SHOPPING CENTERS E MANDALAS: Pequeno ensaio sobre o retorno de formas arquetípicas na arquitetura pósmoderna
Parole chiave:
Centros Urbanos, espaços simbólicos, mandalaAbstract
O objetivo do trabalho (ou artigo?) é contribuir para preencher a lacuna referente à análise de dimensões psicológicas e simbólicas no campo dos estudos urbanos e chamar a atenção para as potencialidades teóricoconceituais que a psicologia analítica junguiana oferece ao tratamento daquelas dimensões. A partir de considerações sobre o caráter autoregulador da psique e sobre a mandala, por excelência símbolo da busca inconsciente pela restauração do equilíbrio emocional, tal como é vista na perspectiva da psicologia analítica de C.G.JUNG, o texto avança no tratamento exploratório de duas questões. A primeira questão diz respeito ao reaparecimento de formas e símbolos arquetípicos na arquitetura pósmoderna. Este retorno pode ser interpretado, a partir da matriz junguiana, como produto de uma tendência autoreguladora e compensatória da psique a recriar espaços para a vivência de sentimentos e emoções, em resposta à aridez da arquitetura modernista da razão, que ao expulsar adornos e formas arredondadas, p. ex., provocou um empobrecimento daquelas possibilidades de expressão simbólica. A segunda questão é discutida tendo por base a observação de aspectos da arquitetura de um dos maiores e mais antigos shoppings de Porto Alegre o Shopping Center Praia de Belas, construido em 1990 na zona sul da cidade, de frente para um grande parque à beira do rio Guaíba. Ao explorar três diferentes modalidades sob as quais o símbolo da mandala se faz presente nele, o artigo discute em que medida os shoppings podem constituir um cenário privilegiado para o retorno de símbolos arquetípicos na arquitetura pósmoderna, simultaneamente a seu papel como grandes equipamentos de consumo e lazer. Finalmente, hipóteses e sugestões para futuras investigações são encaminhadas, tematizando especialmente a questão das funções simbólicas do centro urbano e de seu possível deslocamento para o interior dos shopping centers. Questionase a esse respeito em que medida, ao invés de constituírem meros nãolugares da supermodernidade, no sentido de AUGÉ, alguns shoppings poderiam estar se transformando em espaços para a criação de verdadeiros “lugares” para culturas ou subculturas temporal e espacialmente localizadas.
Abstract
This work aims at contributing to filling in the gap of the psychological and symbolic dimensions of the analysis in the fields of urban studies and draw attention to the theoretical and conceptual potentialities that the jungian analytic psychology offers to the approach of those dimensions. From the point of view of the considerations about the selfregulatory character of the psyche and about the mandala, a symbol of the unconscious search of the restauring of emotional balance, as seen in the psychoanalytical perspective of C. G. Jung, the text moves in the direction of the exploratory treatment of two matters. The first one is about the reappearance of archetypical forms and symbols in postmodern architecture. This return may be interpreted, from the jungian matrix on, as a product of a selfregulatory and compensatory tendency of the psyche to recreate areas for the experimenting of feelings and emotions, as an answer to the arid modern architecture of reason, that expelled round forms and details and lead to poor possibilities of symbolic expression. The second matter is about the aspects of architecture of one of the biggest and oldest shopping malls in Porto Alegre – Praia de Belas Shopping Mall, built in 1990 in the south area of the city, facing a great park on the margins of the Guaíba river. By exploring three different ways of using the mandala as a symbol, this article tells us to what extent shopping malls can build a privileged scenarium to the return of archetypical symbols in postmodern architecture, together with its role of gathering great equipments of consumption and leisure. At the end, hypothesis and suggestions for future investigations are presented, giving special attention to the matter of symbolic forms of urban centers and the possible location of these forms inside shopping centres nowadays. To this respect it is questioned to what extent, instead of constituting mere nonplaces of the supermodernity, in the sense of AUGÉ, some shopping malls could be turning into spaces for the creation of real “places” for cultures and subcultures located in time and space.
Key words: Urban centres; symbolic spaces; mandala.
Riferimenti bibliografici
ALEXANDER, Christopher. Tres Aspectos de Matemática Y DISEÑO Y la Estructura Del Médio Ambiente. seg.ed.Barcelona, Tusquets Editores, 1980.
AUGÉ, Marc. Nãolugares; introdução a uma antropología da supermodernidade. Campinas, SP, Papirus, 1994.
BACKHAUS, HansGeorg. “Zur Dialektik der Wertform”. In SCHMIDT. Alfred (org.) Beitraege zur marxistischen Erkenntnistheorie. Frankfurt, Suhrkamp, 1972, pp. 128152.
BARBOSA, Eva Machado.”Novos espaços cultur ais e formação de capital fixo em Porto Alegre; lendo a cidade a partir da crítica à economia política”. IN PANIZZI, Wrana, M.;
ROVATTI, João.F. (Org.) Estudos urbanos: Porto Alegre e seu planejamento. Porto Alegre, Ed. Universidade/UFRGS/ Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1993, pp. 3341.
BATTY, Michael; LONGLEY, Paul. Fractal Cities; a Geometry of Form and Function. London/San Diego, Academic Press, 1994.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 2ª.ed.São Paulo, Perspectiva, 1987.
_____________. O poder simbólico. Rio de Janeir o, Difel/Bertrand Brasil, 1989.
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. São Paulo,Cultrix/Pensamento, 1988.
_____________com Bill Moyers. O poder do mito. São Paulo, Palas Athena, 1990.
COULANGES, Fustel de. La ciudad antigua. Mexico, Editorial Porr uá, 1996.
DURAND, Gilbert. A imainação simbólica. São Paulo, Cultrix/Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
___________.As estruturas antropológicas do imaginário. Lisboa, Editorial Pr esença, 1989.
EDINGER, Edward F. Ego e arquétipo; individuação e função religiosa da psique. São Paulo, Cultrix, 1989.
_____________. O encontro com o self. São Paulo, Cultrix, 1991.
HARVEY, David. Limits to Capital. Oxford, Basil Blackwell, 1982.
_________. A condição pósmoderna; uma pesquisa sobre as origins da mudança cultural. São Paulo, Edições Loyola, 1992.
HILLIER, Bill; HANSON, Julienne. The Social Logic of Space. Cambridge, New York, Cambridge University Press, 1984.
HILLMAN, James. Cidade & alma. São Paulo, Studio Nobel, 1993.
JUNG, Carl Gustav. A natureza da psique. Petrópolis, Vozes, 1986.
________Aion; estudos sobre o simbolismo do simesmo. Petrópolis, Vozes, 1990.
MANDELBROT, Benoit. Objectos fractais. Lisboa, Gradiva, 1991.
MUMFORD, Lewis. A cidade na história; suas origens, transformações e perspectivas. 2ª_ .ed.São Paulo, Martins Fontes, 1982.
PANOFSKY, Erwin. Arquitetura gótica e escolástica; sobre a analogia entre arte, filosofia e teologia na Idade Média. São Paulo, Martins Fontes, 1991.
PELLEGRINI, Luis. Os pés alados de Mercúrio; relatos de viagens à procura do self. São Paulo, Axis Mvndi, 1997.
RYCKWERT, Joseph. The Idea of a Town. The Anthropology of Urban Form in Rome, Italy and the Ancient World. Cambridge/London, The MIT Press, 1995.
SCHAE FER, Neiva O. “Do armazém da esquina ao shopping center: a transformação do consumo em Porto Alegre”. In PANIZZI & ROVATTI, op.cit., 1993, pp.107117
WHITMONT, Edward C. A busca do símbolo; conceitos básicos de Psicologia Analítica. São Paulo, Cultr ix, 1990.
Downloads
Pubblicato
Fascicolo
Sezione
Licenza
A submissão de originais para a Clio Arqueológica implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos da revista Clio Arqueológica sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações mediante citação do nome da Clio Arqueológica como publicação original.
Em virtude do acesso aberto este periódico, permite-se o uso gratuito dos artigos com finalidades educacionais e científicas, desde que citada a fonte conforme as diretrizes da licença Creative Commons.
Autores que submeterem um artigo para publicação na Clio Arqueológica, concordam com os seguintes termos:
a. autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sem pagamento, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
b. autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
c. autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado;
d. as ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões da revista.