O fascismo dependente na conjuntura de 1964 e 2018
“Nova direita” ou nova roupagem da velha extrema-direita brasileira
DOI:
https://doi.org/10.51359/2317-5427.2022.259065Palavras-chave:
Extrema-direita, Fascismo Dependente, Bolsonarização, Brasil.Resumo
Buscando contrapor-se ao conceito de “nova direita”, este trabalho busca analisar as semelhanças ideológicas entre a extrema-direita de 1964 e a de 2018. Reunindo contribuições da sociologia política e da história comparada, defendo a tese de que a extrema-direita protagonista do golpe civil-militar de 1964 e a responsável pela vitória eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018 são, na verdade, representações de um mesmo fenômeno: o fascismo dependente, conceito trabalhado pelos teóricos marxistas da dependência e que tem grande utilidade no entendimento do avanço periódico da extrema-direita na América Latina. Respeitando as pequenas diferenças, por estarem localizadas em conjunturas diferentes, ambas compartilham elementos ou bases ideológicas como: o anticomunismo, as fake news, o discurso de ódio, o alinhamento aos interesses norte-americanos, o conservadorismo religioso; o combate a governos progressistas etc. Ao fim e ao cabo, ambas representam reações autoritárias e à direita ao aguçamento da luta de classes e a incapacidade dos governos reformistas de aprofundarem o processo de superação do subdesenvolvimento.
Referências
ALMEIDA, R. Deus acima de todos. In. Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil hoje. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2019.
BANDEIRA, M. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil 1961-1964. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.
BANDEIRA, M. Brasil-Estados Unidos: a rivalidade emergente (1950-1988). 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
BAMBIRRA, V. O capitalismo dependente latino-americano. 4. ed. Florianópolis: Insular, 2019.
BARROS, J. D. A. História Comparada – da contribuição de Marc Bloch à constituição de um moderno campo historiográfico. História Social, [S.l.], n. 13, p. 7-21, 2007.
BARROS, J. D. A. A revisão bibliográfica – uma dimensão fundamental para o planejamento da pesquisa. Instrumento, v. 11, n. 2, p. 103-111, jul./dez. 2009.
BARROS, J. D. A. História Comparada. Petrópolis: Vozes, 2014.
BOITO JR, A. Por que caracterizar o bolsonarismo como neofascista. Crítica Marxista, n. 50, p. 111-119, 2020.
CARDOSO, A. À beira do abismo: uma sociologia política do bolsonarismo. Rio de Janeiro: Amazon, 2020.
CASTELLS, M. Ruptura: a crise da democracia liberal. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
CHAIM, A. R. M. A Bola e o Chumbo: futebol e política nos anos de chumbo da Ditadura Militar Brasileira. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014.
DELMAZO, C.; VALENTE, J. C. L. Fake news nas redes sociais online: propagação e reações à desinformação em busca de cliques. Media & Jornalismo, [S.l.], v. 18, n. 32, p. 155-169, 2018.
FERNANDES, F. Poder e contrapoder na América Latina. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2015.
GIORDANI, M. C. História da Antiguidade Oriental. Vozes: Petropólis, 1977.
HALL, S. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança social. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
HELAL, R.; GORDON, C. A crise do futebol brasileiro: perspectivas para o século XXI. ECO-PÓS, v. 5, n. 1, p. 37-55, p. 2002.
KONDER, L. Introdução ao fascismo. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2009.
LUCE, M. S. Teoria marxista da dependência: problemas e categorias – uma visão histórica. São Paulo: Expressão Popular, 2018.
MIGUEL, L. F. A reemergência da direita brasileira. In. Solano, Esther. O ódio como política. São Paulo, 2018.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MOTTA, R. P. S. Em guarda contra o "perigo vermelho": o anticomunismo no Brasil (1917-1964). Tese (Doutorado em História Econômica) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.
RODRIGUES, T. M.; BONONE, L.; MIELLI, R. Desinformação e crise da democracia no Brasil: é possível regular as fake news?. Confluência, v. 22, n. 3, p. 30-52, dez. 2020.
SANTOS, T. dos. Socialismo ou fascismo: o novo caráter da dependência. Florianópolis: Insular, 2018.
SOLANO, E. A Bolsonarização do Brasil. Documentos de Trabajo IELAT, Versión Digital, ISSN: 1989‐8819, n. 121, Abril 2019.
WASSERMAN, C. A teoria da dependência: do nacional-desenvolvimentismo ao neoliberalismo. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Itamá Winicius do Nascimento Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado