Esaú e Jacó e os fins do humano

Autores

  • José Luiz Passos Universidade da Califórnia, Berkeley

Resumo

Uma breve síntese dos romances de Machado de Assis é proposta: eles dramatizam a formação e a deformação da pessoa humana através de narradores e heróis cujas visões do outro e de si estão marcadas pela imaginação estética, pela fantasia introspectiva e pela reminiscência reparadora. O objeto destas obras é a constituição moral do sujeito. O desacordo do autor com a norma corrente do romance brasileiro da época se explicita através de heróis em desacordo consigo ou com o seu tempo. Neste sentido, Esaú e Jacó (1904) é um compêndio de temas e técnicas machadianas. A retrospecção e o narrador impróprio restauram a ironia através da visão resignada do conselheiro Aires. O contraponto entre a extinção do sujeito e a consciência vaidosa expõe explicitamente o desinteresse de Aires no tempo presente. Tal como nos demais romances maduros do autor, a pessoa moral apenas pode restaurar sua unidade através da reminiscência. Uma disjunção temporal, e de gênero, carateriza o modo como estes sujeitos se relacionam e observam a sua própria diluição. A nostalgia resolve a ligação elusiva de Aires com a modernidade.

Biografia do Autor

José Luiz Passos, Universidade da Califórnia, Berkeley

Professor of Luso-Brazilian Literatures and Cultures. He received his Ph.D. in Hispanic Languages and Literatures from UCLA in 1998.

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Como Citar

Passos, J. L. (2004). Esaú e Jacó e os fins do humano. Revista Investigações, 17(1), 43–58. Recuperado de https://periodicos.ufpe.br/revistas/INV/article/view/1422