Diários

Autores/as

  • Walmir Ayala

DOI:

https://doi.org/10.51359/2763-8693.2013.251727

Resumen

O abstracionismo. Antes o pintor se punha no quadro através da realidade exterior,
visível e contemplável. Seu acréscimo a esta realidade era o seu dom. O abstracionismo
procura um movimento quase musical de expressão, despreza o objeto como
mediador, recorre à paixão como orientadora de uma técnica cada vez mais afastada das
coisas que ambientam o homem. O pintor então procura sua essência emocional e um
realismo através dela, que revele um estado de alma como tal, sem as muletas de uma
paisagem, de uma fi sionomia, de uma natureza-morta. Em vez de nos endereçar ao objeto
e, através dele, a uma linguagem criadora oculta sob a composição e armada sobre a
cor, o artista nos entrega diretamente seu gemido, seu apelo, sua angústia e mesmo seu
desejo de ordem, através de volumes que nada guardam do descritivo. Uma atmosfera
é o que resulta disso, e o espectador se vê solicitado por um rumo inteiramente novo de
disponibilidade. Não procura o bonito com que se distrair; quer sentir o bom jacente
sob a harmonia, perceber a afi nação do instrumento e participar da vivência exposta em
termos abstratos. Isto é, vivência pura, radicada no circunstancial mas distanciada dele
enquanto resolução de si mesma.

Cómo citar

Ayala, W. (2013). Diários. Cartema, 2(2), 133–140. https://doi.org/10.51359/2763-8693.2013.251727