban Age (Org.). Cidades sul-americanas: assegurando um futuro urbano. São Paulo: Imprensa Oficial, p. 4-6.
SCHMID, Christian. 2006. Stadt, Raum und Gesellschaft. München: Franz Steiner Verlag.
STANEK, Lukasz. 2011. Henri Lefebvre and Space. Minneapolis/London: The University of Minnesota Press.
TEIXEIRA, Manuel C. 2001. As praças urbanas portuguesas quinhentistas. In: TEIXEIRA, Manuel (Org.). A praça na cidade portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte, p. 69-89.
VARGAS, Roy A. 2005. Sociología dialéctica de la literatura: cuestión de método. Revista de Ciencias Sociales, San José (Cr), v. 3-4, n. 109-110, p. 151-156.
VARGAS, Roy A. 2006. La sociología crítica de Henri Lefebvre. Revista de Ciencias Sociales, San José (Cr), v. 3-4, n. 113-114, p. 97-104.
VARGAS, Roy A. Henri Lefebvre. Contrarréplica a George I. García. Revista de Ciencias Sociales, San José (Cr), n. 125, p. 103-115.
Downloads
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado