A comunidade científica de analistas lusófonos de redes sociais: qual o potencial para a ação coletiva?

Autores

  • Marta Pedro Varanda Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL)
  • Breno Augusto Souto Maior Fontes PPGS/UFPE
  • Raquel Rego Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
  • Klaus Eichner Universität Hamburg

Palavras-chave:

análise de redes sociais, Brasil, Portugal, lusofonia, ciências sociais, inovação científica

Resumo

O crescimento dos estudos de redes sociais na comunidade lusófona tem experimentado um crescimento importante na última década, fato que constatamos nos encontros que realizamos com a comunidade acadêmica no Congresso Luso-Afro-Brasileiro (realizado em 2010, Salvador, Brasil) e SUNBELT (realizado em 2011, no Riva Del Garda, Itália).   Estes eventos têm revelado que os investigadores, salvo algumas exceções, não se conhecem, e não sendo uma comunidade cientifica no sentido de se relacionar, compartilhar ou cooperar, verificam-se manifestações de interesse em criar sinergias. O desafio que nos colocamos neste artigo foi o de olhar as estruturas de interdependência da ARS (Análise de Redes Sociais) lusófona do presente e refletir sobre o seu potencial de ação coletiva, isto é, a sua capacidade de desenvolver um projeto com objetivos comuns, de difundir e institucionalizar a ARS no meio científico. Questionamo-nos, por exemplo, por que é que ao longo destes últimos 20 anos a ARS lusófona não se institucionalizou? Que constrangimentos têm impedido o seu desenvolvimento mais vigoroso? Que evolução é expectável?

 

Biografia do Autor

Marta Pedro Varanda, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL)

Mestre pela University of South Carolina (EUA) e Doutora pela Université des Sciences et Technologies de Lille -Lille 1 (França). Exerce funções de Investigadora Auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/UL), onde foi contratada ao abrigo do Programa Compromisso com a Ciência. Portugal.

Breno Augusto Souto Maior Fontes, PPGS/UFPE

Professor Titular do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco. Concluiu o doutorado na Universidade de Paris III (Sorbonne-Nouvelle). Tem Pós- Doutorado na Harvard University (EUA), na Université de Nanterre (França) e na Universität Hamburg (Alemanha).  É Bolsista de Produtividade do CNPq. Atua na área de Sociologia construindo uma agenda de pesquisas sobre redes, sociabilidades e poder local; no âmbito desta agenda, tem realizado pesquisas nas áreas de saúde, movimentos sociais, ONGs, gestão urbana e participação popular.

Raquel Rego, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa

Iinvestigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Doutorou-se em sociologia simultaneamente pela Université Lille 1 (França) e pelo ISCTE-IUL (Portugal). Suas áreas de interesse: trabalho, relações laborais, regulação profissional, associativismo e terceiro setor. Dentre suas publicações recentes destacam-se os artigos "Portugal - Signes contradictoires dans le Portugal en crise" publicado na Chronique Internationale de l'IRES - Variations de la conciliation vie fammilliale-vie professionnelle dans l'OCDE, em 2015, e "Bridging volunteering and the labour market: a proposal of a soft skills matrix" publicado na Voluntary Sector Review, em 2016.

Klaus Eichner, Universität Hamburg

Professor Titular da Universität Hamburg (Alemanha) e Diretor do Institut für Soziologie. Doutor em Sociologia pela Universität Hamburg (Alemanha), onde também realizou estágio pós-doutoral. Coordenou o Núcleo de Estudos sobre Problemas Sociais e Sociologia do Desvio, desenvolvendo intensa pesquisa sobre redes sociais, com importante trabalho teórico-metodológico.

Referências

BORGATTI, S. P. Net Draw: graph visualization software. Harvard:

Analytic Technologies, 2002.

BORGATTI, S. P.; CROSS, R. A Relational View of Information Seeking and Learning in Social Networks. Management Science, v. 49, n. 4, p. 432-445, 2003.

BORGATTI, S. P.; EVERETT, M. G.; FREEMAN, L. C. Ucinet for

Windows: software for social network analysis. Harvard, MA: Analytic Technologies, 2002.

BRASS, D. J. Asocial network perspective on human resources management. Research in Personnel and Human Resources Management, v.13, n.1, p. 39-79, 1995.

BURT, R. Brokerage and closure: an introduction to social capital. Oxford: Oxford University, 2005.

BURT, R. Structural Holes: the social structure of competition. Cambridge,

MA: Harvard University, 1992.

COLEMAN, J. S. Foundations of Social Theory. Cambridge, MA: The

Belknap Press of Harvard, 1990.

CROZIER, M.; FRIEDBERG, E. L’Acteuret le Système. Paris: Éditions du

Seuil, 1977.

DEGENNE, A.; FORSÉ, M. Introducing Social Networks. London: Sage,

DOMS, M., MOSCOVICI, S. Innovation et Influence des Minorités. In: MOSCOVICI, S. (Ed.). Psychologie Sociale, Paris: PUF, 1992.

FERNANDEZ, R., MCADAM, D. Social Networks and Social Movements: multi- organizational fields and recruitment to Mississippi Freedom Summer. Sociological Forum, n. 3, p. 441-60, 1988.

FESTINGER, L. A Theory of Social Comparison Processes. Human Relations, n. 7, p.

-140, 1954.

FESTINGER, L. et al. Social Pressures in Informal Groups: a study of human factors in housing. California: Stanford University, 1950.

FONTES, B. Redes, Práticas Associativas e Poder Local. Curitiba: Appris,

FREEMAN, L. Centrality in social networks conceptual clarification. Social Networks, n. 1, p. 215-239, 1979.

FREEMAN, L. The Development of Social Network Analysis: a study in the sociology of science. Vancouver: Empirical, 2004.

GOULD, R. Multiple Networks and Mobilisation on the Paris Commune 1871, American Sociological Review, v. 56, p. 716-29, 1991.

GRANOVETTER, M. Threshold Models of Collective Behavior. American Journal of Sociology, v. 83, n. 6, p. 1420-1443, 1978.

GRANOVETTER, M. The Strength of Weak Ties. American Journal of Sociology, v. 78, p. 1360- 1380, 1973.

HANNEMAN, R.; RIDDLE, M. Introduction to social network methods. Riverside: University of California, 2005. Disponível em: . Acesso em: 24 mar. 2012.

HANNEMAN, R.; RIDDLE, M. Concepts and measures for basic network analysis. In: SCOTT, J. P.; CARRINGTON, P. J. The SAGE handbook of social network analysis. Cambridge: Sage, 2011.

HECHTER, M. When Actors Comply: Monitoring Costs and the Production

of Social Order. Acta Sociologica, n.27, p. 161-183, 1984.

KNOKE, D.; YANG, S. Network Analysis. Beverly Hills-California: Sage,

KOSSINETS, G. Effects of missing data in social networks. Social Networks, n.28, p. 247-268, 2006.

KRACKHARDT, D.; STERN, R. Informal networks and organizational crises: an experimental simulation. Social Psychology Quarterly, v.51, n.2, p. 123-140, 1988.

LAZEGA, E. The Micropolitics of Knowledge. New York: Aldine de Gruyter, 1992.

LAZEGA, E. Réseaux sociaux et structures relationnelles. Paris: PUF, 1998.

LAZEGA, E. The Collegial Phenomenon. Oxford: Oxford University Press, 2001.

MARWELL, G; OLIVER, P. E. The Critical Mass in Collective Action: A Micro-Social Theory. New York: Cambridge University, 1993.

MCCARTHY, J. D.; ZALD, M. N. Resource mobilization and social movements: a partial theory. American Journal of Sociology, v.82, n.6, p. 1212-1241, 1977.

MCPHERSON, M.; SMITH-LOVIN, L.; COOK, J. M. Birds of a feather:

homophily in social networks. Annual Review of Sociology, v.27, p. 415- 444, 2001.

MELUCCI, A. Challenging Codes: Collective Action in the Information Age. Cambridge: Cambridge University, 1996.

MENZEL, H. Innovation, integration and marginality: a survey of physicians. American Sociological Review, n. 25, p. 704-713, 1960.

OBERSCHALL, A. Social Movements: Ideologies, Interests and Identities. New Brunswick: Transaction Publishers, 1993.

OLSON, M. The Logic of Collective Action. Cambridge: Harvard

University, 1965.

PIÑA-STRANGER, A. Apprentissagecollectif à l’échelle inter- organisationelle: le cas des entrepreneurs de biotechnologie. Thèse (doctorat en Sociologie) - Université Paris- Dauphine, 2011.

PUTNAM, R. Bowling alone: the collapse and revival of American community. New York: Touchstone, 2001.

REYNAULD, J. D. Les Règles du Jeu. 3. ed. Paris: Armand Colin, 1997.

ROGERS, E. M. Diffusion of Innovations. New York: The Free Press, 1995.

ROSSONI, L.; GRAEML, A. A influência da imersão institucional e

regional na cooperação entre pesquisadores no Brasil. REDES-Revista

Hispana para el Análisis de Redes Sociales, v. 16, n. 9, p. 228-249, 2009.

SCOTT, J.; CARRINGTON, P. J. The SAGE Handbook of Social Network Analysis. Cambridge: SAGE Publications, 2011.

SNOW, D.A. et al. Social Networks and Social Movements: a Microstrucutral Approach to Differential Recruitment. American Sociological Review, n.45, p. 787- 801, 1980.

TILLY, C. From Mobilization to Revolution. Reading, MA: Addison Wesley, 1978.

VALENTE, T. W. Network Models of the Diffusion of Innovations. New Jersey: Hampton. Press Inc., 1995.

VARANDA, M. et al. A análise de redes sociais no mundo lusófono: contributos para oconhecimentodeumcampocientíficoemdesenvolvimento. REDES-Revista Hispana para el Análisis de Redes Sociales, v. 22, n. 7, jun. 2012. Disponível em: . Acessoem: 10 set. 2012.

WASSERMAN, S.; FAUST, K. Social Network Analysis: Methods and Applications, Cambridge: Cambridge University, 1994.

WELLMAN, B. Network analysis: some basic principles. Sociological theory, v. 1, p. 155-200, 1983.

Downloads

Edição

Seção

Artigos