A produção do feminino: representações de gênero no discurso da teologia católica tradicional

Autores

  • Neiva Furlin Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Palavras-chave:

teologia católica, subjetividade feminina, crítica feminista

Resumo

Este ensaio discute como o feminino foi produzido pelos discursos da teologia católica tradicional e quais foram os seus efeitos sobre a vida das mulheres. Para este fim, tomamos por base aspectos da literatura de teólogas feministas por meio da qual se tornou possível evidenciar as representações de gênero inscritas no discurso católico tradicional. Para o tratamento dos elementos históricos adotamos a perspectiva da genealogia, inspirada em Michel Foucault, uma vez que não se pretendeu interpretar a história de forma linear, mas compreender as condições nas quais os processos de subjetivação feminina ocorreram no universo do saber teológico. Como ferramenta analítica elegemos os pressupostos teóricos dos estudos feministas e de gênero, segundo a perspectiva pós-estruturalista. O estudo evidencia que a reiteração das representações simbólicas de gênero sobre o corpo, o comportamento e a sexualidade das mulheres exerceu um poder performativo, produzindo corpos e subjetividades inferiores e, consequentemente, práticas sociais e eclesiais desiguais, no que tange às relações de gênero. Por outro lado, a crítica feminista tem sido fundamental para desconstruir e desnaturalizar os modelos de feminilidade produzidos pelos discursos teológicos masculinos.

Biografia do Autor

Neiva Furlin, Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Professora adjunta da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Doutora em Sociologia pela UFPR (2014), com doutorado sanduíche pelo Centro de Investigaciones Interdisciplinarias en Ciencias y Humanidades (CEIICH) da Universidade Nacional Autónoma de México (UNAM) (2012). Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná (2002). Atua na área de Sociologia com ênfase em teoria social, cultura, estudos de gênero e trabalho. Em seu currículo lattes os temas mais frequentes de sua produção acadêmico-científica são: terceirização/trabalho, estigma, docência, trajetórias acadêmico-profissional, geração e religião. Foi membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero da UFPR.

Referências

ADELMAN. Miriam. 2009 A voz e a escuta: encontros e desencontros entre a teoria feminista e a sociologia contemporânea. São Paulo: Editora Blucher Ltda.

AQUINO, Tomás. 1980. Questão 92 – Da produção das mulheres. In: AQUINO, Tomás. Suma Teológica. 2 ed. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes. (Coleção v.2)

AUSTIN, John Langshaw. 1975. How to do things with words. Cambridge: Havard University Press.

BEAUVOIR, Simone de. 1949. O segundo sexo: fatos e mitos. (Vol.1). São Paulo: Círculo do Livro.BIOGRAFÍAS Y VIDAS: La enciclopedia Biográfica en líneas. Sor Juana Inés de la Cruz. Disponível em: <http://www.biografiasyvidas.com/biografia/j/juana_ines.htm>. Acesso em: 12 de jun.2010.

BRAIDOTTI, Rosi. 2004..Feminismo, diferencia sexual y subjetividad nómade. Barcelona, España: Editorial Gedisa.

BRAIDOTTI, Rosi. 1999. Diferencia sexual, incardinamiento y devenir. MORA - Revista del Instituto interdisciplinario de Estudios de Género, Facultad de Filosofía y Letras, Buenos Aires, n.5, p. 08-19.

BRANCHER, Mercedes. 2009. Em Maria de Nazaré Deus se manifesta. In: BRANCHER, M.; DOMENZI, Maria Cecilia. (Org). Maria entre as mulheres: Perspectiva de uma Mariologia feminista libertadora. São Leopoldo – RS: CEBI/Paulus, p. 55-74.

BUTLER, Judith. 2006. Entrevista com Judith Butler: O gênero é uma instituição social mutável e histórica. Revista IHU on-line, São Leopoldo-RS: UNISINOS, n. 199, 9 out. p. 3-4.

BUTLER, Judith. 2007. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, Guacira Lopes (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, p.151-172.

COMBLIN, José. 2003. Perspectiva de uma teologia feminina. In: SOTER (Org). Gênero e teologia: interpretações e perspectivas. São Paulo: Edições Loyola, p. 295-303.

DALY, Mary. 1986. Beyond God the Father. Londres: The Women Press.

FELSKI, Rita. 1999. La doxa de la diferencia. MORA - Revista del Instituto interdisciplinario de Estudios de Género, Facultad de Filosofía y Letras, Buenos Aires, n.5, p. 33-52.

FIORENZA, Elisabeth Schüssler. 1995.Discipulado de iguais: uma ekkesia-logia feminista crítica da libertação. Petrópolis: Editora Vozes.

FIORENZA, Elisabeth Schüssler. 2000. Cristología feminista crítica: Jesus, hijo de Mirian, profeta de la sabiduría. Madrid: Trota.

FIORENZA, Elisabeth Schüssler. 2009. Mariologia: ideologia de gênero e o discipulado de iguais. In: BRANCHER, Mercedes; DOMENZI, Maria Cecília. (Org). Maria entre as mulheres: Perspectiva de uma mariologia feminista libertadora. São Leopoldo – RS: CEBI/Paulus, p. 27-54.

FOUCAULT, Michel. 1999a. Microfísica do poder. 14. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal.

FOUCAULT, Michel. 1999b. História da sexualidade: a vontade de saber. 13 ed. São Paulo: Edições Graal.

FOUCAULT, Michel. 2007a. História da sexualidade: o uso dos prazeres. 12 ed. São Paulo: Edições Graal.

FOUCAULT, Michel. 2007b. História da sexualidade: o cuidado de si. 9 ed. São Paulo: Edições Graal.

FURLIN, Neiva. 2014. Relações de gênero, subjetividades e docência feminina: um estudo a partir do universo do ensino superior em teologia católica. Tese (Doutorado em Sociologia) - Setor de Ciências Humanas Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

FOUCAULT, Michel. 2011. Teologia e gênero: a docência feminina em instituições católicas. Revista Eclesiástica Brasileira, n. 284, p. 880-910.

GEBARA, Ivone. 2004. Teología de la liberación y género: ensayo crítico feminista. In: MARCOS, Sylvia. Religión y género, Madrid: Editora Trota, p.107-136.

GEBARA, Ivone. 2006a. Teologia feminista e a crítica da razão religiosa patriarcal: entrevista com Ivone Gebara. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis,vol.14 (1), Jan./Abr 294-304.

GEBARA, Ivone. 2006b. Pensar a rebeldia cristã a partir das relações de gênero. In: SOUZA, Sandra Duarte de. Gênero e religião no Brasil: ensaios feministas. São Paulo: UMESP, 135-146.

GEBARA, Ivone. 2008. Compartir los panes y los peces: cristianismo, teología y teología feminista. Montevidéu - Uruguay: Doble clic-Editoras.

GÊNESIS. 1990. In: BÍBLIA sagrada. Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, p. 14-64.

GRAF, Norma Blazquez. 2011. El retorno de las brujas: incorporación, aportaciones y crítica de las mujeres a la ciencia. Ciudad de México, DF: UNAM/CEIICH.

JAPIASSU, Hilton. 2011. Porque a ciência já nasceu machista? In: JAPIASSU, Hilton. Ciências questões interpretativas. Aparecida SP: Editora Ideias e Letras, p.17-50.

HARDING, Sandra. 1996. Ciencia y feminismo. Madrid: Ediciones Morata.

HÄRING, Bernhard.1960. A Lei de Cristo: Teologia Moral para Sacerdotes e Leigos. São Paulo: Herder.

HÉRITIER, Françoise. 1996. Masculino feminino: o pensamento da diferença. Lisboa: Instituto Piaget.

HITA, Maria Gabriela. 2002. Igualdade, identidade e diferença(s): Feminismo na reinvenção de sujeitos. In BUARQUE, Heloísa de Almeida et al (orgs) Gênero em Matizes. São Paulo: EDUSF, p. 319-351.

LAURETIS, Teresa de. 1994. A tecnologia de gênero. In: HOLANDA, Eloísa Buarque de (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura.Rio de Janeiro: Rocco, p. 206-242.

LAURETIS, Teresa de. 2000. Genealogías feministas: un itinerario personal. In: LAURETIS, Teresa de. Diferencias: Etapas de un camino a través del feminismo. Madrid: horas y Horas La Editorial, p. 7-31.

LERNER, Gerda. 1993. The Creation of Feminist Consciousness. From the Middle Ages to Eighteen-seventy. Oxford: Oxford University Press.

LEVÍTICO. 1990. In: BÍBLIA sagrada. Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, p. 110-140.

MANNHEIM, Karl. 1976. A sociologia do conhecimento. In: MANNHEIM, Karl. Ideologia e utopia: introdução a sociologia do conhecimento cultura. São Paulo: Editora Globo, p. 245- 289.

MISKOLCI, Richard. 2009. A teoria queer e a sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias, Porto Alegre, ano 11, n. 21, jan/jun., p.150-182.

MURARO, Rose Maria. 1996. Prefácio. In: RANKE-HEINEMANN, Uta. 1996. Eunucos pelo Reino de Deus: mulheres, sexualidade e a Igreja Católica. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos, p.07-15.

NICHOLSON, Linda. 2000. Interpretando o gênero. Revista deEstudos Feministas, Florianópolis, CFH/CCE, UFSC, v. 8, n.2, p. 9-41.

PAZ, Octavio. 1998. Soror Juana Ines de La Cruz: As armadilhas da fé. São Paulo: Editora Mandarim.

RANKE-HEINEMANN, Uta. 1996. Eunucos pelo Reino de Deus: mulheres, sexualidade e a Igreja Católica. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos.

RUBIN, Gayle. 1993. O tráfico de mulheres: notas sobre a “economia política” do sexo. Pernambuco: SOS Corpo.

RUETHER, Rosemary R. 1983. Sexism and God talk. Londres: SCM.SARANYANA, Josep-Ignasi. 1999.História de la filosofia medieval. 3.ed. Pamplona: EUNSA.

SCHIENBINGER, Londa. 2001. O Feminismo mudou a ciência? Bauru - SP: EDUSC.

SCOTT, Joan W. 1990. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Revista Educação e Realidade, Porto Alegre: UFRGS, v.16. n.2, jul/dez. p.5-22.

SHOWALTER, Elaine. 1994. A crítica feminista no território selvagem. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco. p.23-57.

STOCKER, Monika Maria. 2000. Teresa de Lisieux 1873-1897: A aventura de um grande amor. São Paulo: Musa Editora.

SUA PESQUISA.COM: Portal pesquisas educacionais. Joana D’arc. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/biografias/joana_darc.htm>. Acesso em: 12 de jun. 2010.

Downloads

Edição

Seção

Artigos