Conciliação vs radicalização: o SORPE e as demais organizações católicas presentes na zona canavieira de Pernambuco por volta de 1963

Autores/as

  • Samuel Carvalheira de Maupeou

Resumen

Partindo das reflexões e dos conceitos propostos por alguns autores da História Social inglesa e ainda pelos sociólogos Pierre Bourdieu e Norbert Elias, este artigo pretende abordar as principais organizações católicas atuantes no meio rural do estado de Pernambuco por volta do ano de 1963. Isto se deve, em parte, à comemoração dos 50 anos das grandes mobilizações e greves ocorridas neste ano, que resultaram no Acordo do Campo e na definição da Tabela de Tarefas, sob a gestão do governador Miguel Arraes. Por outro lado, deve-se, igualmente, à relevância que assumiu a atuação de algumas organizações católicas presentes no campo no início dos anos 1960. Além dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs) e das Ligas Camponesas, de ação bem mais combativa em favor dos trabalhadores, essas organizações, a exemplo do Movimento de Educação de Base (MEB), da Juventude Agrária Católica/Animação dos Cristãos no Meio Rural (JAC/ACR) e do Serviço de Orientação Rural de Pernambuco (SORPE), também contribuíram fortemente para dinamizar o meio social e político da região. Parte-se, portanto, do pressuposto de que a sua atuação constituiu um dos importantes elementos catalisadores da efervescência social e política presente naquele momento. Seja numa perspectiva mais moderada e até mesmo conservadora, favorável à manutenção da ordem social estabelecida (foi o caso do SORPE), seja numa perspectiva mais voltada para a aceitação da mobilização e da organização coletiva dos trabalhadores (foi o caso da JAC e do MEB), as práticas que desenvolveram e os discursos que produziram não foram, de modo algum, irrelevantes e também influenciaram na projeção dos principais atores sociais (os trabalhadores rurais) na cena política regional.

Publicado

2014-12-01