O delegado de polícia como testemunha: uma análise à luz do conceito de prova

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2448-2307.2022.251025

Palavras-chave:

Delegado de Polícia, Teoria da Prova, Produção Probatória.

Resumo

O presente artigo tem como escopo refletir acerca da possibilidade de a Autoridade Policial figurar como testemunha no processo penal, utilizando como base a Teoria da Prova. Além disso, visa-se entender o papel que o sistema processual adotado pelo Brasil impacta na produção probatória. Para a realização deste trabalho, foi realizada pesquisa bibliográfica em livros, dissertações, revistas acadêmicas e sítios da internet, tanto nacionais quanto internacionais. Além disso, foram consultadas as legislações pátria e estrangeira.

 

Biografia do Autor

Fabianne Manhães Maciel, Universidade Federal Fluminense, Macaé, RJ, Brasil

Professora Adjunta IV com dedicação exclusiva na Universidade Federal Fluminense, lotada no Departamento de Direito de Macaé. Atualmente é presidente do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Direito da UFF em Macaé. Atuou como Coordenadora do Curso de Direito em Macaé da Universidade Federal Fluminense (UFF). Doutora em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (2002). 

Paulo Natanael Vieira Lima, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Especialista em Ciências Penais (2020) e em Direito Digital, Gestão da Inovação e Propriedade Intelectual pela PUC-MG (2021). Pós-graduado em Compliance pelo IBCCRIM-IDPEE (2021). Graduado em Direito pela PUC-MG (2018). Advogado e professor convidado do IEC/PUC-MG (2021).

Referências

AMBOS, Kai. El principio acusatorio y el proceso acusatorio: un intento de comprender su significado actual desde la perspectiva histórica”, In: WINTER, Lorena Bachmaier (Coord.). Proceso Penal y Sistemas Acusatorios. Madrid: Marcial Pons, 2008. p. 71.

BADARÓ, Gustavo. Editorial dossiê “Prova penal: fundamentos epistemológicos e jurídicos". Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 4, n. 1, p. 43-80, 2018.

BADARÓ, Gustavo. Processo Penal. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2012. p. 270.

BATAGLIO, Silvia. “Indizio” e “prova indiziaria” nel processo penale. Rivista italiana di diritto e procedura penale, Milano, 1995. p. 401.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Assembleia Constituinte, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 16 fev. 2021.

BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Rio de Janeiro, RJ: Presidência da República, 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm. Acesso em: 28 fev. 2021.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental no Recurso em Habeas Corpus 117.506/CE. Agravo Regimental no Recurso Ordinário em Habeas Corpus. Homicídio Qualificado. Nulidades. Impedimento da autoridade policial que presidiu o inquérito policial para prestar depoimento como testemunha. Inexistência. [...] Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 10 out. 2019. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 18 out. 2019. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1875375&num_registro=201902631081&data=20191018&formato=PDF. Acesso em: 28 fev. 2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.508/DF. Delação premiada. Acordo. Cláusulas. [...] Min. Marco Aurélio, 20 jun. 2018. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 05 nov. 2019. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15341625422&ext=.pdf. Acesso em: 28 fev. 2021.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Inquérito 4.621/DF. Direito Constitucional e Processual Penal. Indiciamento. Ato privativo da autoridade policial. [...] Min. Roberto Barroso, 23 out. 2018. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 25 out. 2018. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15338903135&ext=.pdf. Acesso em: 28 fev. 2021.

CORDERO, Franco. Guida allá procedura penale. Torino: UTET, 1986. p. 51-52.

CORDERO, Franco. Procedimiento Penal. Santa Fe de Bogotá: Temis, 2000. v. 1. p. 47.

COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Introdução aos Princípios Gerais do Processo Penal Brasileiro. Revista de Estudos Criminais, Porto Alegre, n. 1, p. 26-51, 2001. p. 29.

COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Para passar do sistema inquisitório ao sistema acusatório: jouissance. In: GONZÁLES, Leonel (Org.). Desafiando a inquisição: ideias e propostas para a reforma processual penal no Brasil. Ed.: Santiago: Centro de Estudios de Justicia de las Américas – CEJA, 2017, p. 73-75.

COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório: cada parte no lugar constitucionalmente demarcado. Revista de informação legislativa, Brasília, v. 46, n. 183, p. 103-115, jul./set. 2009. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/194935. Acesso em: 15 mar. 2020.

DAMASKA, Mirjan R. Las caras de la justicia y el poder del Estado: análisis comparada del proceso legal. Santiago: Editorial Juridica de Chile, 2000.

DE JESUS, Arthur Pereira. Do papel do delegado de polícia nas negociações do acordo de colaboração premiada. Revista Caderno Virtual, v. 3, n. 45, 2019. Disponível em: https://portal.idp.emnuvens.com.br/cadernovirtual/article/view/3941. Acesso em: 27 mar. 2021. p. 14.

DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 8 ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Juspodivm, 2020.

DOS REIS, José Maria; REIS, Francis Vanine de Andrade. A teoria da metamorfose do ciclo da prova na construção da decisão judicial: reflexões sobre o instituto da prova nas procedimentalidades do CPC de 1973 e do Projeto do novo Código de Processo Civil. 2013. Disponível em: https://bd.tjmg.jus.br/jspui/handle/tjmg/8440. Acesso em: 15 mar. 2021.

FERREIRA, Sander Silva; Muriel Amaral Jacob. A busca da verdade no processo penal. Revista Liberdades, n. 26, 2018. Disponível em: http://www.revistaliberdades.org.br/site/outrasEdicoes/outrasEdicoesExibir.php?rcon_id=330. Acesso em: 01 abr. 2021.p.165.

FERRER BELTRÁN, Jordi. Prova e verità nel diritto. Bologna: Il Mulino, 2004. p. 69.

FILHO, Gelson Amaro de Souza. A Função do Delegado de Polícia Judiciária na Persecução Penal. Revista Intertem@s, Presidente Prudente, v. 20, n. 20, 2010. Disponível em: http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/Direito/article/view/2705. Acesso em: 21 fev. 2021. p. 7.

GARCIA, Alessandra Dias. O Juiz das Garantias e a Investigação Criminal. 2014. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2137/tde-23092015-092831/publico/ALESSANDRA_DIAS_GARCIA_DISSERTACAO_O_JUIZ_DAS_GARANTIAS.pdf. Acesso em 21 fev. 2021. p. 25.

GLOECKNER, Rircardo Jacobsen. Investigação e processo criminal: a necessidade de fases processuais delimitadas e o direito à devida cognição judicial. Disponível em: https://www.academia.edu/36340598/INVESTIGA%C3%87%C3%83O_E_PROCESSO_CRIMINAL_A_NECESSIDADE_DE_FASES_PROCESSUAIS_DELIMITADAS_E_O_DIREITO_%C3%80_DEVIDA_COGNI%C3%87%C3%83O_JUDICIAL. Acesso em: 23 fev. 2021.

GOMES FILHO, Antonio Magalhães. Direito à prova no processo penal. São Paulo: RT, 1997. p. 93.

GONZÁLEZ LAGIER, Daniel. Quaestio facti: ensayos sobre prueba, causalidade y acción. Mexico D.F.: Fontamara, 2013. p. 11.

HOFFMANN, Henrique. Moderno conceito do inquérito policial. In: FONTES, Eduardo; HOFFMANN, Henrique (Org.). Temas Avançados de Polícia Judiciária. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. p. 29-30.

LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria geral do processo: primeiros estudos. 14. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2018.

LOPES JÚNIOR, Aury. A crise do inquérito polícial: breve análise dos sistemas de investigação preliminar no processo penal. Revista da Ajuris, Porto Alegre, v. 26, 2004. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RDP_04_39.pdf. Acesso em: 27 fev. 2021

LOPES JÚNIOR, Aury. Direito processual penal. 17. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 580.

LOPES JÚNIOR, Aury. Sistemas Processuais Penais: ainda precisamos falar a respeito?. In: GLOECKNER, Ricardo Jacobsen (Org.). Sistemas processuais penais. Florianópolis: Empório do Direito, 2017, v. 1.

LÓPEZ, Mercedes Fernández. La valoración racional de las pruebas declarativas. Jueces para la democracia, La Rioja, n. 64, 2009. p. 98.

MARINHO MARQUES, Leonardo Augusto. Inquisitório versus acusatório: não vamos superar a dualidade sem demarcá-la. In: Boletim IBRASPP, Ano 03, nº 04, 2013. Disponível em: http://www.ibraspp.com.br/wp-content/uploads/2010/08/Boletim-04_IBRASPP.pdf. Acesso em: 12 fev. 2021. p. 16.

MATIDA, Janaina. O valor probatório da palavra do policial. Trincheira Democrática: revista do Instituto Baiano de Direito Processual Penal, ano 3, n. 8, abr./2020. Disponível em: http://www.ibadpp.com.br/novo/wp-content/uploads/2020/04/TRINCHEIRA-ABRIL-WEB-rev.pdf. Acesso em: 28 fev. 2021. p. 50.

MATIDA, Janaina; VIEIRA, Antonio. Para além do BARD: uma crítica à crescente adoção do standard de prova “para além de toda a dúvida razoável” no processo penal brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 156. ano 27. p. 221–248, jun./2019.

MENDES, Carlos Helder Carvalho Furtado; DE OLIVEIRA, Daniel Kessler de Oliveira. A ilicitude probatória resultante da vulneração do devido processo penal e a constante busca pela “eficiência” processual. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, ano 13. v. 20, n. 1, jan./abr. 2019. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/redp/article/view/34424. Acesso em: 03 mar. 2021.

MENDES, Carlos Helder Carvalho Furtado; MELO, Marcos Eugênio. Mentalidade inquisitória e instrumentalidade do processo penal: transição democrática, reformas processuais e permanências autoritárias. Revista Jurídica Eletrônica da UFPI, Teresina, v. 4, n. 01, p. 84-99, jan./jul. 2017.

MOREIRA, Eduardo Ribeiro; CAMARGO, Margarida Lacombe. Sistemas processuais penais à luz da Constituição. Revista de Direito Constitucional e Internacional, São Paulo, v. 97, set./out. 2016. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RDConsInter_n.97.05_1.PDF. Acesso em: 03 mar. 2021. p. 10.

PERAZZONI, Franco. O Delegado de Polícia no Sistema Jurídico Brasileiro: das origens inquisitoriais ao garantismo penal de Ferrajoli. Segurança Pública & Cidadania: revista brasileira de segurança pública e cidadania, v. 4, n. 2, p. 77-110, 2011. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RSPC/article/view/113. Acesso em: 05 mar. 2021. p. 101.

PEREIRA, Eliomar da Silva. A investigação criminal na reforma do processo penal: a divisão intraprocessual de funções como condição de possibilidade da devida investigação. Boletim IBCCRIM, ano 26, n. 312, nov./2018. p. 9.

PEREIRA, Frederico Valdez. Para além do reducionismo acusatório: a inserção do justo processo no estudo dos temas do processo penal. In: Revista dos Tribunais, vol. 964, 2016.

SILVA, Danielle Souza de Andrade e. A situação do juiz no processo penal acusatório: incongruências no sistema brasileiro em decorrência do modelo constitucional de 1988. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2005. p. 149.

TARUFFO, Michele. La semplice verità: il giudice e la costruzione dei fatti. Roma: Editori Laterza, 2009. p. 150.

UBERTIS, Giulio. Diritto alla prova nel processo penale e Corte Europea de Diritto del Uomo. Rivista di Diritto Processuale, Padova, v. 49, n. 2, 1994. p. 491.

UBERTIS, Giulio. Profili di epistemologia giudiziaria. Milano: Giuffrè, 2015. p. 29.

UBERTIS, Giulio. Prove (in generale). In: Digesto delle Discipline Penalistiche. Torino: UTET, 1995. v. 10. p. 297.

WINTER, Lorena Bachmaier. Acusatorio versus Inquisitivo. Reflexões acerca del Proceso Penal. In: WINTER, Lorena Bachmaier (Coord.). Proceso Penal y Sistemas Acusatorios. Madrid: Marcial Pons, 2008. p. 11-48.

Downloads

Publicado

2022-05-06