A mão dupla da rua: a ambivalência da “nova resistência” ou elementos para uma outra gramática da mobilização

Autores

  • Francisco Sá Barreto Universidade Federal de Pernambuco
  • Júlia Figueiredo Benzaquen Universidade Federal Rural de Pernambuco

Palavras-chave:

novos movimentos sociais, democracia e contemporaneidade, teorias pós-coloniais

Resumo

As leituras sobre os levantes de junho no Brasil têm sido muito diversas e ainda pouco conciliadoras. Por certo, o cenário em questão acompanha um sem número de eventos, movimentos ou novos programas políticos que têm funcionado como renovados objetos para uma ciência social que pretende acompanhá-los a partir de uma reforma de seu próprio programa de fazer científico. Este trabalho procura refletir a respeito do conjunto de levantes no mês de junho de 2013, no Brasil, tomando um vocabulário dos estudos pós-coloniais como referência. A discussão que segue está organizada a partir de dois eixos fundamentais, os quais são: a) uma experiência contemporânea da rua: uma geopolítica dos movimentos sociais e pensar em termos de (r)existências; e b) elementos para um estudo do “Jano brasileiro”: entre o pertencimento nacional como disciplina e o desafio de novas formas de associação. A partir de tais eixos, pretendemos investigar uma gramática dos levantes de junho e uma potência montada a partir de tais eventos para analisarmos, de um lado, as atualizações das lógicas de disciplinamento do social e, de outro lado, a exaustão de um programa de diferença social que sustenta uma estrutura liberal do projeto moderno de democracia.

Biografia do Autor

Francisco Sá Barreto, Universidade Federal de Pernambuco

Professor Adjunto I do Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco, Doutor em Sociologia pelo PPGS-UFPB.

Júlia Figueiredo Benzaquen, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Professora Adjunta I do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Doutora em Sociologia no Programa de Pós-colonialismos e cidadania global do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. 2009. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos.

ÁGUAS, Carla Ladeira Pimentel. 2008. Revoltas escravas como movimento social – Trabalho de conclusão do seminário: Conhecimentos, Sustentabilidade e Justiça Cognitiva no âmbito do Programa de Doutoramento em Pós-Colonialismos e Cidadania Global da Universidade de Coimbra – CES/FEUC.

BHABHA, Homi K. 1994. The Location of Culture. London and New York: Routledge.

CECEÑA, Ana Esther. 2005. “Movimiento mundial de rebeldías” in Jorge Cadena Roa, Márgara Millán e Patricia Salcido (coordinadores), Nación y movimiento en América Latina. Primera edición, 2005. p. 84 – 94.

DUSSEL, Enrique. 2001. “Eurocentrismo y modernidad (Introducción a las lecturas de Frankfurt)” in Walter Mignolo (org.), Capitalismo y geopolítica del conocimiento: El eurocentrismo y la filosofía de la liberación en el debate intelectual contemporáneo. Buenos Aires: Ediciones del signo. p. 57-70.

FANON, Frantz. 2008. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador: EDUFBA.

FLÓREZ, Juliana. 2007. “Lectura no eurocéntrica de los movimientos sociales latinoamericanos. Las claves analíticas del proyecto modernidad/colonialidad”, In El giro decolonial: refl exiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global / compiladores Santiago Castro-Gómez y Ramón Grosfoguel. – Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontifi cia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, p. 243 – 266.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. 2006. Império. Rio de Janeiro: Record, 2006.

LACLAU, E.; MOUFFE, C. 1985. Hegemonía y estrategia socialista: hacia una radicalización de la democracia. Madrid: Siglo XXI.

MAFFESOLI, Michel. 2006. O tempo das tribos – o declínio do individualismo. Rio de Janeiro: Forense.

QUIJANO, Aníbal. 2002. Coloniality of power, Eurocentrism and Latin Amarica. Neplanta: Views from South, 1 (3), 533-580.

SAID, Edward. 2007. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras.

SANTOS, Boaventura de Sousa. 2002. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. Porto: Afrontamento.

SANTOS, Boaventura de Sousa. 2005. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 10ª ed., São Paulo: Cortez.

SANTOS, Boaventura de Sousa. 2006. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez.

SANTOS, Boaventura de Sousa. 2007. Para além do Pensamento Abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes, Revista Crítica de Ciências Sociais, 78. In http://www.ces.uc.pt/bss/documentos/Para_alem_do_pensamento_abissal_RCCS78.PDF – acedido em outubro de 2009.

SANTOS, Boaventura de Sousa. 2010. La refundación del estado em américa latina. perspectivas desde uma epistemología del sur. Lima, Julio de 2010. Instituto Internacional de Derecho y Sociedad. Progam Democracia e transformación global. Red latinoamericana de Antropología Jurídica (RELAJU).

SARLO, Beatriz. 2005. Tempo Presente: notas sobre a mudança de uma cultura. Rio de Janeiro: José Olympo.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. 2010. Pode o subalterno falar?. Belo Horizonte: Ed. UFMG.

TOURAINE, Alain. 1998. “Os movimentos sociais”, in Alain Touraine, Iguais e diferentes : poderemos viver juntos ? Lisboa: Instituto Piaget, 127-172.

ŽIŽEK, Slavoj et al. 2005. Žižek crítico: política e psicanálise na era do multiculturalismo. São Paulo: Hacker editores.

ŽIŽEK, Slavoj. 2003. Bem-vindo ao deserto do real!: cinco ensaios sobre o 11 de setembro e datas relacionadas. São Paulo: Boitempo.

Downloads