A COQUETERIA E A DANÇA COMO ELEMENTOS DE SOCIABILIDADES ENTRE IDOSOS, EM ESPAÇO SOCIAL DAS SERESTAS

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Palavras-chave:

Coqueteria, Canto, Dança, Sociabilidades

Resumo

A coqueteria e a dança são manifestações sócioafetivas tão antigas quanto a história da civilização. Como forma de jogo do erotismo e, um dos elementos da sociabilidade, a coqueteria ocorre de forma leve, lúdica e ampla em espaços de lazer. A coqueteria, na visão simmeliana, é concebida como uma forma de relação intersubjetiva permeada pela paixão, pelo mistério e pelos pressupostos do amor. Nesse jogo, a coquete tem como comportamento característico despertar o desejo através de um jogo de antítese/síntese, insinuação e recusa. A possibilidade do ter e do não ter, como paradoxo, estão presentes, quando não na vida real, pelo menos na forma lúdica. Outro elemento importante no coquetismo é o andar “coleante”, traduzido no requebrado, no andar balanceado, o “bambolear das ancas” numa alternância contínua de mostra e ocultação, sem, contudo, chegar a uma decisão definitiva. A próxima etapa acontece quando ela toma forma adequada de sociabilidade. Ou seja, no momento em que o homem se livra da conotação erótica que, a priori, o jogo sinalizara. O papel do homem ultrapassa o papel de mero objeto para entrar no jogo. Ou seja, ao afastar-se do âmbito do desejo erótico, o jogo da sedução transforma-se em jogo da interação; um encanto pelo percurso, pelo meio; onde, o gracejo e a ironia deambulam no contexto encantador da sociabilidade. É a forma mais pura do coquetismo, a qual envolve uma atividade sem fim. Num estágio último, a coquete, ainda retém, nesse balanço de dar-se e de revelar-se um último sinal de mistério. O homem está consciente, nesse momento, da promessa inicial que pode ou não ser cumprida (talvez sim, talvez não) pela coquete, mas também se compraz apenas com a arte ou jogo da qual se deleita ao fazer parte. Quando a coqueteria ou coquetismo se manifesta no transcorrer do canto, dramatizado pela dança, pode apresentar-se mais frenético e insinuante, dependendo do contexto. O espaço social do Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, comporta ambientes sociais que possibilitam diversas formas de sociabilidades. Uma delas são as serestas que envolvem a música, o canto e a dança. Parte de um estudo mais amplo e utilizando como procedimentos de pesquisa a observação participante e o registro de sons e imagens, este trabalho, apresenta e descreve, numa perspectiva simmeliana, a coqueteria e a dança como elementos de sociabilidade entre idosos, em espaço social das serestas, no Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro.

Biografia do Autor

Gabriel Antonio Ogaya Joerke, Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ/UCAM)

Licenciado em Pedagogia (UCDB/MS), Mestre em Educação (UFMT), Especialista em Filosofia (PUC/SP), Doutorando em Sociologia (IUPERJ/UCAM). Professor e coordenador do Curso de Ciências da Natureza, no IFMT, Campus São Vicente.

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Publicado

2019-09-23